Sociedade

Morador de Aljezur conta história na revista Cristina

 
Dário desfruta de uma fama “que não estava à espera. Na feira de Tavira fui cumprimentado por mais de trezentas pessoas!”

 
Um homem de 40 anos foi convidado por Cristina Ferreira para contar como sobrevive diariamente sem saber ler e escrever.
 
A apresentadora confessou a sua curiosidade em falar com este homem de 40 anos, pai de três filhos e residente em Aljezur que nunca passou pelos estudos e que acaba por encontrar “a sua própria forma de lidar com as situações, mesmo com as mais delicadas como não poder tirar a carta de condução ou não saber escrever no Facebook.”
 
Dário foi convidado para uma entrevista na revista Cristina e diz-se muito feliz com a aceitação dos algarvios face à sua história de vida, mas também emocionado com as propostas que tem recebido para estudar e combater essa limitação.
 
Aos quarenta anos, Dário diz que as principais dificuldades que sente no dia-a-dia “são ultrapassadas com a ajuda dos amigos e dos filhos, sobretudo o mais velho que já me ajuda a descodificar as mensagens, mas como mora longe, na maior parte das vezes, tenho de pedir a amigos e vizinhos para ler as cartas.”
 
O telefone não constitui um problema porque “fixo os números por ordem. Quando tenho duas pessoas com o mesmo nome, identifico-as com números em vez de letras.”
 
Nos levantamentos bancários por Multibanco, “fixei os locais onde preciso de carregar e, com o dinheiro não tenho problema. As contas? Faço-as pelos dedos e consigo contar à minha maneira!”
 
Bem disposto, Dário diz que as maiores dificuldades são em manter um emprego sem saber ler e escrever, por isso, “faço biscates. Vou à pesca e no defeso, como é a altura agora, faço uns trabalhos de pedreiro. Trabalho sobretudo com estrangeiros e entendemo-nos por gestos.”
 
Dário não se mostra nem infeliz, nem sente necessidade de iniciar agora o processo de alfabetização, já que, “aprendi a desenrascar-me à minha maneira, por isso não estou preocupado em saber mais…”
 
Cristina Ferreira adianta ter escolhido este homem como exemplo de vida quando se associa a iliteracia a pessoas mais velhas e que à sua maneira foram aprendendo a solucionar os problemas. Ao mesmo tempo, a apresentadora da TVI realçou a forma interessante como Dário “dá a volta às situações e não cruza os braços às dificuldades.”