Comportamentos

Não aceite qualquer imagem que façam a seu respeito!

 
Todos temos o direito de proteger a nossa imagem, aquilo que somos e aquilo que queremos mostrar aos demais, mas muitas vezes, convivemos com pessoas que nos querem “fazer acreditar” que somos aquilo que não queremos, seja pelo seu interesse pessoal, seja pela sua cultura, grau de escolarização ou valores de referência. Cabe a cada um de nós impedir que tal aconteça, pelo menos na nossa presença!

 
Como é que podemos fazer isso? Sendo firmes e convictos da nossa condição, sabendo exatamente o nosso valor, pois muito mais importante do que alguém nos dizer que somos bonitos ou feitos, nós é que temos de nos aceitar tal como somos e gostar de nós mesmos e, isso é um processo gradual.
 
Costumo dizer que, se cada pessoa fizer a sua própria avaliação, não precisa de estar dependente da impressão que os outros têm a seu respeito. Para isso, temos de parar um pouco diariamente, observar-nos, cuidar de nós com carinho e assumir as nossas qualidades e imperfeições, afinal ninguém é perfeito. Somos todos diferentes uns dos outros e, tanto temos de respeitar os demais como temos de nos respeitar a nós próprios e fazer valer os nossos direitos.
 
É verdade que aprendemos muito com os outros e que, grande parte do que somos resulta precisamente desse nosso trabalho de avaliação pessoal em função do que aprendemos com os demais, mas isso não quer dizer que tenhamos de aceitar tudo, muito menos que não tenhamos a nossa própria impressão acerca de nós mesmos. Ouvimos o que os outros dizem, mas a última palavra será sempre a nossa. Cada um de nós é que tem de saber se uma determinada definição que façam a nosso respeito se encaixa ou não na realidade. No fundo, temos de ouvir o que os outros dizem e formar a nossa própria opinião, não permitir ou aceitar facilmente aquilo que nos atribuem sem saber.
 
Muitas pessoas, pelo seu passado, gostam de minimizar os outros para tirarem partido disso e, acima de tudo, para se sentirem superiores. Em função disso, acabam por atribuir características de que não gostam em si mesmas àqueles com quem convivem. Essa forma de descarte acaba por baralhar quem não é muito seguro de si. Há pessoas que chegam a um ponto de não se conseguirem identificar consigo mesmas porque vivem em função da opinião que os outros têm a seu respeito.
 
Defendo as relações horizontais, ou seja, em pé de igualdade. Damos respeito em troca dele, afeto e atenção em troca deles, amor partilhado e daí por diante. Se repararmos, isso não é assim tão difícil, é como que um tango dançado entre duas pessoas que se encaixam e estimulam enquanto se respeitam mutuamente.
 
Esta forma mais equilibrada de ter as relações, ajuda-nos a proteger por exemplo dos manipuladores e outras pessoas mal intencionadas. Os manipuladores gostam de elogiar facilmente os outros para tirarem partido deles. Devemos proteger-nos, mesmo que, por vezes nos possa ser agradável ser reconhecido por alguém, mas mais cedo ou mais tarde, as consequências serão muito destrutivas. O ideal é que sejamos capazes de ouvir os outros, mas reservar sempre a nossa margem de conforto e de autoconfiança. Isso só se consegue cultivando a autoimagem, a consciência de nós próprios e o encontro pessoal diário. Também podemos sempre optar por novos modelos de relação, nomeadamente de forma menos intimista, que não permita que os outros invadam o nosso território pessoal. 
 
Criar uma barreira protetora ajuda-nos muito a conviver de forma mais formal e a quebrar esse abuso de confiança. Por exemplo, não faz sentido que, depois de os filhos serem adultos, os pais os continuem a tratar como crianças. Nesse sentido, os filhos têm de se proteger impedindo essa falta de respeito. O mesmo se passa nas relações interpessoais; não se pode permitir que os outros nos venham dizer tudo aquilo que pensam a nosso respeito e da pior forma. Lidar uns com os outros requer limites e boa educação. Que sentido faz duas pessoas se encontrarem na rua e dizerem: “estás mais magra?” ou comentar isto ou aquilo.
 
Temos de ter mais educação para convivermos melhor uns com os outros. Um simples “Como está?” ajuda e facilita muito uma aproximação educada entre duas pessoas. O mesmo se passa num grupo de amigos, há limites para a relação que todos têm de estabelecer para que a mesma perdure e, naturalmente que isso evita os “rótulos” que se colocam aos outros. Não aceite esses rótulos, assuma as suas características e viva com quem as respeita. Faça o mesmo aos outros, pois o exemplo é fundamental e, pense que ninguém nasce ensinado. Estamos sempre a aprender novas formas de nos melhorarmos. Se já cometeu algum destes erros no passado, está sempre a tempo de deixar de os cometer. Aprender é aquilo que nos mantém vivos, interessados e ativos e, goste de se apreciar como uma pessoa que está sempre a evoluir e a exigir mais de si mesma e dos outros!
 
Fátima Fernandes