Comportamentos

Não perca a sua felicidade à espera que alguém mude

 
Muitas pessoas casam-se sem visualizar minimamente como serão as suas vidas após a oficialização do matrimónio, sem que ponderem até que ponto aquilo em que divergem no namoro se manterá, ou até se possa acentuar depois desse ato.

 
A crença de que ele ou ela possa mudar depois do casamento é, na posição dos especialistas nesta área «uma estupidez», uma vez que, nenhuma pessoa muda para agradar a outra. Pode fazê-lo durante um determinado tempo para conseguir o que pretende, mas não passará de uma encenação.
 
Para não ter de esperar que alguém mude, o ideal é namorar, é encontrar os pontos em comum e conhecer muito bem as divergências. O namoro é a melhor fase da relação para que ambos se conheçam e percebam até que ponto estão dispostos a aceitar os pontos de conflito, a conversar sobre eles e a respeitarem-se mutuamente.
 
Muitas mulheres querem tanto ter um companheiro para mostrar às amigas, à sociedade e, em muitos casos para saírem da casa dos pais que, acabam por aceitar um casamento  «a qualquer preço», tolerando muitas vezes agressões de vária ordem e suportando todo o tipo de humilhações e desvalorizações.
 
É nesse ambiente que crescem muitas das nossas crianças que, nada tendo a ver com os sonhos da mãe e, ainda menos com a «vida-pesadelo» do pai, acabam por construir um percurso de vida infeliz e muito afastado do que seria desejável para um novo ser que chega ao mundo e, aos poucos, os números vão dando razão aos especialistas matrimoniais que, em muitos casos, só lhes resta aconselhar o afastamento total destes parceiros, uma vez que, «já não há nada a fazer pela relação».
 
Homens e mulheres têm de assumir-se tal como são e aceitar ou não o projeto de vida que o outro tem para partilhar. Se um homem privilegia mais a sua relação com os pais do que o seu casamento, está no seu direito, a esposa é que não tem de ficar à espera que ele olhe para ela e que a ame e respeite.
 
Se a mulher coloca a sua relação com as amigas acima do casamento, está no seu direito, mas o marido é que não tem de ficar à espera que ela se desiluda com as amigas e, ‘um dia quem sabe’, ser capaz de o respeitar enquanto companheiro. As pessoas adaptam-se mutuamente, conversam sobre os seus projetos de vida, encontram afinidades e divergências, definem um plano conjunto que deve incluir e respeitar os interesses dos dois. É por isso que é difícil e demorada a construção de uma relação amorosa, é porque exige muito dos seus parceiros, é porque é uma decisão importante, é porque requer autoconhecimento e capacidade de olhar o outro tal como ele é. O tempo e o ritmo das decisões é marcado pelo casal, pelo que a sociedade deve ter menos interferência nessa realidade, no entanto, cada um deve ser capaz de aceitar e respeitar o outro como ser humano e como companheiro/a, quando tal não acontece, é melhor colocar um ponto final antes ou depois do casamento.
 
Não é vergonha alguma um homem ou uma mulher estar sozinho porque se separou, porque quer mais para a sua vida e quer tentar a sua felicidade com outra pessoa. Não sabemos tudo e, muitas vezes as circunstâncias em que nos casamos não ajudam a que tenhamos mais conhecimento de nós próprios e do outro, não faz é qualquer sentido tolerar uma relação à espera que o outro mude, que olhe para si, que pense na relação e que trate com dignidade a pessoa que está ao seu lado, pois isso deve ser um requisito conquistado no namoro. Nos primeiros encontros é possível saber se aquela pessoa nos vai respeitar. Os pequenos gestos, as palavras que se trocam, evidenciam desde muito cedo como será aquela pessoa numa situação mais íntima, pelo que, ou nos agrada e continuamos, ou olhamos frontalmente para nós e para ela e ficamos por aí.
 
As pessoas dão-nos sinais de interesse em pequenos gestos como o estar a trocar mensagens quando está connosco, estar ligado ao “chat” quando éramos para estar só os dois, andar sempre á procura de outras pessoas para companhia, trocar a nossa conversa por um jogo de futebol e daí por diante. Devemos estar atentos a esses pormenores que vão ganhando expressão e abalando a relação, enquanto destroem a nossa autoestima, pois é muito complexa a capacidade de tolerar estes gestos de desprezo e desinteresse permanentes e decidir se queremos manter uma relação com uma pessoa que deveria estar interessada em nos conhecer melhor, em desfrutar da nossa companhia e em querer partilhar bons momentos em conjunto.
 
Vamos ‘deixando passar’ muitas situações pelo medo de perdermos uma pessoa que nunca tivemos realmente ao nosso lado e acumulando frustrações até não poder mais. Naturalmente que, após um primeiro namoro falhado, já teremos mais capacidade de identificar aquilo que nos incomoda e estarmos mais despertos e atentos para futuras relações. Até por isso, faz bem conhecer várias pessoas, fazer amizades e ponderar uma aproximação mais íntima com quem reúne mais requisitos compatíveis connosco.
 
É importante realçar que, o namoro é a fase em que as pessoas melhor se conhecem porque estão uma com a outra em liberdade, mostram-se tal como são, dizem o que pensam e expressam os seus planos de vida. Ao não conseguirmos esse entendimento nessa fase, dificilmente o encontraremos depois. Esperar que o outro mude não é de forma alguma uma decisão. Quando alguém não gosta de algo em si, conversa com a pessoa que ama e, em conjunto, procuram encontrar alternativas e novos pontos de convergência. Também é honesto assumir que não se consegue alterar algo ou que se precisa de ajuda para encontrar uma nova forma de encarar a mesma realidade, depois de a assumirmos e de querermos experimentar algo novo. Não nos esqueçamos de que alguém só muda algo quando toma consciência de que aquilo lhe é prejudicial, mas muitas vezes não basta querer, é preciso insistir e mudar o ambiente em seu redor. Não é por acaso que, quando se casam, os parceiros procuram construir o seu ambiente familiar, o que seria muito difícil na casa dos pais de parte a parte.
 
Depois, há parceiros que são muito influenciáveis e cheios de ‘frases feitas’ para tudo. Não querem ir ao cinema porque ouviram dizer que os casais não conversam, não querem ir a um Bar porque estão outras pessoas, não querem estar a sós para não se darem a conhecer, o que também são motivos de alerta. Alguém que, no namoro coloca problemas em tudo, será certamente uma pessoa que depois de casada deixará pouca liberdade para a pessoa que está ao seu lado. Um filho que está sempre ligado à mãe em solteiro terá mais dificuldades em estar disponível para a companheira depois de casado, pelo que a mulher deverá estar atenta e procurar perceber se está disposta a aceitar essa constante ‘divisão’ de atenção. É preciso não esquecer que os filhos têm de se autonomizar e seguir as suas vidas com os seus companheiros. Isso é um ato de responsabilidade. Na idade adulta, os filhos visitam os pais, apresentam a pessoa com quem vivem e, aos poucos, constroem um novo formato de relação. Isto é normal, isto faz parte do desenvolvimento e da responsabilidade de um adulto. Se não é capaz de o fazer, ou procura ajuda técnica e, em conjunto com a parceria amorosa constrói o seu caminho ou, se não mostra esse interesse, certamente que isso será uma regra para a relação mesmo depois de casado.
 
Homens e mulheres têm de assumir as suas responsabilidade de adultos e perceber que, partilhar a sua vida com outra pessoa não é uma brincadeira de crianças e que, tal como devem ser respeitados pelo marido ou mulher, têm igualmente de dar esse respeito ao outro.
  
Segundo Luiza Fletcher,  é importante ter em conta os seguintes aspetos quando se pensa na vida a dois:
 
Se uma pessoa não lhe dá valor e não o trata com o amor e cuidado que você merece, não espere por ela, não espere que ela mude porque isso não acontecerá.
 
Não espere por ele(a) para ser feliz. Não espere até que finalmente ele(a) o(a) procure para mostrar interesse na sua companhia. Não perca noites de sono à espera de mensagens que não chegam e nem dê desculpas para o seu comportamento frio e distante.
 
A atenção que ele(a) lhe dá é um reflexo do quanto você se importa consigo, e  deve aprender a não se dedicar a alguém que não retribui o seu cuidado. Não coloque a sua vida em espera por ninguém, e nem permita que o seu valor seja definido por outra pessoa. Você é incrível e merece ser feliz independentemente de quem estiver ao seu lado.
 
Redefina as suas prioridades e trabalhe todos os dias para a sua própria felicidade, aqueles que o amam estarão ao seu lado.
 
Fátima Fernandes