Sociedade

O dinheiro não traz felicidade?

 
É comum afirmar-se que o dinheiro não traz felicidade, mas todos o querem ter e precisam dele para viver!

 
A questão é que, de acordo com alguns trabalhos de investigação, a ideia que se tem construído de que o dinheiro e o consumo são fontes de prazer, bem-estar e felicidade, parece estar muito distante da realidade.
 
Muitos entendidos são unânimes em comparar os ricos aos psicopatas, na medida em que existem traços comuns que os aproximam e, ao mesmo tempo, os afastam da felicidade. 
 
No entanto, continua a ser visível a imagem de que, ter dinheiro e poder, é conseguir comprar o mundo.
 
Para que se compreenda mais acerca do assunto, vale a pena reler as posições de Paul Babiak e Robert Hare, autores do livro "Snakes in Suits" (Serpentes de Fato), que afirmam existir uma relação entre a psicopatia, que se caracteriza por uma falta de consciência, e as pessoas que atingem o sucesso ou a riqueza.
 
De acordo com os mesmos cientistas, citados pela revista Forbes, “a incidência de psicopatas nos cargos de CEO, por exemplo, é quatro vezes mais alta do que na população em geral”, isto devido à facilidade com que se abstraem dos sentimentos e colocam o trabalho e a racionalidade ao serviço do lucro. 
 
No livro "The Psychopath Test" (O Teste do Psicopata), o jornalista Jon Ronson clarifica, "Basicamente, quando falamos com eles [psicopatas] são diferentes dos seres humanos. Faltam-lhes coisas que fazem de nós humanos: empatia, remorso, bondade". Neste sentido, torna-se impossível desfrutar das sensações quando se tem dinheiro e poder. 
 
A tal ganância e ânsia por chegar ao poder vai deixando para trás um conjunto de requisitos humanos que “prejudicam” os objetivos delineados.
 
Há mesmo quem afirme que, só chega ao poder com muito dinheiro e sucesso quem já reúne essas particularidades na sua personalidade.
 
Para que não haja dúvidas e fazendo ao mesmo tempo, um convite à reflexão, “O Business Insider” organizou os sete traços de personalidade que ricos e psicopatas têm em comum: 
 
1 - Falta de empatia: Os psicopatas são incapazes de sentir empatia, entender os sentimentos e experiências dos outros. É natural que se centrem nas relações sociais na procura de um benefício. 
 
2 - Egoísmo: Sejam ricos ou psicopatas ambos tendem a falar muito bem de si mesmos, gostam de se exacerbar a si próprios e não têm espaço para os outros.
 
3 - Charme superficial: Um estudo analisou a personalidade de 39 líderes de negócios britânicos e comparou os resultados com os de criminosos condenados. Os resultados foram semelhantes em alguns dos indicadores de psicopatia e os executivos até tiveram pontuações mais altas em capacidades que as empresas valorizam mas que são comuns aos psicopatas: lisonjeiros e manipuladores, disposição para explorar os outros e falta de consciência.
 
4 - Falta de Remorsos: Os psicopatas são, normalmente, muito charmosos e carismáticos, mas mostram pouco remorso quando as suas ações prejudicam os outros e tendem mesmo a encontrar alguém que carregue com as culpas.
 
O jornalista Ron Johnson aponta o antigo CEO da marca de automóveis britânica Sunbeam como um exemplo destas características. Al Dunlap, que conquistou um lugar do Top 10 da Time para os "piores patrões", era conhecido pelos seus despedimentos e reestruturações agressivas.
 
5 - Egoísmo: Faz sentido que as pessoas ricas sejam mais generosas, mas um estudo recente mostrou o contrário: São as pessoas mais pobres que fazem as maiores doações para a caridade, relata o The Economist. Nas classes mais baixas o sentimento de responsabilidade é maior, concluíram as experiências que se seguiram.
 
6 - Comportamento anti-ético: Pessoas de classe alta são mais propensas a ter comportamentos pouco éticos do que pessoas de classes mais baixas. As pessoas mais ricas tendem a cometer infrações no trânsito, a roubar, mentir durante uma negociação ou a praticar e aprovar comportamentos anti-éticos no trabalho.
 
7 - Tendência para o tédio: Os psicopatas gostam de viver em constante perigo e emoção. Muitos deles cometem crimes ou magoam os outros apenas como forma de satisfação pessoal. "Basicamente, os psicopatas podem ser patrões brilhantes mas apenas a curto prazo", comentou ainda o jornalista, nas declarações à Forbes.
 
Partindo deste pressuposto de que, a riqueza e a procura dela acarretam um conjunto de limitações humanas, vale a pena pensar até que ponto o sucesso e a fortuna constituem um emblema de vida.
 
Esta reflexão poderá modificar muitas mentalidades e permitir inclusive que, mais crianças possam desfrutar de pais presentes e amigos, pois efetivamente o dinheiro não paga a maior parte da liberdade humana a que se tem direito!
 
Fátima Fernandes