Curiosidades

O luto para quem sai de uma relação tóxica é mais difícil. Sabe porquê?

 
A separação é sempre dolorosa em qualquer circunstância, mas para quem sai de uma relação tóxica é mais difícil, sobretudo por se tratar de um relacionamento que não é saudável desde o seu início.

Depois, é preciso reter que, quem entra numa relação tóxica e a mantém durante algum tempo, já apresenta características que o levam a estabelecer vínculos com pessoas doentias, seja pelo medo de ficar só, seja pela submissão a que está habituado, seja pela sua fraca autoestima e autoconfiança,. Deste modo, a relação não é saudável desde a sua base, pelo que, naturalmente não terá também um termino fácil.
 
Resumindo uma publicação da revista A Mente é Maravilhosa, percebe-se que, no caso das relações tóxicas é o fim das expetativas que está em causa. A relação era negativa e destrutiva, mas a pessoa acreditava que a poderia alterar e até ser recompensada de alguma forma pelo seu esforço e sentido de sacrifício. É nesse sentido que a dor aumenta quando se coloca um ponto final num determinado percurso, especialmente se for duradouro.
 
Depois, também é preciso ter em conta que, quem entra numa relação tóxica tem antecedentes que o/a levaram para esse caminho e, por norma, são pessoas que têm medo do abandono e da solidão, razão pela qual sentem muita resistência em terminar um relacionamento destrutivo, pois apesar de se sentirem mal, pensam que é melhor estar nessa relação do que ficar sozinho/a.
 
Contrariamente ao que se possa pensar, nem só de casais se pode falar quando se aborda o problema das relações tóxicas, pois as mesmas podem ser de amizade e até familiares. Neste sentido, seja o fim de uma amizade ou de um casamento tóxico, seja a morte de alguém com quem se tinha algum tipo de ligação, a dor é muito grande e difícil de tratar, no entanto, a pessoa precisa de acreditar que «vai conseguir dar a volta» se for capaz de trabalhar essas emoções, é a convicção dos especialistas desta revista.
 
Nunca é demais recordar que, quando se fala de uma relação tóxica é porque a mesma era baseada em algum tipo de abuso, de pressão, de submissão, de exercício de autoridade, violência de qualquer tipo e daí por diante. É por isso que se fala numa relação doentia, pois afasta-se do que é normal e aceitável para um qualquer relacionamento entre humanos. Neste sentido, pode parecer ilógico que seja mais difícil «deixar ir» as pessoas que nos magoaram do que aquelas que nos deram o seu amor. Tal acontece porque quem enfrenta a perda de um relacionamento tóxico muitas vezes é mal compreendido e julgado pelos que o rodeiam e ainda mais pela pessoa com quem mantinha a relação doentia. Para entender como isso funciona, a mesma revista adianta que, é necessário concentrar a nossa atenção em alguns fatores importantes tais como: a personalidade, a autoestima, a autoconfiança e a paz interior.
 
Relativamente à personalidade, as pessoas que estabelecem relacionamentos tóxicos e permanecem no tempo, «têm certos problemas emocionais que precisam trabalhar». É comum que esses indivíduos tenham muito medo da rejeição e do abandono, que sejam inseguros, indecisos e sujeitos à dependência emocional, razão pela qual alimentam esse tipo de relação tóxica pelo medo de ficarem sozinhos e, mesmo que não seja de uma forma saudável, a relação tapa essas feridas do passado e acaba por permitir que a pessoa dependente receba a energia do outro.
 
Quando o relacionamento termina, a pessoa é obrigada a enfrentar o seu próprio mundo interior e a voltar toda a atenção para si mesma. É nesse momento que, os medos e as feridas emocionais ressurgem com maior força, tornando a situação emocionalmente insuportável. A mesma revista reforça que, no luto, cada um de nós é o seu principal suporte. Se estivermos feridos na base, não poderemos apoiar-nos de forma adequada.
 
No que se refere à autoestima, A Mente é Maravilhosa adianta que, esta é um dos aspectos mais afetados quando alguém se envolve num vínculo tóxico. Esse tipo de relacionamento em que a pessoa experimenta tanto sofrimento vai minando a autoconfiança. Numa relação tóxica, a pessoa diminui o seu valor pessoal, acabando por se sentir fraca, insegura, inadequada e incapaz de seguir em frente com o seu propósito de vida e com dificuldades em vislumbrar o futuro sem essa relação de dependência que mantinha com o outro.
 
A mesma revista sublinha que, é o amor próprio que nos ajuda a proteger e a seguir a nossa vida afastados desses abusos, daí ser tão importante trabalhar esta área após a separação e lembrar que é preferível estar só do que mal acompanhado/a. Com amor próprio o indivíduo recupera a sua força interior e não aceita qualquer tipo de relação abusiva, por isso, pode demorar mais tempo a sarar a ferida, mas esta é a base para se libertar de uma relação tóxica.
 
A Mente é Maravilhosa evidencia ainda a paz interior, uma vez que, quando mantemos um relacionamento saudável, geralmente não há assuntos pendentes. Cada um cumpriu o seu papel, oferecendo carinho, segurança e compreensão ao outro. Dessa forma, quando os caminhos se separam, é mais fácil fechar o ciclo priorizando as boas lembranças e os bons sentimentos.
 
Pelo contrário, no luto dos relacionamentos tóxicos, emoções como raiva, ressentimento ou deceção tendem a enraizar-se. No fundo, existe a ideia de que todo o esforço feito e todo o sofrimento suportado devem ser recompensados. Assim, espera-se que a outra parte mude em algum momento e nos retribua por toda a entrega. «Quando o relacionamento termina, essa esperança é perdida e surge a raiva», explica a mesma revista.
 
Além disso, durante o luto podem aparecer pensamentos disfuncionais. Podemos fazer diversas perguntas a nós mesmos no sentido de tentar perceber porque razão o outro nunca nos amou, se teremos sido incompetentes na relação  e ainda questionar-nos se poderíamos ter feito  melhor para que a relação resultasse.
 
Essa ruminação mental intensifica o desconforto e dificulta a capacidade de enfrentar a realidade de uma forma mais lúcida e eficaz.
 
Como boa notícia, A Mente é Maravilhosa adianta que, apesar de ser dolorosa, não é impossível ultrapassar a separação dos relacionamentos tóxicos.
 
O luto será carregado com o mesmo sofrimento e desespero que caracterizou a união do casal, pelo que, para seguir em frente, será necessário um profundo trabalho pessoal que permita restabelecer os pilares do amor próprio e da confiança, «essenciais para curar e não repetir padrões», sublinha a mesma revista.
 
Para além desse trabalho pessoal, um profissional de psicologia pode dar uma ajuda preciosa no tratamento, pois com um trabalho emocional bem elaborado, será muito mais fácil ultrapassar esta «tempestade». A pessoa precisa de acreditar mais em si mesma, nas suas capacidades e na possibilidade de refazer a sua vida numa caminho saudável e inspirador e, tudo isso é possível ao fim de algum tempo, com esse esforço e empenho pessoais.
 
Fátima Fernandes