Sociedade

O ódio acorrenta-nos

 
O ódio é um sentimento que tem tanto de negativo como de destrutivo, no entanto, nem sempre é possível evitá-lo.

Podemos odiar alguém que nos tratou muito mal, que nos fez algo de muito violento e daí por diante, mas, na posição dos especialistas, só começamos a viver realmente, quando somos capazes de nos libertar desse ódio.
 
É comum que pensemos que o ódio é o oposto do amor, razão pela qual, quando termina uma relação, é comum que passemos imediatamente para o ódio.
 
Ainda assim, é importante reter que, isso é um erro que nos acorrenta ao outro por muito mais tempo do que gostaríamos. É muito mais fácil deixar ir e libertarmo-nos de todos e quaisquer sentimentos do que alimentarmos o ódio, alertam os entendidos nesta matéria.
 
É um facto que, cada um de nós reage de forma distinta a uma traição, a uma má palavra ou atitude, pelo que temos de aceitar que, para muitos é natural sentir ódio pelo outro. Até certo ponto, essa negatividade dá-nos força para nos libertarmos da situação e construirmos algo novo, mas, quando o ódio é arrastado no tempo, retira-nos qualidade de vida e liberdade, afirmam os mesmos entendidos.
 
Tenha em mente que, o ódio é uma emoção muito intensa que, na maioria das vezes, é causada apenas por um tipo de estímulo muito especial. Odiamos quando nos sentimos atacados, agredidos, violados: quando alguém nos fere a integridade física ou psicológica.
 
Em última análise, para que odiemos alguém, é preciso que essa pessoa esteja numa posição privilegiada na nossa vida, pois são os laços emocionais muito fortes que dão lugar a um sentimento tão negativo e destrutivo quando nos desiludimos.
 
Assim, podemos detestar aquele pai que deveria proteger-nos e abusou de nós, aquela mãe que nos batia violentamente e nos dizia coisas horríveis,  aquele professor que nos deveria ensinar, mas que nos diminuiu a autoestima, ou aquele parceiro que prometeu cuidar de nós e abandonou-nos.
 
Na realidade, o ódio nada mais é do que uma condenação. Quando alguém nos prejudica, colocamo-nos na posição de juízes e sentenciamos o outro pelos seus erros. Acreditamos que ele merece uma punição e desejamos aplicá-la e, como muitas vezes não temos poder sobre a outra pessoa, o único recurso que temos é odiá-la.
 
Como já referimos acima, «odiar alguém é mantermo-nos ligados a essa pessoa, no entanto, é humano que sinta emoções muito negativas em relação ao outro, o importante é que tenha também em mente que, quanto mais tempo ficar preso a essa situação, maior será o seu sofrimento», alertam os mesmos entendidos.
 
«Guardar rancor é como segurar uma brasa em chamas e esperar que a outra pessoa se queime», por isso, é absolutamente verdade afirmar que, quem sente rancor é que sofre, pois está sempre acorrentado ao outro, sempre a recordar-se do que ele lhe fez, sempre com essa mágoa dentro de si que o impede de viver.
 
É amplamente verdade que, as situações não são todas iguais, tal como as pessoas reagem de formas distintas, ainda assim, é fundamental fazer um esforço para se libertar desse peso. Na posição dos especialistas, o primeiro e essencial passo é aceitar o que aconteceu. A pessoa precisa de deixar de resistir,  de deixar de pensar obsessivamente que as coisas tinham que ser diferentes porque o passado já não pode ser mudado. «Aceite-o como parte da sua história para poder seguir em frente». De seguida, ressignifique a sua experiência. Este termo refere-se à habilidade que os seres humanos possuem de interpretar o mesmo evento de maneiras diferentes. Em vez de se focar na dor e na injustiça que sofreu, a pessoa deve encontrar-se nas aprendizagens que colheu com a situação e assumir que, aquela experiência a enriqueceu e tornou-a mais forte e mais madura.
 
Por último, perdoe. Este passo é o mais complicado de dar porque podemos sentir, ao fazê-lo, que estamos a libertar toda e qualquer culpa do outro que tanto nos magoou, no entanto, ao perdoar, libertamo-nos do fardo de continuar a sentir ódio. Anote que, o perdão não é esquecer o passado, é evitar que ele continue a infetar-nos a ferida emocional.
 
Se o leitor colocar numa balança os benefícios e os prejuízos de alimentar o ódio, vai perceber que, efetivamente não vale a pena carregar algo de tão negativo e limitativo, pois esse ódio que carregamos vai projetar-se em tudo o que fazemos e prejudicar as relações que estabelecemos com os outros.
 
Um homem ou uma mulher que sinta ódio pelo ex parceiro, certamente que não será um bom pai ou uma boa mãe para os filhos. É caso para perguntar, “vale a pena seguir por esse caminho?” Não será mais fácil e libertador seguir em frente, ser livre e feliz e desapegar-se do ex deixando-o também seguir o seu curso de vida?
 
Há um tempo para odiar e um tempo para voltar a organizar-se e a libertar-se dessa negatividade. Se não conseguir fazer este processo sozinho, peça ajuda especializada, mas permita-se viver mais livre e feliz, sugerem os mesmos entendidos.
 
Fátima Fernandes