Sociedade

O que é que nos falta para sermos mais alegres?

 
Dentro de nós, todos sabemos que nascemos para ser felizes, que estamos “equipados” para dar resposta aos nossos problemas e desafios e que precisamos somente de reservar um tempo diário para “nos ouvirmos” e para encontrarmos as melhores estratégias para nos posicionarmos no mundo.

Muitas pessoas “vivem ao contrário”, entendem que a vida se processa de fora para dentro, acreditam que têm de corresponder ao que os outros esperam de si e acabam por alimentar um conjunto de medos. Chega a um ponto em que já sentem medo das coisas mais simples, sentem medo de ser felizes, de se sentirem livres por não saberem que utilidade dar a essas sensações.
 
É verdade que crescemos marcados pelo medo e com imposições de vária ordem que nos afastam dessa nossa realidade interior. É como se nascessemos “sem saber nada” e a precisarmos de aprender tudo do exterior. Isso faz com que nos afastemos da nossa realidade interior e que tenhamos mais dificuldade em saber lidar com o que sentimos. Na realidade, temos tudo dentro de nós e, só precisamos que os outros nos estimulem para que nos conheçamos e despertemos para essa tomada de consciência de quem somos.
 
Precisamos de nos relacionarmos com os outros, mas em liberdade, harmonia e felicidade. Não precisamos que nos “obriguem” ou que nos façam sentir “obrigados” a fazer o que quer que seja.
 
Todos sabemos que temos um conjunto de regras para cumprir e que, quando não o fazemos, existe uma autoridade que nos pune e que nos chama a atenção para isso, logo não temos de andar com medo, mas sim atentos ao nosso mundo.
 
Foram muitas as crenças que nos foram transmitidas nesse sentido, a ponto de quase não sabermos pensar ou viver de outra forma que não “orientados” para essa obrigação de cumprir o que a sociedade nos exigia. A maioria dessas crenças nada tem a ver com as regras, mas sim com os medos que se acumularam durante gerações e que nos são transmitidos como “verdades”.
 
Naturalmente que só passávamos o nosso tempo a imitar e a pensar muito pouco se aquilo se ajustava a nós. Quantas pessoas têm dedicado ou desperdiçado emoções a tentar cumprir aquilo que lhes foi dado como correto? Certamente que muitas, mas são também imensas aquelas que perceberam que a felicidade reside dentro de nós e que aquilo que sentimos é alimentado por aquilo que procuramos no exterior. Um bom exemplo disso é a sensação de fome ou o desejo de nos deliciarmos com um bolo…Vem do exterior a compensação de que precisamos naquele momento para nos satisfazermos.
 
Um bom carro pode fazer com que algumas pessoas se sintam felizes e passar completamente ao lado de outras. Não temos de fazer todos as mesmas coisas; somos únicos e especiais.
 
O mesmo se passa com as demais áreas de vida. Há pessoas muito bem sucedidas na sua profissão e outras que as imitaram e que não conseguem essa realização. Isto acontece porque somos todos diferentes, temos sensações distintas e o que faz bem a uma pessoa não tem necessariamente que fazer o mesmo a outra.
 
Ao mesmo tempo, temos de construir as nossas oportunidades e sentir o que realmente queremos e onde podemos ser melhores. A forma como cada pessoa encontra a sua felicidade é única e especial. Se pensarmos assim, nem perdemos um minuto da nossa vida a invejar outra pessoa.
 
Temos de nos dar “ao trabalho” e empenho de perceber o que realmente temos dentro de nós e que precisa de ser descoberto, para poder ser alimentado e nos dar essa sensação de felicidade.
 
É daí que resultam a alegria e os momentos de bem-estar. Dessa sensação de que estamos em harmonia com o que sentimos, com o que pensamos, com o que dá sentido à nossa vida.
 
Há pessoas que se sentem muito bem no meio da multidão, enquanto que outras são muito felizes num pequeno grupo de amigos ou em família. Há outras que gostam de estar em contacto com a natureza e são muito felizes assim, tudo depende daquilo que temos dentro de nós e que precisa de ser descoberto e alimentado.
 
A profissão faz-nos falta para garantir o sustento, mas certamente que não temos de ser escravos do trabalho para sermos felizes. Temos de nos dividir em várias áreas de vida e assumir que precisamos muito de estar com quem amamos, de dar mais tempo e atenção aos nossos filhos e às pessoas que nos permitem sentir bem pela partilha positiva que se estabelece.
 
A felicidade e a alegria residem nas coisas mais simples; nessa coragem para assumirmos que somos pessoas, que temos sentimentos e que precisamos de alimentar as nossas emoções para nos sentirmos mais confiantes, com menos medos, com mais assertividade e segurança. É desse bem-estar interior que resulta a harmonia e a paz em termos sociais porque quando estamos bem, vamos para o grupo com esse bem-estar, apreciamos as coisas, valorizamos as pessoas e as situações. É isso que nos torna humanos e que nos permite sermos felizes.
 
Comece já hoje a ouvir o que o seu “eu” lhe diz e… deixe-se levar por essa forma de estar na vida, sem medo dos outros e, com coragem para se assumir tal como é.
 
Não se preocupe com o que os outros pensam a seu respeito. Cumpra as leis, faça o seu melhor diariamente e… siga o que sente!
 
Fátima Fernandes