Comportamentos

O que é um trauma e como ultrapassá-lo?

 
De um modo geral e, atendendo aos especialistas na matéria, um trauma psicológico surge quando a pessoa passa por uma situação muito desagradável, de degradação moral ou uma experiência negativa, cujas lembranças se transformam em angústia e dor.

Mesmo com o passar do tempo, as sensações experimentadas ficam retidas na mente e, diante de um qualquer sinal que se relacione com esse evento traumático, a pessoa revive a angústia e o sofrimento, como se aquilo estivesse novamente a acontecer.
 
De um modo mais específico, a Oficina da Psicologia explica que, um trauma «é a manutenção de uma resposta constante de alerta, de hipervigilância e hiperativação sem um perigo iminente que a justifique».
 
Essa resposta pode traduzir-se em tensão muscular acumulada, insónias, pesadelos,  flashbacks (que são memórias visuais  intrusivas ligadas ao acontecimento traumático e que se repetem involuntariamente), desregulação emocional (onde podem aparecer estados de ansiedade, estados de pânico, crises de choro, tremores, desligamento da realidade, entre outros, completa a mesma fonte.
 
Segundo a Oficina da Psicologia, um trauma «é como as réplicas de um sismo». Quando se dá um sismo, sobretudo na zona do epicentro, a terra treme, por vezes, com bastante intensidade e violência. Depois deste primeiro tremor, seguem-se outros tremores de menor intensidade,  as chamadas réplicas.
 
Passando o exemplo para o nosso organismo, os mesmos especialistas da Oficina da Psicologia clarificam que, o nosso corpo pode tremer perante uma qualquer situação vivida como intensa do ponto de vista emocional e que, essa situação poderá ser sentida como agradável ou assustadora.
 
Quando o nosso organismo vivencia uma situação como assustadora, sente-se em perigo e a emoção do medo assume um dos primeiros planos, pelo que se pode dizer que, muitas vezes trememos de medo.
 
Para que se compreenda melhor como este processo funciona, os mesmos especialistas adiantam que, se o organismo é exposto a uma situação de perigo, é ativado um conjunto complexo de reações  psicofisiológicas que pretendem dar resposta a tal situação. Na prática, o nosso corpo tem de encontrar com rapidez, uma solução para sair da situação de perigo. Nessa altura é ativado um sistema de alerta, sublinhou a mesma fonte.
 
Ainda na mesma explicação, a Oficina da Psicologia adianta que, no nosso cérebro existe uma pequena estrutura em forma de amêndoa, que se designa por  ‘Amígdala’ que está fortemente relacionada com a emoção de medo. Se nos sentimos em perigo, a Amígdala fica hiperativada, bem como o nosso hemisfério direito, o que está mais relacionado com as emoções.
 
Também o nosso sistema nervoso autónomo entra em funcionamento e é dado um comando para que o sistema simpático entre em ação.
 
As pupilas dilatam-se para que entre mais luz e possamos apreender tudo o que está a acontecer no nosso campo de visão, a boca fica seca, os músculos faciais tensos, o coração bate depressa, a respiração fica ofegante, o sistema digestivo deixa de funcionar. Todo o corpo prepara-se para uma reação de emergência, pelo que ficamos hiperativados.
 
Neste sentido, o trauma acontece «quando o organismo continua hiperativado, depois do fim da exposição a uma situação vivenciada como de perigo», clarificou a mesma oficina. É como se as réplicas do sismo permanecessem.
 
Na mesma publicação, os mesmos especialistas resumem que, quando falamos de trauma podemos estar a falar de uma situação isolada, como um ato de  violação ou um acidente de viação ou uma situação continuada e, aí falamos de um trauma complexo, como serve de exemplo viver toda a infância com uma mãe hostil e agressiva, registou a mesma fonte.
 
Para ultrapassar uma situação traumática, é recomendado o apoio psicológico, sendo que, um psicoterapeuta é o profissional mais adequado para proceder a uma qualquer intervenção. Mediante a gravidade do problema assim será o tempo de duração do tratamento e as técnicas utilizadas pelo profissional. Em alguns casos, a terapia pode ser associada à medicação prescrita por um psiquiatra, pelo que, só a análise de cada caso em particular pode orientar o decurso do tratamento.
 
Se sente algo semelhante ao descrito neste apontamento, não hesite em pedir ajuda profissional.
 
Fátima Fernandes