Comportamentos

O que fazer perante pessoas que não agradecem ou demonstram ingratidão?

 
Em primeiro lugar, devemos pensar muito bem se vale a pena alimentar um tipo de relação com uma pessoa que descura os nossos esforços e que não reconhece que, o que fazemos é para tornar a sua vida mais fácil.

 
Depois, podemos sempre procurar saber a razão pela qual a pessoa é assim, pois pode estar a passar por uma fase de vida mais delicada ou ser mesmo uma característica pessoal. Perante essa conclusão, tomamos a nossa decisão e seguimos em frente.
 
Sabendo que, “A gratidão é a memória do coração”(in Lao-tsé), todos nós queremos que nos agradeçam e reconheçam aquilo que fazemos e, sofremos quando tal não acontece. Mas na realidade, há muitas pessoas ingratas nos mais variados grupos em que participamos e devemos assumir isso claramente, pois só assim nos poderemos proteger.
 
Fomos um pouco mais longe sobre esta questão e procuramos descobrir o que se esconde por detrás da ingratidão e, percebemos que, tal como há pessoas que não agradecem, há outras que nos incomodam com o facto de estarem sempre a agradecer por tudo e por nada, pelo que, o ideal seria que conseguíssemos perceber onde está o equilíbrio! Devemos agradecer aquilo que realmente tem valor e é muito importante para nós, mesmo que possa parecer insignificante para outra pessoa e ser moderados na forma como agradecemos trivialidades, pois caso contrário acabamos por cair no ridículo e por retirar o verdadeiro significado do que é importante. Esta é uma dica essencial para melhorar as relações humanas e para validar o que fazemos e o que os outros nos fazem.
 
Para o psicólogo e investigador Pinhas Berger, consideram-se como ingratas aquelas pessoas que são incapazes de pronunciar a palavra “obrigado” e, ao mesmo tempo, são alguém que está a perder capacidades e habilidades sociais.
 
Quem não agradece (por não querer ou não saber como) acaba por invalidar os esforços e gestos positivos dos outros. E algo assim cria um impacto, sublinha o mesmo especialista acrescentando que, aos poucos, essas pessoas acabam por colher desconfiança e hostilidade por parte dos demais.
 
Com base nos resultados de um estudo realizado por Pinhas Berger, existe a possibilidade de reverter este tipo de comportamento. Na realidade, estes perfis apresentam múltiplas carências que podem ser tratadas, tanto emocionais quanto sociais. Entretanto, é preciso saber a origem dessas dinâmicas. Para o investigador, considera-se a ingratidão “estado” e a ingratidão “característica” sendo que, no primeiro caso, pode traduzir-se num momento de vida mais delicado que pode levar a pessoa a estar mais distante daquilo que os outros lhe proporcionam. Quando à ingratidão característica, faz referência a um comportamento estável no tempo, ou seja, a pessoa é mesmo assim seja por falta de educação e de preparação para lidar com os outros, seja porque não desenvolveu essas competências de amabilidade social.
 
Se a ingratidão estado pode ser revertida após o tratamento das condições psicológicas que lhe estão associadas, a característica implica uma tomada de consciência dessa necessidade de cordialidade com os outros, sustenta o mesmo autor.
 
Berger sublinha ainda que, estas pessoas, muitas vezes têm noção de que deveriam ser mais amáveis com os outros e que se deveriam esforçar por retribuir aquilo que recebem, mas o medo de se afastarem da sua essência e de promover uma verdadeira mudança pessoal pode fazê-las recuar.
 
Para além de faltar educação, faltam também habilidades sociais. Outros aspetos a serem considerados são: não saber comunicar, ser incapaz de se esforçar em praticar a cordialidade, bem como não expressar um mínimo de reciprocidade ou apresentarem falta de empatia.
 
Muitas das pessoas que não agradecem não o fazem simplesmente porque não veem nem apreciam os gestos amáveis. «As suas lentes são muito escuras, o seu coração é frio e o seu cérebro é muito débil em Inteligência Emocional, sublinha Berger. Assim, estas pessoas não são capazes de ver por exemplo, que nos esforçamos diariamente para tornar as suas vidas mais fáceis, o quanto gostamos de agradar e de colher um gesto de reconhecimento.
 
Este tipo de personalidade ignora tudo o que fazemos porque simplesmente considera que essa é a nossa obrigação e o que esperam de nós e da relação que estabelecemos. Nesta dimensão, torna-se muito difícil mudar este tipo de pessoas, pois está-lhes enraizado o modelo de se considerarem acima dos demais. O mesmo investigador alerta que, este tipo de comportamento se torna crónico, sendo de perceber apenas uma profunda falta de empatia e uma enorme frieza nos seus gestos, nas mais variadas situações e com as pessoas com quem convivem. A tendência será para aumentar essa sua característica e para que se torne cada vez mais exigente e hostil.
 
Para Pinhas Berger, sem um tratamento adequado, estas pessoas podem chegar mesmo à agressão para obterem o que pretendem, no entanto, é preciso ter em conta que, uma pessoa não muda de um momento para o outro e, nem todas obtêm sucesso no processo, pelo que devemos dosear as nossas expetativas e lidar, o mais possível com a realidade que temos à nossa frente. Podemos sempre desistir de tentar ajudar um ingrato, tal como podemos tentar encaminhá-lo para uma terapia, mas não será garantido o sucesso.
 
Para finalizar, nunca é demais lembrar que nos faz muito bem agradecer os gestos dos outros e que é muito importante essa relação de empatia que se consegue estabelecer com algumas pessoas, por isso, é com base nesses exemplos positivos que somos capazes de duas coisas, ou de nos afastarmos dos ingratos, ou de ganharmos força para lidar com eles a partir dos reforços positivos que colhemos. A cada pessoa cabe a decisão.
 
Fátima Fernandes