Comportamentos

O que nos leva a repetir os mesmos erros?

 
Certamente que nos damos conta das vezes em que fazemos esta pergunta a nós próprios, sobretudo quando repetimos várias vezes algo de que não gostamos. Mas afinal, porque aceitamos reproduzir o mesmo erro quando o deveríamos corrigir?

Somos educados com um conjunto de crenças e por valores que nem sempre se conseguem aplicar no nosso dia-a-dia, razão pela qual vamos aceitando essas orientações como que uma predestinação, algo de que não podemos fugir. Arrastam-se problemas para os quais não se encontram soluções se não mudarmos a forma de agir e de pensar e, naturalmente que nos deparamos com a frustração de estar sempre em circuito fechado por não termos coragem para abdicar de algo em prol de uma mudança.
 
Todos sabemos que uma mudança necessita de uma base e que só alteramos alguma coisa na nossa vida quando sentimos que podemos conquistar algo melhor. Nesse sentido, torna-se mais difícil ir ao fundo das causas dos nossos problemas quando temos sobre eles o medo de contrariar as crenças que herdamos.
 
Basicamente se eu acreditar que um casamento é para toda a vida, tenho vários problemas por resolver. Um começa pela ideia de que está certo o meu percurso com aquela pessoa, então não tenho de me esforçar por manter a relação viva e interessante. Outra questão passa por ter de tolerar tudo o que se passa na vida quotidiana porque “é o meu destino”, aquilo que aceitei quando assumi o compromisso do casamento. Só aqui temos dois problemas por resolver que se fundem numa só resolução, pensar que o casamento dura até que as duas pessoas sejam felizes e tenham um projeto de vida em conjunto. Claro que a falta de segurança que esta alternativa acarreta faz com que muitas pessoas tolerem tudo sem nada modificarem nas suas vidas, mas se ponderarem na instabilidade que dá quando se pensa que o outro elemento da parceria amorosa se pode cansar da situação, ficamos em pé de igualdade. A solução reside em fazer planos em conjunto, procurar alimentar diariamente a relação e dar compreensão em troca dela. Duas pessoas que são felizes em conjunto, fazem planos a dois e conseguem manter um casamento estável e sadio.
 
O mesmo se passa nas demais áreas de vida. Se eu trabalhar por dinheiro e também por prazer, vou dar diariamente o meu melhor e mais dificilmente perco o emprego. Se por qualquer razão tiver de mudar, sei que sou competente ao ponto de poder aceitar um novo desafio. Se eu acreditar nas minhas capacidades, vivo muito menos medos e sou muito mais corajosa e a vida corre-me melhor porque a encaro de forma mais positiva.
 
Partindo desta base, não tenho de me sujeitar a repetir os mesmos erros porque sei que não terei qualquer compensação desse esforço. A vida não se compadece comigo por eu ser uma mártir, mas sim recompensa-me se eu estiver no sítio certo e com as pessoas certas e, isso eu consigo quando estou bem, quando estou feliz, quando sou uma pessoa resolvida, quando tenho boas relações com quem me trata bem. Acredito, tal como Joe Vitale, que colhemos aquilo que plantamos. Se eu plantar boas sementes, terei sempre mais possibilidades de colher bons frutos, logo não tenho de me sujeitar àquilo em que não acredito, ao que não vai ao encontro dos meus valores só para responder às crenças que herdei do passado.
 
Ainda citando Joe Vitale e os seus apontamentos no livro Fator Atração, estou certa de que, com menos medo, cometemos menos erros, uma vez que, a crença positiva de que o Universo nos manda tudo aquilo de que precisamos, nos desperta para sermos melhores pessoas, melhores profissionais, mais otimistas e logo, mais capazes de estabelecermos melhores relações com os outros. O segredo é resolver os problemas antes de partir para outra situação, é tomar consciência do que pretendo antes de arriscar algo novo, já que esta atitude ponderada nos prepara para os novos desafios, nos encoraja e motiva para começarmos algo novo sem os erros e os pesos do passado.
 
Depois, se o Universo me dá tudo aquilo que planto, então devo plantar coisas boas, sob pena de colher só negatividade! É verdade que a vida tem altos e baixos e que ninguém consegue estar sempre em alta, mas o inverso também é muito difícil de suportar. Imagine o que é arrastar o mesmo sofrimento anos a fio só por não ter coragem de mudar alguma coisa… É impensável não é? Então mais vale alargar horizontes e, sempre que identificamos um erro, procurar pensar nele de forma mais cuidadosa e perceber o que se pode modificar para a próxima vez. Se quero atrair mais sorte, não posso andar rodeada de situações negativas, por exemplo. Então tenho a obrigação de me esforçar por compreender o que me causa mau-estar e que pode ser alterado.
 
O leitor pode sempre experimentar algo novo com pequenas coisas. Tentar fazer uma boa ação, não esperar nada em troca, mas saber aquilo que gostaria de colher com o seu gesto. Imagine que devolve uma carteira perdida que encontrou na rua. Pode muito bem receber um sorriso, um caloroso obrigado de quem ficou muito satisfeito com essa sua ação. Na melhor das hipóteses pode até receber uma recompensa, não interessa. O que importa é que plantou uma boa ação e que se está a sentir muito bem com isso. Esse pode ser o primeiro passo para a sua mudança: encarar os outros de uma forma mais positiva, pensar no bem que fez àquela pessoa que perdeu os seus documentos e que será muito bom se alguém lhe fizer o mesmo. Depois de praticar a sua primeira boa ação, vai ver como se sente melhor, mais disponível e a mudar algo dentro de si. 
 
Talvez no passado tivesse dado um pontapé na carteira ou não lhe tivesse dado importância… Mudar não custa assim tanto, basta que façamos algo diferente daquilo a que estamos habituados. Só o facto de sentir uma nova emoção, já é o primeiro passo para modificar a sua forma de pensar em si mesmo, nos outros e na vida. Com isso, estará pronto para começar a mudar o que quiser e a dizer a si mesmo que não quer repetir os mesmos erros porque já aprendeu o suficiente com eles. Uma boa ação para si mesmo atrás de outra boa ação, dará o mesmo prazer que sentiu ao entregar a carteira a quem a perdeu. Com isso, estará a gostar mais de si e a querer o melhor que puder para a sua vida também. Isso já é uma mudança de mentalidade e um ponto a favor de quem não quer cometer os mesmos erros. Certamente que não pensava assim no passado; está mais aberto e disponível neste momento. Aceite somente aquilo que acha que merece dos outros. O resto, alguém há-de receber se assim o entender.
 
Fátima Fernandes