Família

O que nunca se deve fazer a um filho

Foto|Freepik
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Na maioria das vezes por desconhecimento ou por influência do passado, muitos pais assumem comportamentos negativos em relação aos filhos.

Partindo da base de que os mais novos se desenvolvem sob influência do exemplo, dos conselhos, palavras e atitudes dos pais, faz todo o sentido reformular a postura parental para que os filhos cresçam com uma melhor autoestima, confiança, segurança e felicidade. Assim, os especialistas deixam 10 orientações do que nunca se deve fazer a uma criança ou jovem:
 
1-  Rotulá-lo
 
Muitas vezes, as expressões parecem inofensivas, mas na prática revelam-se muito destrutivas para os mais novos. Assim, não use rótulos para se dirigir ao seu filho. Não o chame de “pestinha”, “chato”, não lhe diga que ele é mau, pouco inteligente e daí por diante, pois para além de isso o afetar negativamente, estará a dar-lhe liberdade para que seja exatamente aquilo que os pais lhe chamam.
 
2. Dizer tudo que sim
 
É comum que muitos pais digam tudo que sim aos filhos para evitar conflitos, para não os magoarem e, de certa forma, para não imitarem o que os seus pais também lhes fizeram, mas isso não é correto. A vida tem muito mais obstáculos e dificuldades do que certezas, pelo que é essencial ensinar aos nossos filhos a importância do “não” e, ainda mais, explicar-lhes a razão pela qual o utilizamos naquele momento. É ainda fundamental conversar com os mais novos precisamente para lhes dar exemplos de como o “não” faz parte da vida e deve ser respeitado, até para que eles saibam que nem tudo é como eles querem, pensam ou desejam.
 
3. Pedir-lhes opinião sobre tudo
 
É evidente que se torna importante dialogar com os mais novos e negociar, mas também é crucial que crianças e jovens entendam que, por exemplo, as regras não são negociáveis, tal como as obrigações. A criança não decide se quer ir à escola ou fazer os trabalhos de casa, mas pode opinar sobre a ida a uma festa de aniversário, onde quer ir dar um passeio e daí por diante. Não se esqueça de ser uma referência de autoridade para os seus filhos e de os  recordar das regras e da importância da disciplina sempre que necessário, já que isso os torna mais confiantes, organizados e de bem com a vida.
 
4. Mandá-lo parar de chorar
 
É recorrente que, quando a criança chora, de imediato, os pais a tentem calar sobretudo porque as lágrimas os incomodam, mas é fundamental que os mais novos libertem as emoções e que, inclusive, possam dizer aos pais o que se passa. Para isso é preciso tempo e disponibilidade para conversar, para confortar e, claro, para a deixar chorar à vontade, pois só assim aprenderá a não reprimir as emoções.
 
5. Enganá-lo
 
É frequente, sobretudo em situações dolorosas como levar uma vacina ou fazer um qualquer procedimento médico que os pais digam que não vai doer. Esta não é a melhor postura a adotar, uma vez que, vai doer e a criança vai deixar de acreditar nos pais. Diga-lhe sim que ele vai sentir alguma dor, mas que os pais estão ali para o apoiar. Reforce a importância do tratamento, uma vez que isso vai funcionar como um tranquilizante e diga-lhe também que será um procedimento rápido, mesmo para que não o magoe muito. Com estas palavras de conforto, a criança vai sentir-se mais aliviada e preparada para a situação e para cenários menos agradáveis com que vai contactar pela vida fora.
 
6. Dizer palavrões
 
Há pais que têm o hábito de dizer palavrões e que os utilizam também para se referir aos filhos. Na posição dos especialistas, esta atitude deve ser evitada, sobretudo porque os mais novos a vão reproduzir e, ao mesmo tempo, crescer com a sensação de que não têm qualquer valor, já que os pais lhes chamam muitos nomes agressivos e ofensivos.
 
7- Rir dos erros dos filhos
 
Muitos pais, até em jeito de brincadeira, têm por hábito gozar com os erros dos filhos, seja na realização das tarefas escolares, seja no desenvolvimento de uma qualquer atividade em que ainda não está muito apta. Rir de uma falha implica não ensinar a criança a fazer melhor, dá azo a que olhe para os pais de forma negativa e que pouco aprenda com o erro. Pelo contrário, motive-a a corrigir, mostre-lhe que o erro faz parte da aprendizagem, que todos erramos, mas que podemos estar sempre a melhorar o nosso desempenho. Registe que, rir de uma falha de um filho é o mesmo que dizer-lhe que ele não tem valor, o que acaba por desencorajá-lo.
 
8- Mentir
 
Todos os comportamentos dos pais são aprendidos pelos filhos e servem de espelho. Por mais difícil que possa ser a verdade, tente sempre ser honesto. A mentira é um hábito que se aprende no dia a dia e no desenvolvimento da relação, pelo que, ensinar um filho a mentir é o mesmo que construir um adulto desonesto e que naturalmente irá mentir também aos pais.
 
9- Desvalorizar os medos do filho
 
Quando a criança acorda assustada a meio da noite, é comum que os pais a mandem de volta para a cama e que desvalorizem o pesadelo e aquilo que o filho está a sentir, mas esta é uma atitude incorreta e que não o prepara nem para a vida, nem para uma relação de confiança com os pais. Ouça o seu filho, deixe-o desabafar o que está a sentir e, quando estiver mais tranquilo, será o momento de o encaminhar para a cama, recomendam os entendidos.
 
10- Dizer que se vai embora
 
Esta é também uma estratégia de muitos pais, mas nada recomendada pelos especialistas. Muitos adultos dizem aos filhos que se vão embora, que os vão deixar ficar ali sozinhos, caso eles não cumpram com o que lhe pedem. Anote que, todas e quaisquer ameaças e chantagens não contribuem para um desenvolvimento saudável e equilibrado. Para que os nossos filhos se desenvolvam de uma forma consciente, madura e responsável, é fundamental que os pais forneçam esses exemplos e que apliquem um modelo de educação positivo, ou seja, envolver a criança no seu próprio processo, explicar-lhe a realidade e as consequências dos seus atos para evitar que os repita e, acima de tudo, que demonstre muito amor, afeto, capacidade de diálogo e compreensão.
 
Nunca ninguém disse que é fácil educar um filho, mas o desafio é tão ou mais acessível a quem está disposto a aprender, a evoluir e a crescer com ele! Faça a sua parte e assegure-se de que dá o seu melhor diariamente.
 
Fátima Fernandes