Família

O que os filhos mais detestam nos pais tóxicos

 
Muitos pais não compreendem a razão pela qual não conseguem dar-se bem com os filhos e acabam por desencadear um conjunto de conflitos que, em muitos casos, ainda promovem mais o afastamento.

Na posição dos especialistas, a educação tem mudado muito nos últimos anos, tal como o conhecimento acerca da mente e do comportamento humano, por essa razão, é hoje possível identificar muitos desses problemas que residem tanto nos pais como nos filhos.
 
Com o intuito de melhor esclarecer os pais acerca dos seus comportamentos e de lhes mostrar que não podem dizer tudo o que pensam, muito menos transferir as suas frustrações para os filhos só pur estes lhes serem próximos, apresentamos o que os filhos mais detestam nos pais tóxicos.
 
Antes de mais, recordamos que não existem pessoas tóxicas, mas sim comportamentos tóxicos. Estes pais são assim considerados devido às suas atitudes para com os seus descendentes.
 
Susan Forward,  psicóloga norte-americana e autora de uma obra chamada “Pais que Odeiam”, explica que, «um pai ou uma mãe tóxica é alguém que causa sofrimento nos seus filhos. Os meios, assim como as motivações, são muito variados. Os meios com que os pais podem ser tóxicos incluem manipulação, exigências excessivas, maus-tratos, etc».
 
Mas há uma pergunta clara, o que acontece na mente de um pai ou de uma mãe para provocar uma criação tóxica em relação ao seu filho? Segundo a autora, tudo parte dos seus próprios traumas, relacionados com o egoísmo ou o narcisismo. Para estes pais, os seus triunfos e conquistas pessoais são o mais importante, e se não  os conseguem alcançar, projetam as suas frustrações nos filhos, humilhando-os e minando-lhes a autoestima.
 
Perante esta descrição, o que uma criança mais detesta nos pais tóxicos é, em primeiro lugar, um pai ou uma mãe extremamente exigente.
 
Se os pais não toleram o fracasso de um filho, é provável que isso se transforme em atitudes ou comunicações tóxicas. Assim, podem mostrar-se exigentes e perfecionistas ao extremo. Isso faz com que estejam constantemente a lembrar o filho dos seus erros e por isso, a criança ou jovem irá sentir-se realmente afetado. No fundo, o que acontece é que o progenitor projeta a sua baixa autoestima e o seu sentimento de inferioridade no filho.
 
O segundo ponto que os filhos mais detestam e que lhes acarreta muito sofrimento é a manipulação.
 
A paternidade tóxica costuma basear as suas justificativas na manipulação. Estes pais detetam os pontos fracos da criança e exploram-nos para alcançar o seu objetivo. Como é lógico, a criança acaba por se sentir controlada, agoniada, e até incapaz de tomar as suas próprias decisões.
 
Autoritarismo, intransigência e falta de tolerância é o terceiro ponto que os filhos mais detestam nos pais e um dos que mais se evidencia nos pais tóxicos.
 
Estes pais obrigam a criança a comportar-se de determinada forma sem levar em conta os seus sentimentos ou necessidades. Esta inflexibilidade faz com que a criança seja pouco alegre, pois não sente compreensão, proximidade e carinho por parte dos seus progenitores.
 
Num quarto ponto, surge mais um aspeto crítico dos pais tóxicos: os maus-tratos físicos, uma vez que já são recorrentes os maus tratos psicológicos.
 
Esta situação é o agravamento da relação parental e, sem dúvida alguma, algo que muito acarreta sofrimento aos filhos.
 
Desta forma, os palavrões, os insultos e as pancadas que minam a segurança e a autoestima da criança começam a ser reproduzidos.
 
Num quinto ponto e não menos perturbador surgem as críticas em excesso.
 
Os pais que exercem uma criação tóxica não só são exigentes até à loucura, como também são críticos em excesso. Raramente elogiam os filhos, mesmo que façam uma tarefa bem. Por norma, estão sempre preocupados com as pequenas falhas e com aquilo que precisa de ser corrigido e, como são muito exigentes e perfecionistas, não têm em conta a idade da criança, as suas capacidades e habilidades. Criticam e pronto!
 
Em sexto lugar, mas não menos importante, surge a falta de carinho que é algo que marca muito estes filhos, pois o afeto é imprescindível numa qualquer relação, ainda mais na familiar. Estes pais não só não dão carinho como raramente demonstram algum tipo de afetividade pelos filhos; são secos e com isso acabam por não conseguir construir vínculos saudáveis e duradouros com os seus descendentes.
 
Anote que, um filho que não se sente amado e querido pelos seus pais, será uma criança triste e apagada.
 
Transferir a culpa para a criança. Neste ponto, os especialistas evidenciam que, os pais tóxicos projetam as suas frustrações nos filhos, dando lugar a que os mais novos se sintam culpados por tudo, que se sintam irritados, inseguros e instáveis, para além de profundamente infelizes.
 
Os psicólogos alertam ainda que, os pais tóxicos são pouco comunicativos, superprotetores e reservam pouca margem de manobra para que os filhos façam as suas escolhas e se sintam em liberdade de ação e de pensamento. Os filhos têm de fazer e de ser o que eles não conseguiram, pelo que não vão aceitar nada que os filhos lhes apresentem.  Devido ao seu egoísmo, estes pais vão planear a vida dos filhos e estar sempre frustrados porque os mesmos não conseguem corresponder ao que desejam e idealizam para eles.
 
Por seu turno, estes filhos vão desenvolver graves problemas afetivos relacionados com a autoestima, a responsabilidade e a segurança em si mesmos.
 
No futuro, podem conseguir encontrar um caminho alternativo se se afastarem dos pais e encontrarem boas referências ou, simplesmente ter uma vida de submissão e de sofrimento. Um psicólogo será um bom aliado para tentar minimizar os efeitos de uma criação profundamente errática e destrutiva.
 
Fátima Fernandes