Família

O que os filhos mais valorizam nos pais?

 
Tendo por base relatos de crianças e jovens em ambiente de consulta psicológica, é possível reter que, de um modo geral, os filhos encaram os pais como uma referência; um modelo; um exemplo.

É um facto que, há crianças e jovens que assumem com mais facilidade os seus sentimentos positivos em relação aos progenitores, enquanto que outras ou sentem mais dificuldade em falar sobre os pais ou não têm uma imagem muito positiva a seu respeito.
 
Na posição dos entendidos na área da psicologia, é muito importante que os pais tomem consciência de que são esse modelo que os filhos imitam e que querem seguir, na medida em que, quanto mais se assumir (com sinceridade) uma boa imagem, melhor decorrerá a relação que se quer saudável entre pais e filhos.
 
Tanto os mais novos como os mais crescidos, facilmente dizem que os pais tanto são uma figura de autoridade como o seu porto-seguro, onde encontram apoio e compreensão, o que naturalmente ilustra bem a importância que os progenitores assumem na vida de um filho.
 
Na mesma sequência, a maior parte dos filhos assume que gostaria de estar mais tempo com os pais, muito embora reconheça que os seus progenitores trabalham muito e que fazem o melhor que conseguem. Esta compreensão é importante e gratificante, no entanto, os especialistas alertam para a importância de os pais se organizarem o mais possível para que possam dar mais tempo de qualidade aos mais novos.
 
Ainda neste ponto do tempo de qualidade que tem vindo a ser muito defendido por todos, é importante reter que, para que o tempo seja de qualidade é preciso que exista quantidade, ou seja, os pais precisam de estar disponíveis para brincar com os filhos, para lhes dar atenção, ter tempo para conversar e no fundo, para se conhecerem o melhor possível. Há especialistas que defendem que bastam alguns minutos diários para que se construa um vínculo consistente entre pais e filhos, mas nem todos partilham a mesma opinião argumentando que, «as queixas dos filhos demonstram que esses 15 minutos diários não são suficientes para que uma relação decorra de forma saudável, com afeto e compreensão, pelo que, se reforça a necessidade de acrescentar à qualidade, a quantidade».
 
Nos relatos das crianças e jovens, percebe-se também que os mesmos se queixam que os pais confiam pouco nas suas escolhas e decisões, ao mesmo tempo em que apresentam excesso de zelo e de proteção, o que, em alguns casos, lhes limita as ações e a criatividade. Neste ponto, é importante que os pais ouçam o mais possível a opinião dos filhos e que, mesmo estando vigilantes, lhes confiram alguma autonomia para que se sintam mais livres e confiantes, sustentam os especialistas.
 
Um outro aspeto que os jovens assinalam nos pais é que, em alguns casos, a sua relação de casal não é coesa e, por vezes, as suas orientações os confundem. Neste aspeto, bem sabemos que cada pessoa é única, pelo que se torna difícil que os pais estejam sempre de acordo, no entanto, no seu recanto, o casal deve estabelecer algumas orientações em comum para melhor educar os filhos, uma vez que, a coerência é imperiosa para uma educação mais estável e sadia.
 
Relativamente ao que os filhos mais valorizam nos pais, os especialistas resumem que, «é inegável que os pais têm um papel muito importante na vida dos filhos, o que é confirmado pelos próprios jovens ao identificarem os seguintes pontos como sendo os que mais valorizam na intervenção dos pais»:
 
• Apoio
• Referências positivas
• Proteção
• Afeto
• Empenho no seu papel de educadores.
 
Segundo o PsicoAjuda, podemos concluir que para os filhos o mais importante é a presença afetiva dos pais na sua vida. Porque o que para eles é importante não é o tempo que passam com os seus pais, mas o tempo de qualidade que estão com eles.
 
Na posição dos mesmos entendidos, os pais devem ter em conta que, ninguém é perfeito pelo que, o desafio é procurarmos melhorar-nos todos os dias um pouco, assumindo que se falha, mas que, acima de tudo se quer corrigir para evoluir.
 
Tendo por base as sugestões dos filhos e os estudos dos entendidos, de um modo geral, os pais podem melhorar os seguintes aspetos:
 
• Desenvolver maior confiança e tolerância.
• Mais apoio e maior presença.
• Mais paciência.
• Menos exigência. Porque, geralmente é contraproducente exercer pressão excessiva ou ter reações de autoridade inadequadas.
• Menos ambivalência de papéis.
• Maior consistência na definição de regras.
• Mais espaço para a autonomia.
 
Segundo os jovens entrevistados, os filhos não gostam que os pais os comparem com outras crianças ou jovens da sua idade ou círculo social porque encaram essa situação como uma forma de os criticar ou de lhes exigir ainda mais. Neste ponto, os pais devem evitar fazê-lo e, em contrapartida, podem aproveitar para valorizarem mais os seus filhos, para fazerem atividades com eles e para motivá-los para que sejam melhores; para que se desafiem a si mesmos.
 
Sucintamente, o PsicoAjuda evidencia que,  pode concluir-se que os filhos têm a visão de que os pais são um meio de sustentabilidade e apoio. Mas, ao mesmo tempo, os filhos percecionam que lhes é exigido, como forma de retribuição, um comportamento perfeito, sobretudo ao nível do desempenho escolar, que deixe os seus pais orgulhosos e satisfeitos.
 
É provável que, após estas conclusões, muitos pais sintam uma maior necessidade de refletir acerca da sua ação, pois provavelmente todos queremos ir mais longe, ser mais compreendidos e amados pelos nossos filhos e, no fundo, os mais novos não são meras peças de xadrez que só têm de ter bons resultados escolares e serem os melhores. São seres humanos únicos, especiais, com sentimentos, que precisam de compreensão, apoio e, mais tempo para partilhar o seu mundo interior, as suas vivências e a posição que assumem perante a vida.
 
Para que se construam laços mais fortes e mais baseados no amor, é necessário que exista esse tempo para ser e estar.
 
Para finalizar, recordamos que, sempre que sinta necessidade de obter uma orientação técnica, pode sempre recorrer a um psicólogo. Este profissional será uma ponte de ligação entre pais e filhos e saberá orientá-los para os objetivos que pretendem.
 
Fátima Fernandes