Família

O que uma família disfuncional provoca numa criança

 
Na posição dos especialistas na área da psicologia, uma criança que cresce no seio de uma família disfuncional acaba por ter de assumir um papel para se poder proteger e até para conseguir sobreviver. Nesse sentido, é natural que um professor, um educador e um especialista facilmente identifique que a criança passa por algum tipo de sofrimento, basta que, para isso, analise com algum detalhe a sua postura face a determinados estímulos.

Quer isto dizer que, muitos pais se queixam dos comportamentos dos filhos, mas acabam por se esquecer que são eles um importante referencial e uma influência nos mesmos. Quando ouvimos um pai ou uma mãe queixar-se do comportamento errático do filho, devemos, em primeiro lugar, procurar saber em que tipo de ambiente essa criança está inserida já que, na maioria das vezes e, excetuando os casos de doença mental ou qualquer outra situação incapacitante, essa é a causa desse desvio.
 
Para melhor ilustrar esta situação, recorremos a uma publicação da revista A Mente é Maravilhosa que apresenta esses papéis e, ao mesmo tempo, lembra a importância de educar uma criança num ambiente saudável, equilibrado, com bons exemplos, com carinho e compreensão e uma educação baseada na paciência e na procura de mais conhecimento para evitar tais lacunas.
 
A mesma revista de opinião e entretenimento alerta para as feridas que esse tipo de educação disfuncional deixa nos mais novos, o que naturalmente pode ser evitado com as sugestões apresentadas acima. É ainda importante recordar que, os pais aprendem a sê-lo com a prática, que não há um manual de instruções para executar melhor essa tarefa, mas a intuição e a curiosidade são pontos fortes no processo, uma vez que, pais interessados em cumprir o melhor possível essa tarefa procuram mais saberes junto de boas publicações, recorrem a pessoas mais experientes que os possam apoiar e estão sempre disponíveis para corrigir os erros com os filhos.
 
Também é fundamental reter que, uma criança que cresce num ambiente disfuncional terá grandes probabilidades de reproduzir o mesmo padrão quando se tornar adulta. Se cresceu num ambiente de extrema violência, tenderá a ser agressiva também quando tiver essa autonomia, pelo que já temos várias razões para repensar na forma como educamos os nossos filhos.
 
De acordo com a mesma revista, existem 5 tipos de papéis que os mais jovens podem desempenhar, sendo que, a escolha dependerá da personalidade da criança e da família disfuncional em que cresceu, são eles:
 
1- O filho rebelde: uma criança com problemas comportamentais que se revolta contra qualquer tipo de autoridade que tenha algum poder. Esta criança provavelmente cresceu  numa casa em que os pais se separaram ou onde havia algum tipo de abuso.
 
2- O culpado: uma criança que sempre se sentiu culpada e que continua a carregar esse sentimento em todos os momentos. Esta criança teve um reforço negativo e nunca foi valorizada pelos pais.
 
3- O pequeno adulto: esta criança adotou o papel dos pais, porque amadureceu numa idade precoce e não vive a infância como uma criança normal. Geralmente, os pais são emocionalmente imaturos e incapazes de “tomar as rédeas” das suas vidas.
 
4- O não merecedor: um filho cujas necessidades foram ignoradas e que aprendeu a suprimir as suas emoções. Por isso, é muito tímido e quieto. Os pais não lhe deram atenção, talvez porque estivessem imersos nos seus problemas de casal. Esta criança acredita que não é digna de amor.
 
5- O manipulador: esta criança aprendeu que graças à manipulação conseguiria tudo o que queria. Provavelmente tem pais que não sabem estabelecer limites e que também não se interessam muito por ela. Preferem  dar-lhe um videojogo ou um brinquedo qualquer para que os deixe tranquilos.
 
Os pais costumam dizer que têm filhos difíceis ou rebeldes que os “deixam loucos”, mas não conseguem perceber que tudo isso é consequência da falta de carinho, atenção e apreciação por parte deles.
 
Como já referimos acima, é natural que, desde muito pequena e na idade em que não tem consciência para o fazer de outra forma, a criança adote determinados comportamentos para se proteger e sobreviver a um ambiente disfuncional, no entanto, à medida em que se torna num adulto e em que a responsabilidade da sua vida passa a ser sua, essa pessoa terá de adotar outro tipo de comportamento sob pena de estar a repetir um padrão errático. Assim, é importante que qualquer um que se identifique com estes diferentes tipos de papéis, procure ajuda especializada e tente inverter a situação, sob pena de a mesma se tornar num circulo vicioso.
 
É muito importante saber e acreditar que é possível “dar a volta” a qualquer uma destas situações. O primeiro passo é querer fazer melhor e diferente, o segundo é procurar uma estratégia para consegui-lo que pode passar por um pedido de ajuda a um psicólogo e, a partir daí é seguir um processo e começar a colher os resultados, pois no fundo, não temos de carregar essa herança que nos vai acarretar muito sofrimento pela vida fora.
 
Fátima Fernandes