Comportamentos

O segredo para ultrapassar uma separação sem dor

 
Uma separação é sempre um processo doloroso e que envolve muitos sentimentos negativos e destrutivos.

Fomos educados para a ideia de que, quando alguém nos faz algo de que não gostamos ou quando termina uma relação connosco, precisamos de nos vingar, de sentir ódio, raiva e todos os sentimentos negativos que possuímos e que, de uma só vez, parecem revelar a nossa «outra face». Mas na posição dos especialistas na área da psicologia, não tem de ser assim. «Quando a separação acontece, não temos de ir pela raiva e pela vingança», sublinham os mesmos entendidos.
 
Ao invés de irmos por esse caminho muito mais longo e doloroso, devemos optar pelo amor incondicional e, esse é precisamente o requisito para superar mais facilmente uma separação.
 
Em suma e, segundo os mesmos entendidos, «o amor incondicional permite-lhe que se liberte do ódio, do ressentimento e da sensação de abandono após um término. Além disso, irá ajudá-lo a construir (de agora em diante) relacionamentos livres de apego, nos quais encontrará um bem-estar muito maior». Isto quer dizer que precisamos de aprender a aceitar e a assumir que, quando iniciamos uma relação com alguém, nada nos é garantido, muito menos aquela pessoa é nossa propriedade. Isso é o amor sem condições; é o amor livre de posse e de outros sentimentos negativos que, em muitos casos, acreditamos ser amor, mas não mais é do que apego e posse.
 
Manifestamos muita raiva e ódio porque dizemos ao mundo e a nós próprios que amamos aquela pessoa e que ela nos deixou. Isso coloca-nos numa posição de vítimas que se precisam de defender, razão pela qual desencadeamos toda essa panóplia de negatividade para enfrentarmos essa fase dolorosa.
 
Se formos bem ao fundo de nós, percebemos que, aquilo que, na maioria das vezes chamamos amor é somente posse e apego, que se revelam na necessidade de ter o outro para nos compensar as carências. O amor verdadeiro não impõe condições, aceita o outro tal como é e respeita a sua decisão de querer partir e seguir a sua vida sozinho ou com outra pessoa.
 
Na posição dos especialistas, quando nos mentalizarmos desta realidade, seremos muito mais livres e felizes, aceitamo-nos muito melhor, desfrutamos muito mais as relações e assumiremos que, uma relação dura até que ambos apostem nela; decorre até que ambos sejam felizes e que, efetivamente se amem verdadeiramente.
 
O segredo começa na nossa forma de pensar. Se amamos alguém, aceitamos a sua liberdade, a sua privacidade e até sentimos prazer em sentir o outro feliz, não é? Então porque razão temos de ficar com raiva se essa pessoa deixa de estar feliz ao nosso lado?
 
Se gostamos de apreciar uma flor no campo ou no jardim, qual é a razão pela qual temos de a arrancar e levar para casa impedindo-a de crescer no seu ambiente? O amor por essa planta dá lugar a que gostemos de mantê-la no seu espaço de felicidade. O mesmo se passa com alguém de quem gostamos e que, pelas suas razões, acaba por partir. Ao pensarmos que a pessoa que já foi feliz ao nosso lado tem o direito de procurar o seu bem-estar com outro alguém, aceitaremos muito mais facilmente que uma relação não tem em si um compromisso vitalício. A qualquer momento qualquer um dos parceiros pode partir, o que não quer dizer deixar-nos, mas sim que essa pessoa vai à procura da sua felicidade.
 
Se é amor verdadeiro, fica sempre uma imagem positiva dessa pessoa, ao mesmo tempo em que se preservam os melhores momentos dentro de nós de forma saudável. Aceitamos que a relação acabou, mas que ficam todas as memórias vividas com aquela pessoa. Isso é amor incondicional e, na posição dos especialistas, a melhor solução para viver mais feliz, aceitando que a vida é cheia de oportunidades, desafios e que terminamos uma relação, aprendemos com ela e vamos ser cada vez melhores com outra pessoa.
 
Tal como o nosso amado seguiu outro caminho à procura da sua felicidade, igualmente nós temos esse direito, basta que queiramos procurar essa alegria de viver e não desistir de acreditar no amor. É com esta simplicidade que conseguiremos entender uma separação, ultrapassá-la mais rápida e facilmente e, acima de tudo, entender e assumir que ninguém é de ninguém. No fundo, a felicidade reside nas coisas mais simples, para quê complicar a vida?
 
Fátima Fernandes