Família

O seu filho é ciumento? Saiba como lidar com a situação

 
Em primeiro lugar, é preciso ter em conta que o ciúme começa na infância e que, se não for trabalhado convenientemente, pode causar muitos problemas no futuro. Os especialistas alertam que, «o ciúme infantil é uma fonte de sofrimento para as crianças e também para os pais», tutores, amigos, etc. Se estiver presente há muito tempo, «pode prejudicar seriamente os relacionamentos», completam.

O ciúme infantil é real, logo deve ser tido em conta e prevenido desde cedo. Em muitos casos, é o nascimento de um irmão que faz desencadear esse ciúme na relação com o outro, com os pais e demais relacionamentos pelo que, os pais devem fazer uma correta adequação da estrutura familiar para a chegada do novo elemento para a família e, quando não o conseguem, devem pedir ajuda.
 
Recorrendo a uma publicação da revista A Mente é Maravilhosa, entende-se que, «o ciúme é definido como um estado subjetivo que causa um sentimento de frustração». Surge devido à crença de que um indivíduo não é correspondido emocionalmente pelas pessoas que o amam, como no caso de pais, irmãos, companheiros e familiares, podendo estender-se aos animais de estimação. Importa reter que, por vezes, o problema não é a falta de correspondência, «mas o facto de que a intensidade e a frequência desejadas ou necessárias não são alcançadas», sublinhou a mesma fonte.
 
A mesma publicação acrescenta que, o ciúme pode não se justificar: a criança pode continuar a receber a mesma atenção ou até mais do que o irmão, no entanto, na mente da pessoa que sofre, existe um sentimento que é real., pelo que, os especialistas alertam que, isso pode ocorrer devido «a um distúrbio clínico» que requer cuidados especializados.
 
Avança a mesma revista que, no caso das crianças, estas podem apresentar sentimentos de inveja e ressentimento. Seja como for, não deixa de ser «uma distorção cognitiva» que, em última análise, pode ter consequências futuras. Esta é uma causa muito comum nos mais novos, sendo que, em geral, é um tipo de ciúme provocado por fatores ambientais e evolutivos. Os fatores podem ser genéticos, o que predispõe a criança, e pode ter consequências na sua vida adulta.
 
No que se refere ao ciúme evolutivo, é preciso ter em conta que, entre os 2 e os 5 anos «é o momento mais crítico para a chegada de um irmão mais novo, pois se ele nascer na fase de apego, a situação vai ficar especialmente sensível», alertam os entendidos na matéria.
 
Um outro ponto e não menos importante, é a influência dos pais e o ambiente familiar em torno da criança como gerador de ciúmes. Os especialistas evidenciam este aspeto porque, o ambiente familiar que a criança possui em casa, também se torna um fator importante a ser considerado na evolução e no desenvolvimento dos pequenos e na sua reação ao ciúme.
 
Outro ponto-chave a ter em conta são as experiências da criança. a sua capacidade de socialização,  a sua tolerância, as suas possíveis deficiências emocionais, entre outras.
 
Segundo a mesma revista, perante a suspeita de se tratar de ciúme infantil, os pais devem estar atentos aos seguintes sintomas:Mudanças de humor injustificadas, sinais de infelicidade, como choro não motivado, aparecimento de novos comportamentos, como fazer xixi na cama ou falta de apetite, mudanças na expressão gestual e verbal, atitude negativa e teimosa, além da dificuldade em obedecer, negação sistemática dos próprios erros e tendência a culpar os outros.
 
Ao se aperceberem de que a criança sente ciúmes e que está a sofrer com essa situação, os pais podem fazer uso de algumas estratégias a aplicar no quotidiano. Caso não consigam obter resultados, deverão suportar-se do apoio de um profissional de psicologia. Neste último caso, o ambiente terapêutico envolve os pais e fornece dicas para todas as pessoas ligadas à criança para que, em conjunto, se alcancem os resultados pretendidos.
 
Os pais devem começar por:
 
Analisar a origem do ciúme. Neste ponto é necessário conhecer bem a criança e as suas circunstâncias. Sabendo qual é a origem do ciúme, pode-se agir o melhor possível.
 
Envolver todos os atores. Uma vez identificado o ciúme, o padrão a ser seguido será estabelecido e deve ser seguido pelas pessoas que interagem com a criança, como familiares, educadores, etc.
 
Evitar um tratamento preferencial: se houver várias crianças na família, devemos evitar dar um tratamento preferencial a qualquer um deles.
 
Reforço positivo: devemos usar o reforço positivo destacando os acertos e não colocando muita ênfase nos pontos negativos.
 
Retirada da atenção diante de comportamentos ciumentos: isto é, na presença de birras, desobediência premeditada, etc.
 
Reforço de atividades familiares e brincadeiras em grupo.
 
Reação calma: é importante reagir com calma aos episódios de ciúme. Devemos evitar alvoroços e recriminações na medida do possível.
 
Lembrar os privilégios: quando a criança encarar tudo de forma negativa, devemos relembrar a utilidade da situação. Por exemplo, se for ciúme do irmão mais novo, podemos falar sobre as vantagens de brincarem juntos, etc.
 
Na mesma publicação, a Mente é Maravilhosa lembra a importância de tratar o ciúme de uma forma atempada para evitar maiores danos no futuro e sublinha a relevância de procurar apoio especializado quando é necessário.
 
Fátima Fernandes