Família

Os pais não mandam nos filhos: educam-nos e são educados

 
Os diversos testemunhos de filhos em várias idades, mostram que um dos pontos em comum que todos realçam é a necessidade de estabelecer uma boa comunicação com os pais para que exista um melhor entendimento.

 
Nessa sequência, podemos afirmar que, desde cedo, o diálogo é fundamental para que esta relação se torne mais agradável e rica para ambas. Para tal, é imperioso que os pais assumam que não são ‘donos’ dos filhos, mas sim responsáveis pela sua educação até aos 18 anos de idade. Para que a relação perdure após essa idade, é fundamental que se forme uma base relacional de qualidade nas etapas anteriores. Quer isto dizer que, quando há uma relação de respeito mútuo, em que os pais acatam também as sugestões dos filhos, acaba por nascer uma boa amizade entre ambos. Cada um tem a sua vida, mas é gratificante estarem juntos quando assim o entendem.
 
Muitos pais não sabem como fazer esse processo nas diversas etapas, pelo que, muitas vezes demonstram dificuldades no processo que nem sempre é fácil, mas que requer arte, inteligência e uma boa dose de compreensão. Os pais precisam de incluir os filhos no seu projeto familiar, ao mesmo tempo em que têm de lhes dar o espaço necessário para que façam as suas descobertas e aprendizagens. Os filhos precisam de encarar os pais como uma referência de autoridade, mas também como pessoas, como alguém que os apoia, que os ensina, que os incentiva e motiva para a vida e que são bons exemplos a seguir numa boa parte das suas necessidades.
 
Pais e filhos partilham laços afetivos ao mesmo tempo em que se respeitam mutuamente. Cada um assume o seu papel o melhor que sabe e que consegue e deve sentir-se disponível e interessado em melhorar, pois é daí que resulta a qualidade e a solidez da relação.
  
Desde o berço que os pais devem olhar para os filhos como seres individuais, que vão passando por diversas etapas do seu desenvolvimento, que têm necessidades diferentes em cada idade. Todos os pais sabem que ‘é uma ofensa’ para um filho de 8 anos ser tratado como se tivesse menos idade, tal como aos 18 anos não podemos olhar para o filho da mesma forma que o víamos nas fases anteriores. Os pais precisam de acompanhar o progresso dos filhos, as suas diferentes necessidades e ouvir também o que eles têm para dizer, já que, é dessas conversas que surge a evolução, o encontro e a construção de novos pontos de vista. Pais que estão dispostos a aprender com os filhos, vão conseguir certamente manter uma boa relação com eles ao longo da vida porque existe afeto, mas também muito respeito de parte a parte.
  
Ao mesmo tempo, os pais não se podem esquecer de que são os responsáveis por mostrar o mundo aos filhos nos primeiros anos de vida e que, será dessa forma que os mais novos o vão ver também. Cabe aos pais transmitir os valores e explicar as regras de bom funcionamento social. Os filhos vão também aprender com outras pessoas e noutras instituições que não só na família, pelo que, os pais devem saber aprender com os mais novos que, muitas vezes apresentam boas sugestões, formas mais simples de realizar a mesma tarefa e daí por diante.
  
Na posição de Margarida Vieitez, «os problemas que moldam a relação entre pais e filhos não são, por ventura, suficientes para quebrar os laços que, são praticamente elásticos e eternos», pelo que, «não existem más relações entre pais e filhos», antes «uma dificuldade em se encontrarem», porque «estão tão centrados em si próprios, e na sua razão, que não conseguem ver para além disso». É isso que é preciso quebrar para que se possa dar espaço à comunicação e ao entendimento.
  
Na posição desta especialista, «o segredo está no crescimento conjunto».
 
Neste sentido, é essencial ter em conta que, pais e filhos estão em constante aprendizagem e que a escuta ativa é a base para que a mesma se concretize e consolide. Quando se realça a importância do diálogo nas relações é mesmo porque quando pais e filhos conversam, discutem as suas diferenças e encontram as suas convergências, desenvolvem o respeito mútuo e os laços ganham mais força e sentido.
 
Fátima Fernandes