Comportamentos

Os principais mitos que destroem uma relação

 
Neste artigo vamos apresentar os mitos que são difundidos pela sociedade e que nos fazem acreditar que são indiscutíveis e essenciais para manter uma relação, no entanto, é precisamente ao contrário. Se seguirmos estes mitos, rapidamente colocaremos a nossa relação em risco, por isso, tenha em conta estes aspetos:

1- O casal deve fazer tudo em conjunto
 
Este é o mito da união total muito defendido pelos nossos antepassados e que constitui um erro. Cada pessoa deve ter o seu espaço de manobra e de liberdade e ter momentos para partilhar a vida em conjunto. Este espaço é fundamental para manter uma relação viva e interessante, pois se ambos fizerem tudo em conjunto, depressa vão perder a motivação para a descoberta do outro e para a vivência de coisas novas. É importante poder contar um com o outro, mas que cada um saiba também aquilo com que pode contar consigo mesmo.
 
2- O casal tem de partilhar tudo um com o outro
 
Este é também um mito perigoso que pode levar a uma sinceridade tão grande que deixamos de pensar naquilo que dizemos e até de respeitar o outro.
 
É de anotar que, as decisões dentro do casal são importantes, mas nem tudo precisa de ser partilhado com o outro. Cada elemento da parceria amorosa deve ter essa sensibilidade para perceber aquilo que deve ou não partilhar, pois em muitos casos, isso até é uma forma de proteção da relação. O mito do amor romântico influencia esta ideia porque se acredita na paixão eterna, quando na realidade, é uma fase passageira, sendo que o amor é que precisa de ser cultivado.
 
Neste ponto, devemos registar que, tudo o que  não resolve os problemas conjugais, não deve ser partilhado. Devemos reservar esse tempo e espaço para o que é realmente importante.
 
Depois, se nos sentíssemos obrigados a dizer absolutamente tudo, iríamos sentir-nos invadidos e sem a menor possibilidade de manter a nossa própria identidade.
 
3- Ter um filho melhora uma relação em crise
 
Os filhos consolidam e enriquecem um bom relacionamento amoroso. Contudo, pioram o relacionamento quando o casal não anda bem, já que se transformam num peso adicional. A mudança para a paternidade exige dos membros do casal adaptações importantes. Estas são impossíveis de assumir de forma adequada se não existir um bom relacionamento entre ambos.
 
É preferível que, antes de assumir a responsabilidade de ter um filho, exista um sólido relacionamento de casal, e ao mesmo tempo, flexível. Além disso, é preciso que os canais de comunicação estejam abertos, já que é imprescindível para a criança que os pais definam regras consensuais e aplicadas por ambos.
 
Assim, é preciso primeiro definir a qualidade da relação e depois decidir se a parentalidade é uma opção. Jamais se deve ter um filho acreditando que o mesmo vai salvar o casamento, pois pode acontecer precisamente o oposto.
 
4- O casal deve dividir rigorosamente as tarefas
 
A flexibilidade dos papéis homem-mulher é uma mudança positiva, em geral, para os relacionamentos de casal. Contudo, encarar de forma rígida a divisão das tarefas da casa, em muitos casos provoca transtornos significativos no convívio quotidiano.
 
Os acordos aparentemente desiguais podem promover maior equilíbrio e harmonia, na medida em que são mais tolerantes e aceitam mudanças. Por outro lado, existem casais que discutem o número de vezes que cada um cozinhou ou o número de vezes que um colocou a máquina de lavar louça a funcionar e o outro não. Por essa razão, torna-se fundamental que ambos conversem sobre as tarefas domésticas, que cheguem a um acordo, mas que sejam flexíveis nas cobranças, sob pena de a vida conjunta se tornar num inferno. Entendam que, quando é possível dividir tudo, aplica-se, quando não é, ajusta-se à nova realidade, pois o excesso de rigor impede as emoções, o que acaba por destruir uma relação por futilidades.
 
5- O outro pode tornar todos os seus sonhos realidade
 
O facto de o outro se sentir responsável por satisfazer todos os nossos sonhos e necessidades implica uma enorme carga de responsabilidade. Isto é a manifestação de um amor ingénuo e de uma pessoa imatura afetivamente. Cria-se a ideia de que só se ama a pessoa da qual precisamos, o que gera uma relação de profunda dependência emocional e de muitas cobranças.
 
Os indivíduos maduros afetivamente podem ou não viver com o seu companheiro, mas decidem o que querem, por norma com os seus sentimentos. Em suma, escolhem viver com o outro porque o amam, não porque precisam.
 
Estas pessoas vivem uma relação de igual para igual, com sentimentos e respeito mútuo.
 
6- Quem ama adivinha o que o outro pensa e sente
 
Este é mais um mito perigoso e que arrasa com uma relação em pouco tempo, pois todos sabemos que ninguém tem o poder de adivinhar os pensamentos e os sentimentos do outro. É por isso que é tão importante conversar abertamente sobre todos os assuntos no seio de uma relação. Faz sentido ouvir e dizer ao outro o que se gosta mais e menos na relação, pois caso contrário, o outro não irá saber.
 
É de registar que, as pessoas que fazem isso não apenas não aproveitam o que recebem e estragam o convívio, mas também não conseguem valorizar a manifestação de amor que o outro lhes dá com a oferta de algo necessário e muito desejado.
 
Este mito também tem enormes consequências negativas na área da sexualidade. Isso deve-se a que o outro precise de saber que tipo de carícia mais lhe agrada. A verdade é que se não disser, é impossível que o outro venha a saber.
 
7- Um casal infeliz é melhor do que o fim de um casamento
 
Existem poucas situações mais dolorosas e destrutivas do que um convívio mantido somente pelo medo, a culpa ou o dever, onde falta o afeto. Manter um casamento “pelos filhos” é tornar responsáveis, senão culpados, os mesmos, por um relacionamento que só os adultos devem ser responsáveis por manter. Trata-se de uma carga que o filho não pode carregar, e quando tenta, isso acarreta um custo na sua própria saúde física e mental.
 
O mais adequado para o bem-estar dos filhos e do casal, se o relacionamento é inviável, é uma separação amistosa. Os filhos precisam ter a sensação de que não perdem nenhum dos pais. Mesmo que se separem como casal, poderão continuar a desenvolver a sua função de pais de forma adequada e benéfica para os filhos.
 
8- Os opostos atraem-se e completam-se
 
É verdade que, se existem algumas diferenças e estas puderem ser vividas como enriquecedoras e estimulantes, a relação será mais dinâmica, no entanto, os bons casamentos geralmente contam com semelhanças básicas que suportam as diferenças.
 
É fácil compreender que se existirem muitas diferenças que superem as semelhanças, e se estas diferenças forem realmente polos opostos, o relacionamento não será bom. Se um dos cônjuges gosta de falar e expressar os seus sentimentos e o outro passa ao lado dessa dinâmica ou pensa que não é a melhor forma de resolver os problemas, será fácil pressentir que haverá graves problemas de comunicação no seio do casal.
 
Se um cônjuge for extrovertido e sociável e o outro for introvertido, haverá conflitos no relacionamento. O mesmo acontecerá se um for fervoroso e outro for frio. Ou se um gostar de gastar e outro for comedido ao extremo. Todas essas diferenças certamente trarão conflitos no convívio, pelo que é mais um mito defender a ideia de que os opostos se atraem e completam, pois as discussões serão muito mais frequentes do que os momentos de prazer resultantes dessas divergências que, com o passar do tempo se tornam cada vez mais insuportáveis. Procure uma pessoa com quem possa ser você mesmo e jamais alguém oposto a si!
 
Fátima Fernandes