Família

Pais e filhos: como lidar com “as más companhias”

 
A principal influência das crianças são efetivamente os pais, ainda assim, todos sabemos que a sociedade exerce também uma forte pressão sobre os mais novos e, sobretudo sobre os adolescentes. Nesse sentido, os especialistas reforçam que, «a melhor forma de evitar as influências negativas nos nossos filhos é, nós pais, sermos um bom exemplo de comportamento e dedicarmos um tempo diário para o diálogo».

Na posição dos entendidos na matéria, «quando os pais conversam com os seus filhos, ajudam-nos a pensar melhor, a confidenciar as suas dúvidas e medos e também a falar sobre aquilo que fizeram ao longo do seu dia e com quem estiveram». Essa é uma forma de aproximar os mais novos do seio familiar e, ao mesmo tempo, «evitar o efeito da influência dos outros na vida dos mais jovens». Com bons exemplos em casa, os filhos saberão selecionar melhor aquilo que observam no exterior e afastar-se das “más companhias” sublinham os entendidos.
 
Depois, os pais deparam-se com outro problema que são as demais pessoas da família, como sendo avós, tios e primos que, «nem sempre são uma boa influência apesar de fazerem parte da mesma família». Nesse caso em concreto, é importante que os progenitores não deixem de dizer a verdade e de reprovar o comportamento, seja de quem for. «É natural que os membros da família possam mostrar algum desagrado, mas terão de respeitar a posição dos pais e os valores e modelos que estes querem oferecer aos filhos», sustentam os mesmos entendidos na matéria.
 
Os pais são, efetivamente os educadores e os alicerces dos seus filhos, pelo que, mesmo que a avó fique algum tempo diário com a criança, a mãe ou o pai podem muito bem assinalar aquilo que não está correto no seu formato educativo. Por exemplo, a mãe defende sopa às refeições e a avó terá de respeitar essa condição para poder ficar com os netos. O mesmo se passa em termos de outros comportamentos que os avós adotem na sua casa e que podem ser corrigidos pelos pais e, aos poucos pela criança. Os especialistas afirmam que, na maior parte das vezes, os avós acabam por acatar as orientações dos filhos e dar o seu melhor na educação dos netos, mas «quando tal não acontece, é melhor que a criança fique noutro lugar com outros exemplos e valores, pois caso contrário, os avós não estão a ser uma boa influência para os seus descendentes». Tal acontece quando existe muita rigidez na educação, cenários de agressividade, incumprimentos recorrentes das orientações dos pais, entre outros que «muito prejudicam o desenvolvimento das crianças e jovens».
 
Relativamente ao correto uso das tecnologias digitais, os especialistas advertem que, «os mais novos aprendem em primeiro lugar com o exemplo dos pais, pelo que, se estes passam muito tempo ligados ao smartphone, naturalmente que os filhos vão seguir o mesmo exemplo». Neste ponto é importante que os pais se organizem de forma a que utilizem o mínimo possível esses equipamentos, sob pena de as crianças e jovens fazerem a mesma coisa. O uso com “conta, peso e medida” é a melhor solução registada pelos especialistas na matéria.
 
No que toca ao tempo que pais e filhos dispõem para conversar e conviver, «é fundamental que a família tenha bem presente a importância do diálogo na relação e que este precisa de tempo e de disponibilidade, pelo que, mesmo depois de um dia de trabalho, «os pais devem empenhar-se em conversar com os filhos. Isto não quer dizer fazer um interrogatório, mas sim conversar livremente, usar brinquedos para fazer histórias e perceber que, esse é o momento mais esperado do dia para os mais novos. Se igualmente for importante para os pais, naturalmente que a relação se consolida e ganha mais estrutura.
 
Tenhamos em mente que, «é nessa aproximação entre pais e filhos, no fortalecimento dos laços que reside “a barreira protetora” contra a influência dos amigos e de outras pessoas sejam boas ou más referências, mas a criança ou jovem pensa nos valores e exemplos que adquiriu em casa e consegue resistir». É nessa relação de qualidade que os filhos vão buscar os melhores exemplos, os melhores momentos e sentimentos para com os pais, daí ser fundamental e recomendável», sublinham os especialistas.
 
Em suma, se os pais tiverem presente o quanto são importantes para os filhos, não só fortalecem os laços entre ambos, como exploram as suas melhores qualidades e exemplos que gostariam que os filhos seguissem, pois sempre que ocorre uma dúvida na criança ou jovem, numa qualquer circunstância, será o modelo dos pais que os mais novos vão buscar. Partindo desta base, é crucial que os pais se dediquem mais aos filhos, que passem mais tempo com eles e que se organizem da melhor forma para poderem oferecer esse tempo, afeto e educação de qualidade. Ao mesmo tempo, os pais também “se devem meter” nas amizades dos filhos orientando-lhes o percurso, dando sugestões, conselhos e até sugerindo algumas amizades. Desde que prevaleça o respeito e a liberdade no seio da relação, os filhos aceitam a opinião sincera e honesta dos pais e estes aprendem a respeitar as amizades dos mais novos. No fundo, o que se pretende é que a relação entre pais e filhos seja aberta e baseada na confiança mútua, pois só assim existirá uma base sólida e segura para o futuro.
 
Fátima Fernandes