Família

Parentalidade positiva não é “deixar fazer tudo”

 
A parentalidade positiva tem vindo a ser confundida com o “deixar fazer tudo”. Muitos pais interpretam que, para não haver conflitos, para manter uma certa dose de harmonia dentro de casa, é importante que não se zanguem e que os mais novos façam tudo o que lhes apetece.

Também acreditam que, essa forma de estar e de educar conduz a famílias mais felizes e a filhos mais confiantes, mas isso não corresponde à verdade!
 
Numa publicação no Simply Flow, Inês Afonso Marques explica que, «Quando falamos em parentalidade positiva ocorre com alguma frequência a confusão de que estamos a falar de um estilo parental em que os pais dizem que sim a todos os pedidos dos filhos, de que são pais permissivos, no meio de um reino onde são as crianças que ditam as regras. A ideia está, obviamente, errada».
 
A parentalidade positiva assenta num estilo parental que conjuga regras e limites claros, no seio de relações plenas de afeto e respeito mútuo.
 
Acrescenta Inês Afonso Marques que, «a parentalidade positiva procura dirigir a atenção para comportamentos e gestos ajustados e louváveis, reforçando-os positivamente».
 
Assim, estratégias comportamentais assentes na punição não são obviamente as eleitas no processo de ajudar as crianças a crescerem confiantes. Mais do que eliminar comportamentos desajustados, procura-se promover a cooperação e a adoção de comportamentos ajustados, sublinha.
 
Educar uma criança com princípios da parentalidade positiva «é usar os valores da família como bússolas orientadoras e é olhar para a criança e adolescente como um ser humano com necessidades próprias, com idiossincrasias temperamentais, que percorre fases de desenvolvimento com características e tarefas inerentes distintas».
 
Globalmente, «a adoção de um estilo positivo autoritativo (não confundir com autoritário), ou seja, que implica níveis de controlo equilibrados, pais atentos e responsivos às necessidades da criança, respeito e estima presentes em todos os momentos, possibilita que a criança cresça mais confiante, mais autónoma, mais feliz».
 
No mesmo apontamento, Inês Afonso Marques sublinha que, as birras e os comportamentos de desafio vão existir, no entanto, «existirão com muito menor frequência e mais centrados em fases de desenvolvimento em que a linguagem para se expressar aquilo que se pensa e se sente ainda é limitada. Adicionalmente, serão momentos geridos de forma bastante mais rápida e construtiva, onde se procura sempre deixar uma mensagem de aprendizagem».
 
Na mesma publicação do Simply Flow,, a autora adianta que, «a parentalidade exercida de forma positiva fortalece a qualidade dos laços emocionais entre pais e filhos.
 
As dinâmicas relacionais assentam no respeito mútuo e na comunicação afetiva, que se revela mais efetiva».
 
Como as crianças crescem mais confiantes e capazes, como os laços emocionais tendem a ser mais fortes, como tendem a existir menos momentos de tensão, «a parentalidade é exercida num contexto de maior satisfação, com menos fatores de stress. Os pais sentem-se mais realizados, mais tranquilos, mais satisfeitos».
 
Para finalizar, Inês Afonso Marques evidencia que, apesar de parecer difícil, ou mesmo impossível aplicar este modelo, «com uma mentalidade flexível e de crescimento aliada a prática e muita paciência é mesmo possível fazer diferente e fazer a diferença. E todos saem a ganhar! O bem-estar individual de cada elemento da família e a qualidade relacional saem mais fortes».
 
Fátima Fernandes