Família

Perigos de educar os filhos para o medo

 
A educação baseada no medo era uma prática habitual nas anteriores gerações que, tem vindo a mostrar resultados muito negativos e prejudiciais para os futuros adultos.

 
Segundo os especialistas na área da psicologia, «a educação baseada no medo gera adultos infelizes», sem esquecer que, «os filhos podem ser muito obedientes e bem comportados em casa, mas na rua acabam por ser violentos ou medrosos, sublinham.
 
Tendo por base a posição da psicóloga May Fontes, «a maioria dos pais deseja ter filhos obedientes, sobretudo porque seguem a mesma linha educativa que também receberam, mas esquecem-se dos riscos que esse modelo acarreta para a vida futura». É comum que estes pais apliquem um modelo de correção severo, pouco baseado no diálogo, na compreensão do que se passa. Quando os mais novos cometem um erro, não demonstram empatia, solidariedade, muito menos procuram compreender o que se passou e o que a criança possa estar a sentir. Esta ausência de carinho cria um modelo de educação demasiado rígido e prejudicial, alerta a mesma psicóloga.
 
Segundo May Fontes, o carinho, a atenção, a conversa e a empatia «geram adultos conscientes», uma vez que, esse tipo de atenção «fornecerá ferramentas para que a criança absorva regras coerentes, noções de respeito e de responsabilidade».
 
Por seu turno, a educação baseada no medo, inibição dos sentimentos e autoritarismo «pode causar sérios problemas psicológicos a longo prazo». Para May Fontes, a obediência baseada no medo gera infelicidade na medida em que, a criança nunca sabe como se deve comportar e, como precisa de escapes, acaba por levar para a rua ou para a escola, o mesmo padrão que lhe aplicam em casa: a falta de empatia, o medo e a agressividade.
 
É por essa razão que, muitos pais não entendem o motivo pelo qual os filhos em casa são obedientes e na rua excessivamente violentos ou medrosos.
 
Tal acontece porque a noção de liberdade quando estão afastados dos pais, leva a que os filhos se excedam e que assumam comportamentos diferentes, sendo comum que ocorram atos de violência, pequeno delitos, bullying, discussões frequentes com colegas, entre outros comportamentos reprováveis e que fazem com que os professores chamem os pais à escola.
 
Para May Fontes, os filhos assumem um comportamento agressivo, na maioria dos casos, porque a sua educação não contempla a capacidade de conversar acerca do que se passa, os assuntos não são clarificados, muito menos aprofundados, o que dá lugar ao medo e, consequentemente à violência que ilustram muito bem a falta de respeito que estas crianças e jovens sentem por parte dos pais.
 
Na mesma sequência, May Fontes evidencia que, as crianças educadas com base no medo se tornam muito inseguras porque são submissas e vivem com medo de não corresponder às ordens e exigências dos pais.
 
Em resumo, a mesma especialista apresenta os riscos de uma educação baseada no medo e na obediência alertando os pais para que alterem esse modelo educacional:
 
Tornam-se crianças inibidas:  crescem sem saber como expressar emoções pois, inconscientemente, sentem-se apreensivas ao serem repreendidas.
 
São crianças fechadas: É muito comum os pais repreenderem choros ou opiniões. Evitar que a criança se expresse pode ser perigoso para a sua vida adulta, gerando problemas emocionais sérios.
 
São crianças sem atitude: A superproteção ou o excesso de obediência acarretam distúrbios de comportamento. No futuro, estas crianças não saberão proteger-se sozinhas, vão conservar medos e dificilmente terão atitudes pró-ativas para transformar a própria realidade. Muitas vezes, vão continuar a depender dos pais em todos os sentidos.
 
Para finalizar, May Fontes apresenta os três R’s essenciais para uma educação de qualidade:
 
Responsabilidade: «Pais, ensinem a importância da independência». A criança precisa de aprender a ser responsável pelas suas tarefas, atividades e pertences. Conforme o filho vai crescendo, adicione novos desafios, pois com o tempo a criança se sentirá útil, ganhará autoestima e ficará orgulhosa de si.
 
Regras: Tenha um bom diálogo com o seu filho, estabelecendo regras, como horários para dormir, alimentação adequada, limite de tempo para usar as tecnologias e jogos.
 
Respeito: Os pais não podem exigir respeito dos filhos quando eles mesmos não dão o exemplo.
 
Evite gritar, dizer palavrões, humilhar e ofender a criança. Ao invés de se focar em palavras negativas, ensine novas lições com paciência e amor, apela a mesma psicóloga.
 
Fátima Fernandes