Comportamentos

Por que é que os homens mentem mais do que as mulheres?

 
De um modo geral, os homens não mentem mais do que as mulheres, mentem é de formas diferentes, adiantam alguns estudos levados a cabo sobre este assunto.

Na posição de muitos especialistas, os genes influenciam a maior ou a menor capacidade de mentir, tal como a educação, as experiências de vida e a própria personalidade. Há pessoas que mentem com mais facilidade do que outras para se protegerem e, no caso do homem, ainda que não se possa generalizar, a pressão social, a necessidade de ser “o líder forte e poderoso”, a necessidade de preservar a sua imagem e o Status Quo, leva-o a ser menos honesto com as outras pessoas, muitas vezes até no seio familiar e no casal. O homem não foi educado para poder mostrar a sua fragilidade, os seus medos, as suas limitações, razão pela qual teve de criar uma “máscara” para se proteger. O recurso à mentira constitui uma defesa tal como a doença. Quando se diz que o homem “quase morre” com uma gripe é porque se sente fragilizado com qualquer situação, mas como não a pode demonstrar, acaba por canalizar tudo para essa ocasião em que tem “desculpa” para estar limitado e frágil.
 
Naturalmente que não se pode generalizar e que as mentalidades têm mudado muito nos últimos anos, razão pela qual nem todos os homens mentem ou precisam de esconder as suas emoções, tal como muitas mulheres mentem mais que os homens e não são a maioria. Temos de compreender a realidade, o que leva cada género a assumir um comportamento diferente para percebermos o que pode estar na base dessa mentira. Nesse sentido, também é importante assumir que as mentalidades se alteraram muito e que cada vez mais, os homens estão em pé de igualdade na maior parte das situações e aceitam com facilidade que “elas” também sejam o sexo forte em muitas áreas. Esse facto reduz significativamente a competição entre géneros e faz baixar os níveis de mentira porque ambos se colocam na mesma situação enquanto pessoas e conseguem ser mais verdadeiros.
 
As conclusões de quatro estudos sobre o tema mostram que, das 1300 pessoas analisadas, a grande diferença entre as mentiras dos homens e das mulheres estava na causa: os homens tendem a mentir para se beneficiarem a eles próprios e as mulheres tendem a mentir para “proteger” outras pessoas, em especial os filhos.
 
Segundo a psicóloga Tamara de la Rosa, citada pelo S Moda, mentir de forma constante e repetida pode ser contraproducente, mas mentir para proteger alguém é algo “natural na vida”. Ainda assim, a especialista afirma que não se pode generalizar a situação. Afinal de contas, as mentiras dependem de vários outros fatores: a personalidade de quem mente, a educação, experiências e a circunstância. Mas garante que se fosse preciso fazer uma distinção entre sexos, os homens mentem mais para proteger a sua própria reputação e as mulheres a dos outros.
 
Quando questionada sobre as possíveis razões, Tamara de la Rosa afirma que pode ser devido à pressão social exercida sobre o homem como sendo “o responsável e forte da sociedade” e a mulher como a “que se preocupa com os demais”. Ainda assim, volta a ressalvar a ideia de que no universo da mentira, como em tantos outros, as coisas não devem ser vistas “nem tudo no branco, nem tudo no preto”.
 
Álvaro Bilbao, neuropsicólogo e autor de vários livros ligados ao funcionamento do cérebro, afirma que a capacidade de mentir está ligada a vários sistemas neurológicos. E ressalva: todos nós temos a tentação de mentir de vez em quando, mas se tivermos autocontrolo conseguimos desviar-nos da tentação e impulsividade de mentir e eleger a verdade em prol da mentira.
 
Mas mais do que apenas o foro psicológico, também a biologia entra neste campo. O cérebro humano depende também de várias hormonas para tomar as suas decisões e as mulheres grávidas são um exemplo claro disso. Uma mulher grávida altera completamente os seus níveis de estrogénios e oxitocina e isso muda também a sua forma de pensar. A mulher tem tendência a pensar e sentir que pode fazer de tudo para proteger o seu filho e isso leva-a, inevitavelmente, à forma altruísta como tende a mentir.
 
Não tendo esse suporte, o homem acaba por ter de encontrar as formas mais fáceis para se libertar dos problemas e, em muitos casos, uma mentira parece resolver o problema no emprego, na escola dos filhos, em casa e nas mais variadas situações.
 
Com maior ou menor altruísmo, a mulher acaba por fazer o mesmo, mas como tem outras intenções mais afetivas, é considerado um “mal menor”. Quer isto dizer que, a mentira é um mal necessário, mas que se todos soubermos que mentimos, talvez encaremos esse facto como mais uma estratégia de vida; uma forma de nos protegermos quando estamos em apuros. “Atrasei-me porque estava uma fila de trânsito enorme” é melhor aceite do que assumir que se deixou dormir, certo? Se repararmos, a sociedade já aprendeu a aceitar a mentira como algo normal, por isso, desde que não prejudique os outros, pode sempre “trocar as voltas a alguém”, não vá ter a tentação de dizer que a sua sogra é bonita quando pensa o contrário!
 
Fátima Fernandes