Família

Principais características de uma família tóxica

 
Em primeiro lugar, importa sublinhar que o termo “tóxico” refere-se ao tipo de convivência negativa e destrutiva entre membros da família, colegas de trabalho, vizinhança, entre outros.

O termo “tóxico” não faz parte de qualquer manual médico, mas é muito utilizado para caracterizar um grupo em que a relação entre as pessoas não é saudável.
 
Assim, quando se fala nas características de uma família tóxica, referimo-nos ao modo de convivência que prejudica a relação entre os seus membros sendo que, na maioria dos casos, são os filhos as principais vítimas por estarem numa posição inferior e de submissão aos pais.
 
Estas famílias baseiam-se em conflitos, relações disfuncionais, lutas de poder, falta de vínculos afetivos e todo o conjunto de dinâmicas que em muito se afasta do saudável.
 
Para tentar perceber o que se passa numa família tóxica, importa evidenciar que, há pessoas com uma personalidade tão complexa e de trato difícil que tornam a vida familiar num “inferno”, tal como há elementos de uma família que dizem palavras tão horríveis que arrasam com a autoestima dos demais, sem esquecer os maus-tratos físicos e psicológicos, a relação baseada em pouca confiança e credibilidade, as pessoas muito incoerentes e que cada vez dizem uma coisa e daí por diante.
 
Naturalmente que todos queremos acreditar que, dentro das quatro paredes, as pessoas se entendem, são amigas, compreensivas, que se apoiam e protegem, mas na realidade, nem sempre isso funciona assim. No seio de uma família tóxica, não há afetos, muito menos diálogo e ainda menos compreensão.
 
Os psicólogos e especialistas em dinâmicas familiares lembram-nos de que, mais do que nos concentrarmos nas famílias tóxicas, devemos falar dos “pais tóxicos” e, nesse contexto, os tóxicos podem ser o pai, a mãe ou ambos, sendo que, são os pais que conseguem fomentar a harmonia no lar ou, quando são tóxicos, arrasar a convivência entre todos os seus membros.
 
Também é comum que, no seio de uma família tóxica esteja um casal que não se entende e cujo mal-estar se projete para todos os elementos da família, dando lugar a uma atmosfera de muita ansiedade, tensão, medo, agressões de vária ordem, entre outros.
 
Perante essa constatação, os especialistas apresentam-nos vários tipos de famílias tóxicas para que avalie se a sua se encaixa em algum destes modelos:
 
1. Famílias manipuladoras, narcisistas e de baixa tolerância.
 
Há famílias onde o foco disfuncional se concentra num membro com um perfil narcisista e manipulador. É comum que este tipo de personalidade crie situações onde se exerce o controle, cortam-se liberdades e o respeito e, além disso, há pouca tolerância. Viver deste modo tem um custo alto. Os filhos não se sentem atendidos nem respeitados, pelo que, desenvolvem uma baixa autoestima ou inclusive comportamentos desafiantes ao quererem reagir diante dessa figura tóxica e negativa de poder.
 
2. Pais imaturos e que precisam que sejam os filhos a cuidarem deles
 
Outro tipo de famílias tóxicas são aquelas onde os pais, seja um ou ambos, são muito imaturos a todos os níveis. A baixa responsabilidade, o desinteresse, o descaso ou o pouco controle dos impulsos fazem destes pais pessoas pouco confiáveis. É comum que, nestes casos, os filhos assumam responsabilidades de adultos de forma muito precoce. Algo que, por outro lado, não é adequado e nem saudável,  uma vez que, os mais novos precisam de ter o seu tempo e crescerem de acordo com as suas potencialidades e não por imposição.
 
3. Pais que projetam nos outros as suas frustrações
 
Não há pior arma psicológica do que a frustração à procura de vítimas. De facto, o pai ou a mãe frustrada que projeta a sua culpa, os seus medos ou fracassos nos filhos ou no casal é bastante habitual e desgastante. Todas estas dinâmicas deixam marcas. Assim, poucas coisas podem ser tão cansativas como as desses filhos obrigados a cumprir os sonhos dos pais ou ser esse alvo onde os pais desafogam  as suas próprias insatisfações.
 
4. Pais que usam os filhos para se agredirem um ao outro
 
Há pais que instrumentalizam os filhos, ou um dos filhos, para agredirem o outro cônjuge. Também acontece que, ambos os progenitores usem os filhos como fontes de informação para se atacarem mutuamente. Esta situação acontece muito em cenários de divórcio, mas também na convivência diária, sendo que, a relação familiar se pauta por uma “guerra” permanente. Estes pais costumam dar algo em troca ao filho que se alia a eles e os mais novos desenvolvem características de personalidade também doentias.
 
Perante esta realidade, os especialistas reforçam a importância de identificar as causas destes problemas para que se possa intervir, no entanto alertam que, em muitas situações, não é fácil encontrar melhorias significativas, pelo que, cada elemento terá de decidir o que é melhor para si, já que esta convivência é destrutiva e compromete a própria dignidade.
 
Confira agora o que se esconde por trás de uma família tóxica:
 
a) Possível desordem psicológica, transtorno ou problema de vício de algum dos membros da família.
 
b) Abuso de poder e um estilo autoritário.
 
c) Pais ou mães ausentes que ignoram as suas responsabilidades.
 
d) Falta de apego.
 
e) Possíveis abusos ou maus tratos físicos ou psicológicos.
 
f) Estilo de comunicação pobre, falta de habilidade devido à  personalidade ou desinteresse.
 
g) Falta de coerência e baixa confiabilidade por parte de algum dos pais.
 
h) Pai/Mãe com baixa autoestima
 
i) Auto nível de exigência e necessidade de que tanto o parceiro como os filhos estejam à altura das expectativas do pai ou da mãe.
 
É de reforçar que, as mudanças ocorrem no tempo, mas sempre com apoio especializado e que, em muitos cenários, acaba por ser recomendado o afastamento por ser muito elevada a toxicidade ou em virtude de quaisquer cenários de violência. No entanto, os entendidos sublinham que vale sempre a pena tentar até para evitar que o padrão negativo seja transmitido às gerações seguintes.
 
Fátima Fernandes