Sociedade

Profissionais, autarcas e políticos unidos para "salvar" a saúde no Algarve

 
 
 
 
 
 
 
 
Os profissionais de saúde do Algarve, estão esta sexta-feira em greve, numa paralisação de 24 horas, terminando à meia-noite, entre médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar e administrativo.

 
Já esta tarde, em Faro frente à ARS-Algarve, teve lugar uma Tribuna Pública, envolvendo cidadãos, profissionais, políticos, deputados e autarcas, para chamar a atenção do estado em que se encontra a saúde da região.
 
Envolvidos nesta iniciativa estiveram o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, Sindicato dos Médicos da Zona Sul e o Sindicato da Função Pública do Sul.
 
O coordenador regional do SEP, Nuno Manjua, frisou que a greve de hoje teve uma adesão na ordem dos 80% a 90%, num dia em que os utentes se depararam com grandes dificuldades em ser atendidos, quer pelo pessoal médico quer pelo pessoal auxiliar e administrativo.
 
Nuno Manjua, referiu, que o dia de hoje "é uma demonstração do futuro próximo no Serviço Nacional de Saúde, se nada for feito".
 
O responsável, destacou novamente a falta de profissionais de saúde nas unidades da região, e os problemas sentidos também nos cuidados primários.
 
Outra situação apontada, foi a falta de profissionais na Unidade de Trauma, do Hospital de Faro, recentemente inaugurada, mas "parada", ou o Centro de Medicina Física e Reabilitação de São Brás de Alportel, que está a ser gerido pela Administração de Regional de Saúde do Algarve, que “apresenta dificuldades também pela falta de profissionais”.
 
Nuno Manjua salientou que imperam, lacunas quer de pessoal e de material nos serviços, lembrando que foram abertos concursos para o preenchimento de vagas para médicos, "mas estes não têm concorrido, pelo que as vagas continuam por ocupar e os doentes à espera de profissionais de saúde".
 
O Coordenador do SEP, aproveitou para informar os presentes, que "faltam mais de mil profissionais de saúde na região algarvia, quando ainda hoje e segundo frisou, foi informado, que o Ministro Paulo Macedo, "tinha anunciado a contratação de mais profissionais para o Algarve até ao final do ano", duvidando de mais esta promessa.   
 
Outra das intervenções foi a de Margarida Agostinho do Sindicato Independente do Médicos - Zona Sul, salientando que o Serviço Nacional de Saúde, foi considerado no passado, o décimo segundo melhor serviço de saúde, pela Organização Mundial de Saúde, sendo que "hoje o SNS encontra-se no trigésimo lugar, muito por culpa desta política de austeridade".
 
A sindicalista lamentou também que um terço dos algarvios ainda não tenha médico de família.
 
Autarca de Loulé diz que problemas no seu concelho continuam por resolver
 
Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, foi um dos autarcas presentes e não escondeu a sua preocupação face à degradação do Serviço Nacional de Saúde que, em seu entender, “começou há alguns anos e tem vindo a acentuar-se. Basta ver o que se passa um pouco por todo o lado no Algarve”.
 
Em declarações ao Algarve Primeiro, o edil louletano salientou, “a minha preocupação face ao estado da saúde no Algarve e, posso dar exemplos concretos do que se passa no concelho de Loulé, passa pela falta de médicos e de outros profissionais de saúde, o que acaba por comprometer a qualidade e a própria continuidade dos serviços. 
 
Se há meses atrás manifestei a minha enorme incompreensão perante a falta de médicos nos centros de saúde de Loulé, neste momento afirmo que tenho visto poucos resultados, uma vez que, a extensão do centro de saúde de Salir se encontra presentemente encerrada; isto é uma realidade de quatro ou cinco dias”. 
 
Nas mesmas declarações, o edil louletano, sublinhou a importância da união de sectores tão transversal como aquele que está a acontecer neste dia de protesto. Se a situação não se resolver, é por este caminho que devemos continuar a despertar os responsáveis pelo sector”.
 
Vítor Aleixo adiantou ainda ao nosso jornal que “as queixas por parte dos cidadãos são diárias, motivo pelo qual, a câmara se esforça por representar a sua população. Tenho mais um exemplo de como o papel da autarquia tem sido activo que, é o caso do centro de saúde de Quarteira, em que o administrativo que realizava funções no local, terminou o seu contrato com o estado e, teve de ser a autarquia a criar uma solução para manter essa extensão de saúde aberta. 
 
Dentro do que nos é possível, tentamos melhorar o acesso aos cuidados de saúde no concelho, mas a maior parte dos problemas não estão na nossa mão resolver”.
 
Vítor Aleixo confidenciou ainda que, “as pessoas estão muito descrentes e a sentir que não vale a pena protestar, pelo que, cabe à classe política em geral mudar estas mentalidades. 
 
É preciso pedir a todos aqueles que não se conformam com esta situação, que marquem posição, já que é fundamental devolver esperança ás pessoas. 
 
Para isso, é preciso união, é preciso vontade política e fazer chegar as nossas reivindicações o mais longe possível, e não desistir daquilo a que temos direito.
 
O dia de hoje marca precisamente que, a nossa região precisa de resolver os problemas das pessoas e não de se preocupar com cores políticas. Estamos unidos por um mesmo objectivo. Por este caminho, as coisas terão obrigatoriamente que melhorar no futuro".