É um facto inquestionável que, as relações sociais exercem uma grande influência no nosso bem-estar, a ponto de serem sempre as que mais suscitam interesse e ao mesmo tempo, problemas.
Diariamente somos confrontados com alterações de humor resultantes das nossas ligações a amigos, colegas, familiares, pelo que nos interrogamos se não existe uma “fórmula mágica” que nos ajude na melhor forma de convivência com os demais.
Neste ponto, os especialistas na área da psicologia não têm dúvidas de que, o primeiro aspeto para nos conseguirmos afirmar é darmos prioridade ao que somos, ao que sentimos e ao que fazemos. Quando nos priorizamos, passamos de imediato a colocar para um segundo plano a importância dos outros na nossa vida ou naquela situação, daí ser “a chave” para evitarmos muitos conflitos e dissabores, no entanto, não basta e, como veremos a seguir, é também importante ter algum cuidado na forma como nos relacionamos com os demais, sabendo que todos merecem o nosso respeito.
Idealmente, deveríamos ser respeitosos, empáticos e gentis com as pessoas ao nosso redor, pois ninguém merece ser desprezado, ignorado ou ferido emocionalmente, ainda assim, sabemos que os dissabores existem e que, o que podemos fazer é desenvolvermos algumas habilidades que nos ajudem a minimizar o sofrimento e o prejuízo resultante das relações que estabelecemos.
Na mesma sequência, é fundamental ter em conta que, por norma, as pessoas tratam-nos como nós as tratamos ou como nós permitimos que nos tratem. Quer isto dizer que, quando nos apercebemos de algo errado em nós, devemos procurar corrigir para evitar que sejamos maltratados e desrespeitados. Os especialistas não têm dúvidas de que, uma pessoa agressiva atrairá muito mais facilmente relações tensas e baseadas na agressividade. Uma pessoa passiva e submissa terá uma maior tendência para se cruzar com pessoas interesseiras e que se aproveitam dessa sua incapacidade de reagir. É neste sentido que, os psicólogos afirmam que somos tratados exatamente como queremos. Assim, é da nossa total responsabilidade a capacidade de nos protegermos dos outros, seja de comentários negativos e depreciativos, seja de qualquer tipo de ofensa e de humilhação. Ao não permitirmos, ao nos afastarmos dessas relações, por exemplo, estamos desde logo, a dar passos importantes para não as vivenciarmos.
Ainda neste contexto, os especialistas falam de duas posturas erradas que não costumam ser positivas, pois nem a atitude agressiva e ofensiva é aceitável, muito menos a de submissão, de excesso de generosidade e de passividade nos conduz ao melhor caminho, pois acaba-se por agradar tanto aos demais que estes se tornam interesseiros e incapazes de nos dar valor.
Na posição dos mesmos entendidos, há um conjunto de dicas a que podemos recorrer quando queremos encontrar a melhor forma de nos afirmar perante os outros, são elas:
1- Aumentar a confiança em si mesmo
É difícil ser capaz de se afirmar perante os outros se não tiver consciência do seu valor. A baixa autoestima e a insegurança geralmente levam à aceitação de tratamentos abusivos ou à constante tentativa de agradar aos demais. Um aumento da autoconfiança permitir-lhe-à ser firme nas interações, o que também se vai refletir numa linguagem não verbal mais adequada (por exemplo, uma postura mais ereta, um tom de voz mais elevado ou um melhor contacto visual).
2- Estabelecer limites
Embora o ideal seja que todos sejamos tratados com respeito e gentileza, a realidade é que somos nós mesmos que mostramos aos outros como nos devem tratar. Assim, é fundamental estabelecer limites e garantir que os mesmos sejam cumpridos.
3- Valorizar-se
Para que outras pessoas o valorizem e respeitem, deve começar a agir dessa forma. Isso implica priorizar, cuidar de si e respeitar-se no seu dia a dia. Por exemplo, quando uma pessoa se considera valiosa, tentará oferecer a si mesmo bons relacionamentos, bons hábitos e rotinas saudáveis, cuidará das informações que consome e das atividades nas quais investe o seu tempo.
Quando a pessoa se torna a sua prioridade, os outros conseguem perceber isso e, os seus relacionamentos têm uma maior probabilidade de se alinhar com a nova conceção que tem de si mesmo. Dessa forma, apenas aqueles que o tratam com o mesmo respeito e consideração que você oferece a si mesmo permanecerão na sua vida.
4- Aceite-se e sinta-se melhor
É natural que acreditemos que, a nossa felicidade depende somente da aceitação dos outros. Com o passar dos anos e das experiências, vamos percebendo que é exatamente ao contrário: primeiro temos de nos aceitar tal como somos para depois podermos ser aceites pelos demais.
O nosso valor vem de dentro e, é refletido para o lado de fora: não ao contrário.
Por isso, o principal é começar a sentir-se bem consigo mesmo, capacitar-se e fortalecer o seu autoconceito. A partir daí, a atitude e os comportamentos serão modificados automaticamente, e são essas mudanças que vão gerar uma transformação das relações com os outros.
Os especialistas concluem que é tudo uma questão de treino, uma vez que, quanto mais exercitarmos as nossas habilidades, mais facilmente seremos capazes de as colocar em prática. Desse treino faz também parte a tentativa e erro, fundamentais para iniciar o processo a qualquer momento.
Fátima Fernandes
