Comportamentos

Quer esquecer um amor impossível? Estas dicas podem ajudá-lo/a

 
É verdade que a nossa memória regista tudo e que não se pode dizer que se consegue esquecer um grande amor, contudo, é preciso ter em conta que, nem todos os amores que vivemos são estáveis, duradouros e correspondidos.

Ao longo da vida apaixonamo-nos e amamos várias vezes, pelo que temos de nos preparar para a ideia de que nem todas as pessoas gostam de nós como gostaríamos sejam quais forem os motivos. Por essa razão, temos de nos munir de um conjunto de estratégias que nos permitam criar esse distanciamento e esse desapego necessário para esquecer alguém que não nos corresponde, que nos maltrata ou que simplesmente não se “encaixa” no nosso plano de vida ou não nos acrescenta.
 
Uma relação deve ser vivida de forma alegre, livre e feliz, para tal, temos de nos libertar de crenças que vamos acumulando da nossa cultura como sendo, “o amor para toda a vida”, “a nossa metade”, “o par ideal” e daí por diante, pois em qualquer ocasião podemos perceber que, afinal não estamos com uma pessoa que nos corresponda, que nos respeite e nos ame.
 
Para facilitar a tarefa, recorremos a um conjunto de dicas organizadas por especialistas em relações amorosas:
 
1. Defina a razão pela qual o amor que vive é impossível
 
Há uma grande diferença entre um amor difícil ou conflituoso e um amor impossível. Este último não tem possibilidade de existir. O caso mais típico, e também o que envolve mais dificuldades emocionais, é o de alguém que ama e não é correspondido. Talvez seja mais correto dizer que uma pessoa ama e precisa de outra, mas essa outra não sente o mesmo. O amor verdadeiro terá de ser sempre vivido a dois, pelo que, logo aí existe uma impossibilidade quando apenas uma parte se envolve.
 
Claro que se pode tentar conquistar alguém que não mostra interesse por nós, ainda assim temos de saber qual é o momento certo para desistir, pois quando percebemos que não há correspondência, mais vale abandonar a relação, fazer o luto e prepararmo-nos para amar alguém que igualmente manifeste o mesmo interesse por nós.
 
2. Analise as suas fantasias sobre o amor
 
É muito comum que a dificuldade em renunciar a um amor impossível venha de algumas fantasias que se têm estabelecido na nossa cultura. Por exemplo, a da “metade da laranja” ou a do “amor para toda a vida”. A partir desse imaginário surge a ideia de que existe apenas uma pessoa “predestinada” para ser o nosso par. Esta postura, tal como o próprio nome indica, é uma fantasia que não corresponde à realidade, pois duas pessoas são dois indivíduos, não duas metades para, em conjunto, fazerem uma bola ou uma laranja. O amor constitui-se por duas pessoas completas que se acrescentam mutuamente.
 
É de evidenciar que, o ser humano tem uma capacidade infinita de amar, pelo que, quando se enfrenta o fim de um relacionamento, isso não quer dizer que seja o fim da vida. Há um tempo para nos recuperarmos, mas depois e, isso varia de pessoa para pessoa, aos poucos, vamo-nos preparando para iniciar um novo relacionamento com um novo alguém.
 
Dizem os especialistas que, o passo seguinte será sempre mais positivo que o anterior, sobretudo porque já temos mais experiência adquirida, mais maturidade e lucidez, pelo que, não nos devemos deixar abalar com a constatação de que uma relação terminou. Para chegar a este ponto, não podemos ficar ancorados ao passado, às fantasias e aos sonhos. Temos de ver a realidade e assumir que aquela relação não podia dar certo e apontar os nossos motivos pessoais.
 
3. Reconheça os aspetos negativos
 
A paixão, e não o amor, leva-nos a idealizar facilmente outra pessoa e as situações. Muitas vezes, não nos damos conta disso e acabamos por acreditar demais na nossa imaginação. Acabamos por atribuir qualidades aos outros que eles na realidade não possuem e, são essas que nos magoam mais quando a relação termina. Mas quando olhamos frontalmente para o outro e reparamos que, efetivamente não possue esses atributos que nós lhe demos, torna-se mais fácil esquecer e seguir em frente. Este ponto é muito importante para esquecer alguém: ver o que realmente a pessoa é e não aquilo que nós queríamos que fosse.
 
Para facilitar a tarefa, faça estas perguntas a si mesmo:
 
Que defeitos tem essa pessoa que acredita amar tanto? Que aspetos insatisfatórios existem ou estavam nas situações que compartilhavam? Consegue imaginar a sua vida com essa pessoa num período de 10 anos? Como seria a vossa relação com as vossas diferenças? 
 
Responda com a máxima honestidade a estas questões e, quando terminar o desafio verá que tem uma lucidez muito maior e uma melhor capacidade de analisar a realidade.
 
4. Aceite que é o momento de esquecer
 
Este é o passo mais difícil. As pesquisas mostram que, quando uma pessoa quer estar num relacionamento amoroso com alguém e não é possível, são produzidas reações semelhantes às que um viciado tem durante a síndrome de abstinência. O desconforto emocional, e inclusive físico, às vezes torna-se difícil de tolerar.
 
E assim como ocorre com os vícios, o mais difícil é aceitar que a dependência existe, que gera um profundo sofrimento e que se sente impotente diante dela. Parece fácil de admitir, mas não é. Às vezes somos capazes de inventar e racionalizar qualquer pretexto para não aceitar que, de facto, somos vítimas de uma dependência. Quando a pessoa consegue aceitá-la, dá o passo mais importante, já que isso fortalece e esclarece os passos seguintes.
 
5. Elimine vínculos e suprima memórias
 
Depois de aceitar que é tempo de deixar para trás esse amor impossível, o que se segue é começar a cortar com todos os vínculos que subsistem. Isso significa não ligar, não tentar novos encontros, manter-se afastado dos amigos em comum e fazer tudo o que lhe permita romper os laços que mantém com essa pessoa. Em particular, ganhe coragem para cortar os contactos nas redes sociais que podem ser os mais traiçoeiros na posição dos especialistas.
 
Nesta mesma lógica, é necessário suprimir as memórias. Exclua as fotografias, desfaça-se dos presentes. Se ainda não está pronto para deixá-los, simplesmente reúna esses objetos e guarde-os num lugar de difícil acesso. Se a sua decisão já for mais firme, desfaça-se de tudo. É uma maneira de tirar o foco e diluir a presença desse amor impossível na sua vida.
 
6. Mude a sua rotina, experimente algo novo
 
É tempo de começar uma nova etapa. O amor impossível pode ter ocupado muitas das suas horas, dos seus dias e até dos seus anos. Deixá-lo ir não será nada fácil. No entanto, se se propõe  fazer essa mudança, tudo se tornará cada vez mais simples. Seguramente, há situações que gostaria de ter feito e não conseguiu durante esse tempo em que estava envolvido nesse amor, há locais que gostaria de ter visitado e pessoas com quem gostaria de estar. Aproveite esta nova fase para atualizar esses sonhos.
 
Este é um tempo em que se deverá sentir mais livre e predisposto para conquistas e descobertas, para tirar um curso, estudar um instrumento musical, viajar, enfim, fazer algo que lhe dê prazer ou desperte desde logo a sua curiosidade.
 
7. Dê tempo ao tempo
 
Há amores e amores, e alguns deles deixam marcas tão profundas que persistem e parecem resistir ao tempo e ás suas tentativas para esquecer, por isso, não tenha pressa, tenha sim em mente que deve esquecer essa pessoa.
 
Aceite que se trata de um processo longo que requer decisão, coragem e caráter. Custa e vão existir pequenas recaídas, mas o tempo irá ajudá-lo a crescer. Ao assumir que não quer manter essa relação e essa dependência, já está a dar um passo importante para se libertar e encontrar um novo caminho para a sua vida, mas aceite o seu próprio ritmo e o seu tempo.
 
Progressivamente sentirá mais paz e bem-estar interior. Irá descobrir que neste processo de amar e, depois, deixar ir, tem aprendido muito e tem crescido ainda mais. Certamente que vai notando diferenças significativas na sua forma de ser, estar e pensar, o que o vai ajudar a sentir-se também mais forte e de bem consigo mesmo. Boa sorte!
 
Fátima Fernandes