Comportamentos

Quer sair de uma relação tóxica? Saiba como

 
Viver um relacionamento tóxico não é desejável para ninguém, no entanto, são muitas as pessoas que arrastam esse tipo de convivência pelo medo de ficarem sozinhas, por pensarem que não conseguem construir uma relação melhor ou porque já têm a sua autoestima tão destruída que não conseguem reagir.

Na posição dos terapeutas de casal, «nenhum de nós deve permitir qualquer tipo de maus-tratos ou faltas de respeito no seio de uma relação. Quando tal acontece, devemos reunir todas as nossas forças para que nos libertemos desse tipo de convivência e, o mais rápido possível».
 
Embora todos os casais passem por momentos de crise, «há situações que ninguém deve tolerar».
 
O problema é que colocar um ponto final na relação nem sempre é fácil, pois há muitos sentimentos envolvidos e que, na maioria das vezes são manipulados. Além disso, ao idealizar a outra pessoa, acabamos por pensar que os seus comportamentos são normais ou que ela pode mudar, o que leva a um arrastamento no tempo.
 
Depois, é de anotar que, por norma, quem passa por um relacionamento tóxico, não se apercebe da dimensão do problema, sendo que, quando os amigos e familiares alertam para a situação, tendem a negar os factos, a desculpabilizar o parceiro ou parceira e, em muitos casos, ainda se sentem mais envolvidos com o agressor ou agressora.
 
Só quando a própria pessoa se apercebe que está a viver uma relação destrutiva é que encontra forças para  reagir, por isso,  tomar consciência é o primeiro grande passo para que se liberte.
 
Mas afinal, porque é tão difícil cortar com uma relação tóxica?
 
• A paixão faz com que a pessoa acredite que o seu parceiro pode mudar o mau comportamento ou que é apenas algo passageiro.
• A pessoa manipulada tem uma autoestima muito baixa, pelo que aguenta todo o sofrimento porque acredita que já não vai conseguir ter alguém na sua vida.
• A pessoa tóxica é muito manipuladora, pelo que se aproveita das fraquezas da outra para justificar o seu comportamento.
• O medo da solidão cria uma dependência emocional que impede que a vítima tenha uma atitude e termine essa relação.
• Existe o medo da reação da outra pessoa, principalmente quando se trata de alguém com comportamentos violentos.
 
É unânime entre os especialistas a ideia de que não é fácil sair de uma relação tóxica, no entanto, isso é possível com uma boa retaguarda e muita compreensão de quem rodeia a vítima. Para isso, é fundamental que a pessoa em causa tome consciência de que está a viver uma relação tóxica e que, efetivamente terá de sair dali. Identificar as condutas erradas é a base de todo o processo, pelo que, os especialistas lembram que, «se uma ou ambas as pessoas estão infelizes ou têm medo ou ansiedade em estar com a outra pessoa, é porque se trata de uma relação tóxica, em que há algo seriamente errado».
 
Registe que, «é normal ter discussões esporádicas dentro de um relacionamento sem que isso indique que há problemas graves. No entanto, se as discussões são constantes ou ultrapassam os limites, é preciso assumir que não se trata de uma conduta saudável.
 
Na mesma sequência, os terapeutas alertam que, uma relação é considerada tóxica quando reúne um ou mais destes pontos abaixo:
 
• Há dependência emocional de uma ou ambas as partes.
• Não há respeito, apenas muitas agressões verbais.
• O ciúme é incontrolável.
• Uma ou ambas as pessoas são possessivas e controladoras.
• Um dos parceiros não oferece apoio, apenas deprecia e impede o crescimento pessoal do outro.
• Há ataques constantes contra a autoestima.
• Há chantagem emocional, financeira ou familiar.
• Há constantes ameaças de um parceiro.
• Há episódios repetidos de violência física ou psicológica.
• Perda de privacidade e das relações sociais.
 
Para sair de uma relação tóxica é preciso saber muito bem o que se quer e o que não se pode aceitar nesse tipo de convivência. Depois, é fundamental perder o medo. Para isso,. a vítima deve recorrer a uma boa base de suporte, seja através de amigos e familiares, seja através das redes de apoio como sendo as autoridades competentes e a APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima.
 
Neste ponto, é de evidenciar que, em muitos casos, a vítima teme a reação do agressor e a crítica de familiares que, ainda envolvidos na noção de que “é normal” viver assim, acabam por não oferecer esse suporte. Assim sendo, os amigos e as instituições de apoio assumem um papel muito relevante.
 
Ao mesmo tempo, é imperioso que a vítima comece a construir a sua autoestima que, naturalmente está muito abalada. Para tal, o apoio psicológico é fundamental e deve ser desde logo colocado em marcha.
 
O conselho que se pode dar a estas vítimas é que nem percam tempo a tentar dialogar com quem já lhes fez tanto mal. O ideal é cortar o mal pela raiz, sair dessa relação sem discussões e de forma a evitar mais sofrimento. A seu tempo, as autoridades vão tratar das burocracias em torno do casal, mas com um mediador para evitar mais mau-estar e dor.
 
Um outro ponto importante é aceitar que todo o processo envolve dor. Assumir esse facto é indispensável para que a vítima se liberte mais rapidamente do sofrimento pelo qual passou e que o processo em si acarreta. Ao mesmo tempo, deverá começar a construir o seu projeto de vida com atividades que lhe proporcionam prazer e bem-estar. Tirar um curso, praticar exercício físico, conviver com amigos, iniciar um novo emprego, realizar um sonho que se arrastava e que era proibido nesse tipo de relação, são algumas dicas que pode seguir.
 
Praticar técnicas de relaxamento também é uma excelente opção para quem esteve muito tempo dependente de uma relação tóxica, por isso, desenvolva esta arte, em muitos casos, com o apoio de um profissional ou através de pesquisas na Internet que podem ajudar e, desfrute desses momentos de paz interior, tão essenciais a quem passou por uma fase tão dolorosa.
 
Se está a viver uma relação tóxica, não adie mais a decisão de lhe colocar um ponto final. Peça ajuda e liberte-se, há uma vida à sua espera!
 
Fátima Fernandes