Curiosidades

Sabe a razão pela qual a tristeza dura mais do que as outras emoções?

 
Seguramente que, o leitor já se interrogou acerca da razão pela qual a tristeza permanece durante muito mais tempo na nossa vida do que as restantes emoções.

A tristeza chega a instalar-se durante dias, semanas e por vezes anos se não for tratada. Para responder a esta questão, recorremos a uma publicação da revista A Mente é Maravilhosa que, suportada por alguns estudos, nos esclarece melhor sobre este assunto.
 
Antoine de Saint-Exupéry dizia que «a tristeza não deixa de ser uma vibração, e que quando ressoa, lembramo-nos de que estamos vivos». Talvez isso seja verdade, na medida em que, poucas emoções são um exemplo tão evidente do que é a existência: ter que lidar com deceções, enfrentar perdas, lidar com pesadelos e com o eco das coisas que já não voltam.
 
Também é unânime que, não é fácil superar essa emoção, que ninguém gosta de estar triste e que, cada pessoa vive a tristeza à sua maneira, pelo que de nada serve dizer “não fiques triste com isso. Tudo vai passar!”.
 
Ao mesmo tempo é de reter que, não se consegue armazenar a tristeza dentro de uma gaveta e fazer de conta que a mesma não existe, tal como não se consegue fugir desse estado de alma, muito menos fazer de conta que nada se passa.
 
A tristeza dura muito mais do que emoções como a surpresa, a alegria, o tédio, o nojo e até a raiva, sendo que existem diversas explicações para esse facto que, segundo a mesma revista se resumem da seguinte forma:
 
É comum que procuremos passar ao lado da tristeza e não assumir que a estamos a sentir porque a consideramos como uma marca de fraqueza, no entanto, Paul Ekman, psicólogo e pioneiro no estudo das emoções, afirma que, «o nosso universo psicológico seria muito melhor se compreendêssemos esses estados psicofisiológicos». Neste sentido, em vez de procurarmos fugir ou disfarçar a tristeza, é muito mais interessante que se vá ao fundo dessa emoção e se procure saber qual a sua causa e como é que a mesma pode ser trabalhada.
 
O mesmo psicólogo explica ainda que, «a tristeza dura mais do que as outras emoções porque é formada por muitas outras emoções. Ou seja, estamos diante de uma emoção que nunca vem sozinha. É como a tampa de uma garrafa: ao abri-la, descobrimos que no seu interior habitam a raiva, a irritabilidade e até o medo».
 
Neste sentido, o mesmo especialista defende que é preciso desembaraçá-la, saber do que ela é feita para nos ajudar a compreendê-la melhor para superá-la. No entanto, há mais fatores que explicam por que este estado emocional é mais persistente.
 
Segundo a mesma publicação, a tristeza é proporcional ao evento que a provoca e à forma como o interpretamos, pelo que é preciso analisar alguns exemplos:
 
Uma pessoa viveu uma relação durante cinco anos, mas ao fim desse tempo, chegou à conclusão que não vale a pena continuar e termina o relacionamento.
 
Após a separação e depois de tanto tempo a lutar por esse amor e a dar tanto de si, sente uma tristeza infinita. Esse estado continua dentro de si durante meses ou anos.
 
Por outro lado, outra pessoa nas mesmas circunstâncias interpreta a decisão da separação como um alívio. «Este pequeno exemplo demonstra algo muito simples: a tristeza dura mais do que outras emoções porque os seus gatilhos são mais transcendentes». mas também porque estão vinculados a factos que podem ser traumáticos. No entanto, isso também depende da forma como essa vivência é interpretada.
 
Quer isto dizer que, muito além de como filtramos o facto, também temos que considerar as nossas habilidades de enfrentamento. Há pessoas que dispõem de um enfoque mais resiliente na hora de lidar com as adversidades. Outras, pelo contrário, caem em estados de desamparo que prolongam o mal-estar.
 
Um outro aspeto a ter em conta é o perigo da ruminação: quando os pensamentos alimentam a tristeza. Neste contexto, a Universidade de Lovaina realizou um estudo para aprofundar um pouco mais a compreensão das emoções. Os investigadores tinham interesse em saber quanto duram, em média, realidades psicofisiológicas como a alegria, o medo, a vergonha, etc. Algo que ficou em evidência é que a felicidade não é um estado tão duradouro como costumamos acreditar.
 
O mesmo estudo permitiu clarificar que, emoções como o medo, a surpresa, o tédio e o nojo são muito breves. No entanto, na análise realizada houve um estado que era sempre percebido como duradouro: a tristeza.
 
Na tentativa de responder a essa questão,  os cientistas quiseram compreender a razão pela qual a tristeza se instala nas nossas vidas durante meses ou anos e, a resposta está nos nossos padrões de pensamento.
 
Depois, é de ter em conta que, a ruminação e o facto de pensar de forma contínua no estímulo que desencadeou este estado dificultam o seu desaparecimento. Pensar continuamente na situação de perda ou deceção, segundo os mesmos especialistas, agrava o estado da pessoa, já que torna a tristeza mais duradoura e intensa.
 
Além disso, noutras ocasiões, podemos experimentar esta emoção sem que exista um motivo específico. No entanto, o nosso pensamento continua a ser “um caldeirão” que alimenta o desânimo, que eleva a temperatura do sofrimento e da negatividade, concluiu a mesma fonte.
 
Fátima Fernandes