Para identificar uma pessoa honesta é preciso conviver com ela mais de perto e avaliar as suas características e comportamentos. No entanto, há traços que se evidenciam facilmente e que nos mostram que estamos na presença de uma pessoa sincera e com características especiais.
Ao mesmo tempo, é preciso ter em conta que, de um modo geral, todas as pessoas se consideram honestas, pelo que facilmente podem ser induzidas em erro quando analisam alguém em função das suas próprias características.
Em linhas gerais, a pessoa sincera e honesta é aquela que não se preocupa em agradar aos outros só para ser aceite, mas sim por respeito pelo outro. A pessoa honesta diz o que pensa sem ferir o outro, ainda assim não deixa de dizer a verdade. Por norma, o que pensa e o que faz estão em conformidade e, não sendo uma preocupação, é um princípio básico de vida: ser coerente nas mais variadas situações.
As pessoas honestas são leais e firmes nas suas convicções, e embora por vezes se sintam desconfortáveis, são hábeis no momento de criar vínculos fortes e significativos com pessoas que consideram possuir esses valores.
Na prática, todos gostaríamos de ser honestos e sinceros, mas a verdade é que, nem sempre somos capazes de dizer e de demonstrar aquilo que pensamos e que sentimos pelo medo da crítica alheia, já que apesar de todos gostarmos da sinceridade, nem todos estamos preparados para lidar com ela. No caso das pessoas que se assumem como honestas, isso não constitui um problema, uma vez que até se sentem mal quando não dizem o que pensam, ainda que procurem a melhor forma de o transmitir. Nunca é demais sublinhar que ser sincero e honesto não traduz dizer tudo o que nos passa pela cabeça e da pior forma possível, mas sim expressar a nossa verdade sem perder de vista o respeito pelo outro. Não temos de ferir e magoar alguém só para erguermos a nossa bandeira da honestidade.
Muitas pessoas dizem que não conseguem ser sinceras porque têm medo de ferir os outros, de serem rejeitadas e por terem limitações sociais que as impedem, no entanto, podemos pensar antes de reagir e dizer o que pensamos da melhor forma para garantir que nos respeitamos a nós próprios e aos outros. Essa é uma arte acessível a todos, basta querer ser fiel aos seus princípios e querer manter as relações com outras pessoas. Encontrar esse equilíbrio é muito importante e gratificante.
Uma das grandes qualidades das pessoas honestas é a sua grande coragem para se assumirem tal como são e uma enorme vontade em serem coerentes consigo mesmas. Estas pessoas assumem que são honestas e mostram-no nas mais variadas ocasiões. Fazem questão de ser exatamente assim e não abdicam dessa sua característica que se reflete no seu comportamento.
As pessoas honestas constroem relações baseadas na confiança e, não sendo fácil de reparar no imediato, estas pessoas revelam-se no tempo e com as suas ações, pelo que exigem que os outros tenham também atributos comuns para se ligarem emocionalmente. Não percamos de vista que, uma pessoa honesta não consegue conviver com uma pessoa mentirosa e desonesta, por isso, estuda e observa primeiro o outro para se certificar de que apresenta valores semelhantes, já que isso é um requisito para se darem aos outros.
Em suma, é de anotar que as pessoas honestas não perdem tempo com pessoas e em situações de que não gostam.
Para comprovar este ponto, a Universidade Julius-Maximilians de Würzburg, na Alemanha, realizou um estudo que aprofunda um pouco mais esta dimensão e concluiu que, as pessoas honestas costumam poupar tempo em muitas das suas conversas. São pessoas francas, que “vão a direito” e que não gostam de rodeios
E não perdem muito tempo com algo que não lhes agrada ou que não vai ao encontro dos seus valores. Vincam muito bem o que é a assertividade e o respeito e, facilmente marcam a sua distância perante aquilo que não querem ou que não lhes agrada.
Ao fazer isso, não dão nem esperam muitas justificativas. Sabem que não é adequado prolongar situações que, com o passar do tempo, podem ser contraproducentes, verificou o mesmo estudo.
As pessoas honestas nem mentem, nem toleram a mentira. Partindo do pressuposto de que todos nos consideramos honestos e que julgamos não mentir, o professor de psicologia Dan Ariely, autor do livro “A mais pura verdade sobre a desonestidade”, adianta que, não importa se mentimos, se aquilo que pensamos e aquilo que dizemos não coincide. Quase sempre mantemos essa autoimagem intocável, na qual raramente nos abandona o senso da honestidade. No entanto, para as pessoas honestas é preciso haver uma concordância entre a mente, as palavras e o comportamento. As pessoas honestas não toleram enganar-se a si mesmas e aos outros. Estas pessoas não mentem porque isso lhes causa uma incómoda dissonância cognitiva que ataca a sua identidade e autoestima, sublinha o mesmo autor.
As pessoas honestas defendem a máxima: “”personalidades relaxadas, mentes tranquilas”, o que as torna mais felizes e com mais saúde.
Segundo Anita E. Kelly, professora de psicologia na Universidade de Notre Dame em Paris, as pessoas honestas sentem-se bem consigo mesmas de tal forma que só se relacionam com pessoas que lhes devolvam os mesmos sentimentos, logo só procuram gente honesta para as suas relações. Na posição desta autora, não mentir, ser sincero e verdadeiro produz uma poderosa sensação de bem-estar. Esse equilíbrio interno, essa paz mental reverte-se na própria saúde.
As pessoas honestas também sabem construir relações mais significativas precisamente porque, para elas é um esforço enorme ser desonesto e mentiroso. É essa dissonância cognitiva que gera mal-estar, tensão e incómodo.
Por isso, as pessoas honestas valorizam acima de tudo poder construir relações baseadas na confiança. Não apenas se mostram de maneira autêntica, sincera e respeitosa com quem as rodeia, mas também exigem o mesmo daqueles que fazem parte do seu dia a dia. Na prática, as pessoas honestas não têm muitos amigos, mas as relações que estabelecem são verdadeiras, íntegras e muito gratificantes.
Para concluir, é de destacar que, a honestidade é um princípio ético, um valor que ajuda a criar uma sociedade mais íntegra e saudável. No entanto, essa dimensão que todos acreditamos ter nem sempre é aplicada de forma real e respeitosa. Frequentemente, caímos nas mentiras complacentes, essas que camuflam verdades e sentimentos.
Importa realçar que, não podemos dizer o que pensamos a todo o momento. Nesse sentido, determinados filtros são recomendáveis, no entanto, mais ou menos disfarçada, a sinceridade é um pilar muito importante do respeito pelos outros e por nós mesmos.
Fátima Fernandes
