A Síndrome do Impostor refere-se a pessoas que são muito empenhadas e capacitadas nas várias áreas, mas que não se reconhecem e identificam como tal.
Estas pessoas não conseguem assumir os seus talentos pelo que, por norma, quando alguém as elogia ou fazem referência às suas qualidades, acabam por dizer “que é sorte”, “que é o destino”, “que foi Deus que lhes deu essa ajuda” ou que foi alguém que as ajudou de alguma maneira. A grande dificuldade em se reconhecerem nas suas próprias qualidades dá lugar a esse tipo de explicações que ainda reduzem mais a autoestima de quem padece desta síndrome.
Muitas vezes, confunde-se este tipo de explicações para os atributos pessoais como excesso de modéstia, no entanto, o Psicologia Viva chama a atenção para a presença da Síndrome do Impostor, uma vez que não é “normal” a pessoa não olhar para si mesma e ser capaz de reconhecer o seu próprio valor.
Na posição dos psicólogos, este é um quadro muito comum e que requer uma intervenção especializada sobretudo porque afeta muito a vida pessoal e profissional de quem padece deste problema.
Em termos gerais, a Síndrome do Impostor «é uma desordem psicológica que pode afetar pessoas bem-sucedidas de diversas áreas de atuação. Quem possui este problema não consegue reconhecer as suas realizações pessoais e profissionais como fruto da sua capacidade e do seu esforço». Ao contrário disso, «deposita as suas conquistas a outros fatores, como sorte, ajuda de terceiros ou até à intervenção divina».
É ainda de evidenciar que, a pessoa portadora desta síndrome vive um misto de sentimentos que envolvem insegurança, baixa autoestima, complexo de inferioridade, perfecionismo, apreensão e, principalmente, medo de ser descoberta e exposta, isso porque acredita plenamente que é uma fraude e que a sua incompetência será evidenciada a qualquer momento, completam os mesmos psicólogos.
Uma das causas possíveis para este padrão disfuncional de pensamento é o excesso de cobranças do núcleo familiar, desde a infância. Pais que exigem um excelente desempenho e são muito críticos em relação às falhas dos filhos podem contribuir para a falta de autoconfiança e para o sentimento de desvalorização das habilidades, sustenta o Psicologia Viva. É ainda de realçar que, esta síndrome acarreta um sentimento constante de inadequação, mesmo diante de elogios e reconhecimento externo, e pode evoluir para outros transtornos como ansiedade generalizada e depressão.
Um ponto a reter são os sinais que envolvem esta síndrome, já que, será a partir daí que se pode pedir ajuda especializada. Assim, é de sublinhar que, perante o medo de serem desmascaradas e apontadas como um fracasso, estas pessoas sentem-se impostoras e elaboram uma série de mecanismos de defesa para lidar com o sentimento de insegurança e inadequação. Para aprofundar mais o assunto, o Psicologia Viva alerta para estar atento a estes 5 sinais:
1. Esforço exagerado
Quando falamos em esforço exagerado, não nos referimos apenas à dedicação e ao trabalho duro, mas à obsessão por mostrar resultados que justifiquem o sucesso e eliminem qualquer tipo de dúvida em relação à capacidade da pessoa.
2. Autodepreciação
Excesso de autocobrança, intolerância às próprias falhas e necessidade de agradar a todos são alguns dos traços das pessoas que se consideram impostoras. Acreditam que não são boas o suficiente e que não merecem o sucesso que têm.
3. Medo da exposição
Pelo medo de ser descoberto, avaliado e julgado, o indivíduo com Síndrome do Impostor tenta passar despercebido, prefere a discrição e evita exposições. São pessoas que sofrem em silêncio e que raramente dividem as suas apreensões com alguém, justamente por terem receio de que os outros venham a concordar com a sua incapacidade.
4. Procrastinação
As pessoas com essa desordem têm o hábito de adiar tarefas e compromissos porque são perfeccionistas e têm medo de que o resultado do seu trabalho seja insatisfatório e criticado por outros.
5. Autossabotagem
O suposto impostor encara o fracasso como algo inevitável e, impulsionado pela alta carga de ansiedade, começa a agir de forma a minar as suas próprias conquistas.
O Psicologia Viva avança que, para a pessoa se libertar deste problema é necessário que assuma que esta condição lhe tem prejudicado a qualidade de vida e impedido de progredir nos seus projetos e planos.
Com a ajuda de um profissional qualificado, conseguirá ter mais autoconhecimento, o que é fundamental para identificar os pensamentos disfuncionais que coíbem a evolução e a valorização das suas potencialidades.
O acompanhamento psicológico vai ajudar a descobrir quais são os pontos fortes e talentos para fortalecê-los, assim como respeitar as suas falhas e limitações, reformular o pensamento e compreender que ninguém é perfeito, concluem os mesmos especialistas deixando a mensagem da importância de enfrentar esta realidade quando a mesma existe seja em si, seja em alguém que lhe é próximo.
Fátima Fernandes