Curiosidades

Sabia que a dor emocional pode ser mais dolorosa que a física?

 
É comum dizer-se que, “uma má palavra dói mais do que uma faca afiada” e não é por acaso, pois está provado que, a dor emocional é mais dolorosa que a dor física. Sentimo-nos muito mal quando temos uma preocupação, quando nos dececionamos com alguém ou quando andamos muito ansiosos, pois adoecemos e não sabemos porquê.

Segundo os especialistas nesta matéria, as emoções e as dores físicas estão quase diretamente relacionadas, o que muitos de nós já experimentamos em mais de uma ocasião, pelo que é cada vez mais comum que, perante uma queixa, o médico procure despistar o que se possa estar a passar com a pessoa que, em muitos casos, apresenta dores generalizadas e não tem um motivo aparente para as estar a sentir.
 
Os especialistas não têm dúvidas de que, a dor emocional se reflete na dor física, sendo que, não raras vezes, adoecemos quando nos sentimos abandonados, trocados por outra pessoa, quando uma relação termina ou quando nos desiludimos com alguém. A dor é tão intensa que se chega a afirmar que “temos o coração partido”.
 
Sinais como cansaço,  desânimo,  falta de energia e até dormência muscular e articular despertam-nos para a ideia de que algo não está bem. A causa para que tal aconteça prende-se com a relação entre as emoções e a dor física que tem vindo a ser estudada há vários anos. Neste contexto, a psicologia e a medicina encontraram uma correlação íntima entre a dor emocional e a dor física. Este fenómeno designado por “somatização”, mostra-nos a união entre mente e corpo, algo que, como bem sabemos, era posto em causa nos séculos passados com o modelo cartesiano clássico.
 
Desde então, existe na medicina um maior cuidado ao realizar o diagnóstico, uma vez que, em muitos casos, senão na maioria, existe uma ligação direta entre a depressão e a dor de cabeça, dores musculares, alterações digestivas e até cenários em que se agrava o estado de pacientes com dores crónicas. Além disso e, no âmbito da investigação neurobiológica, destaca-se que boa parte das formas de dor física está relacionada ao stress emocional.
 
Neste contexto, são cada vez mais os trabalhos científicos que alertam para a necessidade de se fazer um diagnóstico médico que inclua os sentimentos do paciente, que entenda que a raiva e a tristeza também condicionam (e muito) o bem estar físico, pelo que,
 
Afton Hassett destacou que, «a ampla gama de emoções que os seres humanos experimentam tem um impacto sobre o corpo, tanto positivo como negativo». De acordo com o mesmo investigador, esse impacto pode ser favorável ou doloroso e evidenciou que, entre as emoções menos agradáveis para o organismo, estão a tristeza e a raiva. Ter sofrido, por exemplo, maus-tratos na infância, sofrer a dor do abandono de um dos pais, sofrer uma perda ou ter passado por um relacionamento afetivo complicado;  deixa marcas no corpo. Já no que se refere a sintomas físicos, o mais comum é a dor nas costas, sublinha o mesmo especialista.
 
Além disso, nesta ligação entre as emoções e a dor física, é importante destacar a raiva e, sobre esse ponto, o Dr. Hassett destaca como as pessoas mais raivosas ou que escondem os seus sentimentos e desconfortos apresentam, em média, uma maior hipersensibilidade à dor. Da mesma forma, também são mais propensas a sofrer dores de estômago, enxaquecas, dores nas articulações, entre outras. Em suma, «a dor emocional dói mais do que a dor física», defende o mesmo especialista.
 
Tendo por base um estudo publicado na revista Psychological Science e realizado pelos médicos Adrienne Carter-Sowell e Zhanheng Chen, as chaves para compreender esta relação entre emoções e dores físicas estão nos seguintes pontos:
 
O sofrimento emocional pode ser duradouro em muitos casos. Enquanto a dor física é temporária, a dor causada pelas emoções pode durar anos e até a vida inteira.
 
Não gerimos bem as emoções negativas. Fatores como o não processamento adequado do luto por uma perda ou uma separação podem tornar esse sofrimento crónico. O mesmo acontece com a raiva. Ao passarmos muito tempo a esconder a raiva e as nossas frustrações, esses sentimentos acabam por nos comprometer o bem-estar físico e emocional provocando dores e desconforto.
 
Os autores do mesmo trabalho de investigação citados pela revista A Mente é Maravilhosa, lembram que, a dor física não pode ser revivida, mas as pessoas são muito propensas a ativar a dor emocional ocasionalmente. Ou seja, não podemos sentir o impacto de um osso partido da mesma forma, mas podemos reviver o sofrimento provocado por aquele acontecimento adverso do passado.
 
Como solução, os entendidos realçam que não é fácil, mas é fundamental aprender a gerir as nossas emoções, pelo que, «não devemos deixar para amanhã o que nos preocupa e dói hoje». Devemos ir ao fundo de nós e tentar compreender a razão pela qual nos sentimos desconfortáveis, o motivo pelo qual estamos com raiva, estamos tristes e até procurar compreender a razão das nossas cólicas, dores no pescoço e daí por diante, pois só dessa forma passaremos a conseguir controlar as nossas emoções e, a partir daí, melhorar a nossa qualidade de vida.
 
É ainda de anotar que, na maioria das situações, a pessoa não consegue fazer este processo sozinha, pelo que deve recorrer à ajuda de um psicólogo e, em muitos casos, de um psiquiatra para poder ultrapassar a situação. Com empenho e dedicação, com uma boa relação entre o especialista e o paciente, certamente que os resultados positivos vão surgir e a pessoa ficará muito mais desperta para a vida e com muitos mais motivos para sorrir. Na posição dos especialistas, será assim que vai conseguir ultrapassar as suas dores físicas: tratando a dor emocional.
 
Fátima Fernandes