Sociedade

Saiba a razão pela qual é tão importante nos relacionarmos (bem) uns com os outros

 
Existem muitos apontamentos que defendem a importância de mantermos relações positivas com as pessoas, de nos afastarmos de pessoas tóxicas e de nos protegermos de quem nos transmite más influências, já que isso afeta a qualidade de vida e a saúde.

 
Na publicação Inteligência Social, Daniel Goleman não tem dúvidas do quão é essencial para a qualidade de vida que façamos estas escolhas e, sobretudo que não percamos o contacto presencial uns com os outros.
 
Este livro dá continuidade ao anterior sobre Inteligência Emocional e mostra o quanto o “eu” sai beneficiado com um simples cumprimento entre duas pessoas na rua. O autor demonstra bem a importância de não resumirmos a nossa vida às redes sociais e aos equipamentos tecnológicos, já que é no contacto presencial que muita da nossa saúde e qualidade de vida se processa. Não é por acaso que somos seres sociais, é porque precisamos de nos relacionar uns com os outros e de descobrir novas habilidades para o fazer cada vez melhor.
 
Em resumo, a descoberta mais fundamental desta nova ciência é que “somos desenhados para nos conectar”.
 
Daniel Goleman chega à conclusão de que a neurociência descobriu que o design real do nosso cérebro o torna sociável, inexoravelmente somos levados a uma íntima conexão cérebro-a-cérebro sempre que interagimos com outra pessoa.
 
Esta ponte neural permite-nos “atritar” o nosso cérebro, e assim o corpo, com todas as pessoas com quem contactamos, sendo uma relação recíproca.
 
O autor refere-se a encontros tão banais quanto o estar numa fila de supermercado e trocar algumas palavras com outra pessoa ou ir na rua e encontrar um conhecido. Basta esse encontro para que se ativem emoções, sejam elas agradáveis ou desagradáveis.
 
Ao mesmo tempo, o livro sugere que, quanto mais nos conectarmos emocionalmente com alguém, maior será a nossa força mútua, já que as trocas mais poderosas ocorrem com aquelas pessoas com quem gastamos a maior quantidade de tempo dia sim, dia não, particularmente aquelas que mais queremos bem e com quem se dança “um tango emocional”.
 
Os sentimentos resultantes têm consequências de longo alcance, já que penetram sorrateiramente através dos nossos corpos, enviando “cascatas de hormonas” que regulam os sistemas biológicos desde o coração até nosso sistema imunitário.
 
Se esse é o lado positivo das relações humanas, não menos crucial é o oposto, pelo que, nesse sentido, a ciência está a avaliar o impacto negativo das relações no nosso cérebro e no corpo em geral e de que forma as mesmas limitam o nosso sistema imunitário.
 
Segundo Goleman, “os nossos relacionamentos moldam não apenas a nossa experiência, mas também a nossa biologia”. A ligação cérebro-a-cérebro permite relacionamentos mais poderosos e que nos moldemos de maneiras tão benignas e profundas quanto os genes são (ou não são) ativados nas células-t (os nossos soldados do sistema defensivo na constante batalha contra bactérias e vírus invasores).
 
De um modo geral, isto quer dizer que, “relacionamentos agradáveis têm um impacto benéfico sobre a nossa saúde, enquanto que os tóxicos podem agir como pequenas doses de veneno que, a longo prazo acarretam prejuízos”.
 
Fátima Fernandes