Curiosidades

Saiba como as defesas emocionais afetam a nossa qualidade de vida

 
Já percebeu a razão pela qual usa defesas emocionais?

Ao longo deste artigo baseado numa publicação do Personare, vamos perceber como funciona o processo e aprender a responder às seguintes questões: “já parou para pensar acerca das repetições negativas que faz na sua vida?”, “Já percebeu o que se esconde por trás da sua postura mais rígida e inflexível perante determinadas situações?” “ E o que dizer da forma como se posiciona no mundo?” e “Já pensou nas defesas que utiliza recorrentemente e que não se aplicam ao presente, mas sim a situações que já aconteceram?”
 
Certamente que este apontamento o vai ajudar a melhorar a sua postura perante si próprio e com os demais.
 
Em primeiro lugar, é preciso registar que, ao longo do nosso percurso, passamos por situações positivas e negativas, pelo que, naturalmente aprendemos a desenvolver determinados comportamentos. Como o próprio nome indica, defesas emocionais são a nossa capacidade de nos protegermos de situações emocionalmente difíceis e evitar que passemos pela mesma situação novamente e, que sintamos a mesma dor da primeira vez. Quer isto dizer que, ao vivenciarmos uma situação emocionalmente difícil, muitas vezes não conseguimos elaborar internamente o acontecimento de maneira saudável. Quando isso acontece, criamos defesas para evitar entrar em contacto com tal emoção e vivenciá-la novamente em outras circunstâncias. Dessa forma, vamos formando um grande conjunto de mecanismos de defesa, ou seja, maneiras já condicionadas e padronizadas de comportamento e de reação.
 
As defesas emocionais funcionam como um “escudo protetor” que, se por um lado pode parecer positivo, por outro, limitam-nos a criatividade e a forma como olhamos para nós próprios e para os outros, já que estamos sempre numa perspetiva defensiva e de alerta.
 
O grande problema do excesso de utilização deste comportamento defensivo é que, o mesmo faz diminuir a nossa capacidade de lidar com as situações de uma forma livre e descontraída e até condiciona a aprendizagem face a situações novas, pois criamos uma “barreira” ao novo.
 
É um facto que, essas defesas provocam uma certa estabilidade, um certo equilíbrio emocional e uma aparente sensação de conforto, mas a sua padronização reduz a criatividade enquanto que nos deixa menos flexíveis para lidar com as situações. Assim, é de anotar que, quando a proteção é enrijecida, lidamos à defesa, mesmo perante situações que não estão a ocorrer naquele momento, mas que já ocorreram no passado. Reagimos ao que já aconteceu, sem atualizar as nossas dores e agir com base apenas no que existe no momento presente.
 
Os psicólogos alertam que, essa forma de estar na vida e nas situações funciona como uma armadilha, pois. ao nos colocarmos de maneira tão defensiva, criamos situações e relações que repetem o padrão anterior, gerando justamente aquilo que tentamos evitar.
 
Na posição dos mesmos especialistas, a forma como a pessoa se coloca no mundo acaba muitas vezes por contribuir para fazer acontecer a situação da qual se estava a defender. Quer isto dizer que, a nossa visão de mundo afeta as atitudes e potencializa os acontecimentos que queríamos evitar. Um exemplo disso seria uma pessoa que não quer ser atacada e, para isso, se coloca de maneira agressiva com o outro. No fundo, já se está a defender mesmo antes de ser atacada, o que dará lugar precisamente a um ataque.
 
Os especialistas na área da psicologia alertam que, a pessoa que se defende antes de ser atacada, já está a transmitir um sinal negativo ao outro que facilmente culminará com uma ameaça real. Se, pelo contrário, estiver mais descontraída, certamente que evitará toda a situação. Afinal, nós atraímos exatamente aquilo em que acreditamos, sublinham.
 
O mesmo acontece com uma pessoa que tem medo de ser rejeitada e que, por isso, não se dá aos outros. Com essa postura defensiva em que se retrai, acaba mesmo por ser colocada de parte, pois não dá nada de si que lhe permita mostrar ao outro uma disponibilidade para partilhar e conviver.
 
Da mesma maneira que criamos defesas inconscientes que se refletem em comportamentos e reações padronizadas, estas mesmas proteções também são refletidas no corpo. Segundo a teoria da Psicoterapia Corporal, proposta por Wilhelm Reich, as funções corporais e psicoemocionais estão completamente interligadas. Somos uma unidade mente-corpo.
 
Para nos defendermos de uma vivência emocionalmente intensa que não pode ser bem elaborada, formamos bloqueios de energia vital em determinado local do corpo correspondente àquela emoção. Seria o mesmo que colocar o pó debaixo do tapete, ou seja, para não olhar para aquilo que o incomoda, escondemos o  que não queremos ver e vamos acumulando. Da mesma forma, bloqueamos a circulação de energia em determinada região do nosso corpo para evitar o contacto com aquela emoção específica. Como resultado, criamos enrijecimentos e disfunções corporais, como tensão ou flacidez muscular, e todos os inúmeros tipos de doenças e sintomas.
 
Por exemplo, a tristeza requer uma expressão através do choro. Ao chorar, acontecem alterações respiratórias, expressões sonoras e faciais e movimentos musculares. Quando o contacto com o sentimento de tristeza é bloqueado, o choro precisará de ser reprimido, contendo a sua expressão corporal característica. Como consequência, há uma contenção muscular e respiratória que tende a tornar-se crónica. O mesmo acontece com outros impulsos e emoções, como o medo, a raiva e o desejo sexual. Para não entrarmos em contacto com o sentimento e a vivência dolorosa que não pode ser bem elaborada, inconscientemente contemos e reprimimos os impulsos corporais associados à emoção e, dessa forma, são inúmeras as alterações corporais que acontecem.
 
Sendo assim, segundo os especialistas nesta matéria, enrijecemo-nos para não sentir e acabamos por não viver a vida na sua totalidade. Não expressamos os nossos potenciais, o melhor que somos e temos, tudo por estamos retraídos no meio das nossas defesas, sempre tentando antever o que pode acontecer. Na realidade, as situações nunca acontecem exatamente como esperamos ou prevemos, por isso, logo aí se torna inútil dedicar-lhes tanto tempo e atenção, depois, quando acontecer, saberemos resolver o que estiver à nossa frente. Este é um pensamento que procura abreviar e aligeirar a realidade para que consigamos viver de forma mais livre e descontraída, pois na realidade não controlamos tudo, sublinham os psicólogos.
 
Na posição dos mesmos especialistas, a pessoa que se quer libertar destas defesas emocionais deverá passar por um processo terapêutico que vai envolver uma incidência na tomada de consciência para esta realidade. Deverá realizar uma psicoterapia que envolva a componente corporal para que, simultâneo, se possa libertar do problema. É preciso ir ao fundo de todas estas questões e encontrar novos significados para a sua existência, recomendam os entendidos.
 
A partir dessa compreensão e do processo de autoconhecimento e dissolução dessas camadas de defesa, vamo-nos abrindo para outras possibilidades e para uma vida mais próspera, saudável e feliz, concluem.
 
Fátima Fernandes