Comportamentos

Saiba como o stress altera a nossa personalidade

 
Durante muitos anos defendia-se a teoria de que, “a partir de determinada fase de vida, a nossa personalidade já não se altera”, no entanto, os estudos demonstram que, o stress é capaz de nos modificar a personalidade e inclusive fazer com que o próprio indivíduo não se conheça a si mesmo.

Em pouco tempo, a pessoa começa a sentir-se apática, irritável, sem paciência para nada, sem motivação, com mau humor e muito pessimismo, razão pela qual começa a notar muitas diferenças em si mesma e a não gostar da forma como reage, mas em muitos casos, tem essa consciência, mas não consegue fazer nada para melhorar.
 
As primeiras alterações na personalidade verificam-se em pessoas que eram positivas, otimistas, confiantes e de bem com a vida, uma vez que as mesmas passam a apresentar-se de forma oposta.
 
Por essa razão, as pessoas stressadas começam a sentir-se cada vez piores porque não se identificam com essa mudança e não percebem a razão para tal ter ocorrido. Os especialistas chamam-lhe o problema dos tempos atuais: o stress.
 
Na posição dos entendidos na matéria, as pessoas stressadas sofrem muito porque passam a encarar o mundo de uma forma obscura, negativa, com uma sensação de cansaço e de desmotivação e, acima de tudo porque se apercebem de como eram e em que pessoas amargas se tornaram, pelo que, em muitos casos, o segredo é pedir ajuda especializada. O médico de família pode ser o primeiro contacto, a que se pode seguir um psicólogo e, em casos mais graves, um psiquiatra, sendo que, o primeiro passo é enfrentar o problema, assumir que não estamos bem e pedir essa ajuda o mais rápido possível.
 
Tenha em mente que, o stress pode modificar-nos a personalidade de várias formas, por exemplo, uma pessoa que era conhecida pela sua simpatia, disponibilidade e bom humor, pode passar, num curto espaço de tempo, para alguém amargo, sem motivação e mal humorado.
 
Os especialistas alertam que, podemos sentir essas mudanças em nós mesmos e observá-las nos outros também. Um parceiro que muda radicalmente, um colega de trabalho que, em poucos meses apresenta alterações significativas, são alguns exemplos a que devemos estar atentos para poder ajudar.
 
Devemos verificar se a pessoa mudou de comportamento, e se apresenta algum destes sintomas: tornou-se reticente, responde mal, frustra-se facilmente e começou a ver problemas onde via soluções e desafios.
 
Na posição dos especialistas, o stress torna-nos pessoas pessimistas. Essas mudanças ocorrem porque a nossa personalidade flutua e passa por alterações. Tal acontece especialmente em face de eventos ou experiências adversas com as quais aprendemos e que nos fazem ver o mundo (e a nós mesmos) de maneira diferente. Algo assim é positivo porque nos permite crescer e progredir como seres humanos. No entanto, existem também experiências menos animadoras nas quais o stress crónico, se mantido por muito tempo, gera várias mudanças que são mais do que evidentes em nós.
 
Na mesma sequência, os entendidos explicam que, o stress crónico (não o pontual) muda a nossa personalidade porque nos torna pessimistas. «O estado de desamparo e esgotamento psicológico é tão profundo que emanam emoções tão adversas como o pessimismo, a negatividade e a angústia que inundam tudo», sublinham os entendidos na matéria.
 
Ao mesmo tempo, o stress muda os nossos circuitos neurais, na medida em que ativa uma rede cerebral composta pelo hipotálamo, a glândula pituitária e o córtex adrenal. Tudo isso provoca a libertação de vários compostos muito semelhantes à cortisona, como os glicocorticoides. O mais conhecido e de maior impacto no cérebro e no corpo é o cortisol. Assim, é o efeito dessa hormona que faz com que o stress altere a nossa personalidade.
 
Ficamos mais exaustos, não conseguimos focar-nos, temos lapsos de memória e também vivenciamos o que se chama de “hipersensibilidade ao meio ambiente”. Qualquer estímulo é experimentado de forma intensa. É por isso que nos falta paciência, que engrandecemos as pequenas coisas e que qualquer circunstância nos esgota.
 
Segundo os especialistas, o impacto do stress pode ser reduzido, ainda que tenhamos de assumir que, tanto o stress como a ansiedade fazem parte das nossas vidas, pelo que, o propósito não é fazê-lo desaparecer, mas sim colocá-lo num ponto intermediário onde possamos ter total controle sobre essas realidades psicológicas. Assim, caso o nosso stress seja crónico, é altamente recomendável pedir ajuda.
 
Em casos mais leves, pode sempre adotar estas dicas:
 
1- Estabeleça prioridades. Na medida do possível, é aconselhável simplificar e organizar o nosso dia a dia.
 
2-  Pratique meditação; onde se inclui o mindfulness que é excelente para controlar o stress.
 
3- Inicie uma tarefa e leve-a até ao fim. É proibido pensar e realizar várias atividades ao mesmo tempo.
 
4- Trace objetivos positivos ao longo do dia: inscreva-se num curso, reserve duas horas para si mesmo, faça uma caminhada, ouça música ou esteja simplesmente sem fazer nada.
 
5- Cuide do seu diálogo interno. A mesa redonda é o espaço em que colocamos os nossos pensamentos em evidência, encontramos soluções para os nossos problemas e, muito importante, identificamos aquilo que nos inquieta.
 
Essa conversa connosco deve estar sempre a nosso favor, deve ser gentil e habilidosa ao mesmo tempo para detetar pensamentos negativos e incapacitantes.
 
6-  Saiba as pessoas com quem pode contar, já que são elas o suporte nos melhores momentos e naqueles menos positivos.
 
7- Identifique aquilo que lhe provoca stress para que possa controlar-se melhor e minimizar esse impacto negativo.
 
Sabendo que o stress nos altera a personalidade, não devemos permitir que este seja mais forte do que nós. Para tal, aos primeiros sinais dessa mudança, devemos olhar para dentro de nós, procurar sinalizar o que se passa e intervir da forma mais adequada. Já o referimos acima, mas reforçamos que, em casos mais graves, deve pedir ajuda especializada.
 
Fátima Fenandes