Comportamentos

Saiba o que se esconde por detrás de quem critica os outros

 
Segundo Jorge Cassieri, “A crítica é um lugar onde colocamos a nossa raiva. Criticamos porque consideramos que, essa é a melhor forma de não termos de nos confrontar connosco próprios”.

Todos nós já contactámos com uma crítica destrutiva e já nos perguntámos acerca da razão pela qual a pessoa nos fez isso. Para ajudar nessa tarefa e, recorrendo a uma publicação da revista A Mente é Maravilhosa, vamos explicar o que se passa com as pessoas que julgam e criticam os outros com uma facilidade incrível.
 
Segundo a mesma revista, é comum que se critiquem os outros sem uma razão construtiva. Tal acontece porque quem julga e critica destrutivamente os outros, está a esconder aquilo que não quer ver em si mesmo. Em detalhe, os psicólogos da mesma revista clarificam as razões que levam alguém a assumir esse comportamento, confira-as aqui:
 
1. Os sentimentos de inferioridade
 
Os sentimentos de inferioridade podem ser uma motivação para criticar os outros. As pessoas querem à força ser superiores e acabam por criticar os outros para se demarcarem. A crítica é o recurso mais utilizado para o fazerem já que, dessa forma, conseguem colocar o outro num plano inferior ao seu.
 
Essas pessoas instáveis e inseguras tentam satisfazer a necessidade de se sentirem poderosas e superiores, independentemente dos meios, mesmo que seja a passar por cima de alguém e a prejudicar a sua imagem através das críticas.
 
2. A insatisfação consigo mesmo
 
Segundo os mesmos psicólogos, criticamos os outros para que os nossos próprios defeitos sejam minimizados diante dos demais e de nós mesmos. Quando criticamos alguém,  iludimo-nos de que o problema está na outra pessoa e não em nós mesmos. Quando criticamos convencemo-nos de que os outros também erram, e de que os seus erros são maiores do que os nossos para não nos sentirmos tão mal.
 
Assim, quando criticamos mostramos os reflexos do que nos incomoda em nós mesmos: projetamos os nossos medos e inseguranças. Na verdade, quando não aceitamos algumas das nossas características e as reconhecemos nos outros, as mesmas geram uma grande rejeição e ativam o nosso sentido crítico. Este fenómeno é conhecido como “o eu rejeitado”.
 
As pessoas ciumentas e invejosas são muito críticas. Quando se sentem inferiores a alguém ativam um mecanismo de defesa que consiste em diminuir as qualidades da outra pessoa através da crítica. Nestes casos, é normal que aumentem os defeitos do outro e até os inventem.
 
De acordo com os especialistas da mesma revista, “como essas pessoas não estão acostumadas a fazer autocríticas, canalizam as suas energias para julgar os outros. Neste sentido, olham para o outro, porque temem o que podem ver em si mesmas”.
 
3. A necessidade de se integrar na comunidade
 
Há pessoas cujas relações sociais se baseiam na crítica alheia. Alguns estudos mostram que, para garantir a nossa participação num grupo, muitas vezes tendemos a criticar as pessoas de grupos diferentes. Dessa forma, a crítica atua como um reforço desse “sentimento de pertença”, para si mesmo e, muitas vezes, para os outros membros do grupo.
 
Neste contexto, a crítica é muito influenciada pela atitude do grupo. Se este aprova e aceita, é muito provável que as críticas aumentem de intensidade e frequência. Por outro lado, em caso de rejeição, a pessoa que procura fortalecer o seu “sentimento de pertença” vai procurar  outros caminhos.
 
Finalmente, quando acreditamos que somos especialistas em algum assunto, podemos criticar os outros para demonstrar o que sabemos e reafirmarmos a nossa posição. Isto reflete uma falta de autoestima e um desejo de admiração não resolvido ou mal resolvido, em qualquer caso, insatisfeito.
 
4. Vingança e cobardia
 
Uma das razões que podem levar alguém a criticar outra pessoa pode ser o desejo de vingança. Pode haver situações que não foram totalmente assimiladas, estão mal resolvidas ou sem perdão. Nestes casos, a crítica é usada como uma ferramenta de humilhação e vingança. Quando não temos coragem de dizer algo “na cara” de uma pessoa que nos prejudicou recorremos à crítica para esconder a nossa frustração, raiva ou insatisfação.
 
Ainda neste contexto, é de assinalar a crítica destrutiva, uma vez que, é essa que pode dar lugar a uma vingança e, segundo os entendidos nesta matéria, esta vingança processa-se através da manipulação.
 
Às vezes, critica-se com a intenção perversa de colocar alguém contra a pessoa criticada, para bani-la do grupo ou para isolá-la.
 
5. Narcisismo e egocentrismo
 
A crítica destrutiva também resulta da ilusão de que os outros têm de estar ao nosso serviço e fazer tudo o que pretendemos. Essa atitude narcisista demonstra que, quando acreditamos que não estamos a colher os resultados que julgamos merecer, a única “arma” para nos protegermos é recorrer à crítica de quem supostamente “nos deve” essa devoção e subserviência.
 
Estas pessoas acreditam que são especiais e que merecem um tratamento especial por parte dos demais. Tornam-se muito críticas e destroem a imagem dos outros só porque os demais não as evidenciam como gostariam.
 
Na posição dos especialistas da mesma revista de opinião e entretenimento, «é inquestionável que as críticas, quaisquer que sejam as suas formas, são inevitáveis». Neste sentido, como explica Stamateas, aplica-se a “lei dos três terços”. Existe um terço de pessoas que nos amam, outro terço de pessoas que nos odeiam e outro terço são pessoas que não nos conhecem e, mesmo assim, falam de nós.
 
Para finalizar, os mesmos especialistas recomendam que, «para gerir e conviver com esta epidemia social de críticas destrutivas devemos afastar-nos ou proteger-nos dessas pessoas tóxicas. Essas pessoas são seres negativos cujo padrão de comportamento é envenenar aqueles com quem convivem ou que simplesmente não lhes ligam, sendo a sua base colocar uns contra os outros.
 
Assim, não nos deixarmos influenciar por esse modelo de comportamento e não nos permitirmos ser cúmplices dessa maldade, é a melhor solução para termos uma vida mais tranquila e feliz».
 
Fátima Fernandes