Curiosidades

Se perdermos um comboio, apanhamos outro

 
Certamente que, muitos dos nossos leitores já ouviram a expressão “A vida tem três comboios que tens de apanhar para teres sucesso” e, com esta angústia de não saberem qual é o “comboio certo”, acabam por se ver perdidos numa estação, sem saber que decisão devem tomar.

 
Começo já por lhe dizer que, a vida tem os comboios que o leitor quiser, basta que tenhamos presente a noção de que aprendemos ao longo de todo o nosso percurso e, para tal, elaboramos “verdades temporárias” para nos orientarmos. Em cada etapa de vida, são-nos exigidos determinados conhecimentos, os quais acrescentamos com a nossa personalidade e forma de estar, razão pela qual, quando vamos aplicar aquilo que sabemos, fazemo-lo de forma pessoal e criativa.
 
Partindo desta base que defendo e na qual acredito até pela minha experiência, posso garantir-lhe que, temos muitos comboios para perder e para apanhar. Podemos até mudar de meio de transporte e da companhia de passageiros quando os mesmos nos desagradam, tal como podemos saborear vários destinos ao longo da nossa vida.
 
Efetivamente, perdemos uns comboios que não nos interessam ou que simplesmente nos atrasamos, mas apanhamos outros muito parecidos ou até mais sofisticados. Perde um Intercidades e apanha o Alfa, por exemplo! Se preferir, pode se deslocar de avião que é igualmente cómodo e se calhar mais rápido em longas distâncias. É o leitor quem toma estas decisões e não “a vida”.
 
É importante que cada pessoa se assuma tal como é e que evidencie as suas preferências para não se sentir “condenado” no que não lhe faz sentido. Refiro-me a tudo na vida. Não é por ter tirado um curso de engenharia que terá de ser engenheiro, pode aproveitar esse conhecimento para os seus trabalhos em casa. Não é por ter escolhido uma casa numa determinada cidade que terá de lá permanecer toda a vida. Não é por se ter casado que terá de suportar uma relação que se foi esclarecendo no tempo e que não o preenche.
 
Temos de encarar a vida com a mesma naturalidade com que somos constituídos. O ser humano precisa de desafios, objetivos, sonhos e de se manter ativo. Precisa igualmente de dar e receber amor, precisa de conforto e carinho, pois desde bebé que sabe desfrutar daquele aconchego do colo e quer repetir infinitamente essa sensação, por tudo isto, certamente que não se irá incomodar de ter perdido um comboio e de se ter de levantar mais cedo no dia seguinte se quer chegar a horas!
 
Quando percebe que existe algum tipo de incompatibilidade com o meio de transporte, cria uma alternativa e é assim a nossa vida, livre e sempre criativa para encontrar soluções para os nossos problemas.
 
Naturalmente que “é uma condenação” termos de viver atrás de previsões que nos fizeram e ainda mais sabendo que ninguém melhor conhece a nossa vida que nós mesmos. Ao mesmo tempo, não podemos aceitar de forma impávida e serena os ditos populares de quem estava mais afastado dos livros e do conhecimento e que nos foi mostrando esse exemplo de vida.
 
Esses métodos orientaram quem não sabia viver de outra forma, mas hoje sabemos ler e escrever, temos a obrigação de nos orientarmos por métodos mais elaborados e que nos ajudem a sermos mais felizes.
 
Temos a obrigação de procurar saber mais quando temos dúvidas, quando desconhecemos, quando precisamos de mais informação. Aprendemos as ferramentas para nos podermos defender de outra forma, por isso frequentamos a escola e tiramos partido desses conhecimentos. Podemos e devemos estudar ao longo da vida ou simplesmente alimentar o gosto pela leitura que é tão importante para ler o mundo de outra forma.
 
Saibamos que, “a preguiça” de não ir a uma biblioteca buscar um bom livro, resulta muitas vezes na procura de mestres disto ou daquilo para recebermos orientações disto ou daquilo.
 
Com a minha experiência aprendi que, devemos ouvir os outros, mas ter sempre em conta que, ninguém gosta mais de mim que eu mesma.
 
Nesse sentido, não existe neste mundo ninguém que me queira dar um conselho melhor do que aquele que eu posso retirar da minha vivência. Perante isto, amigo leitor, sonhe e apanhe os comboios que entender e que conseguir, pois desde que pague o seu bilhete e que se saiba comportar durante a viagem, ninguém o pode impedir de apanhar este ou aquele comboio, muito menos criticar a companhia que escolheu para a viagem e, ainda menos o destino que escolheu para descobrir.
 
Fátima Fernandes