Família

Segredos para educar com apego

 
Segundo os especialistas nesta matéria, existem tantas formas de educar quanto a quantidade de pais que existe no mundo.

Cada família decide como quer educar os filhos sendo que, os especialistas vão fornecendo estratégias cada vez mais evoluídas e baseadas no conhecimento específico. Cabe aos pais a escolha pelo seu modelo sendo importante procurar responder às dúvidas inerentes ao processo.
 
Tem vindo a ser defendido na comunidade científica que, o modelo educativo baseado no apego é um segredo a ter em conta quando se pretende desenvolver filhos felizes e saudáveis, pelo que, neste apontamento baseado numa publicação da revista Sou Mamãe, vamos transmitir-lhe algumas dicas que pode adotar para implementar esse estilo educativo.
 
Desde logo, registe que tudo começa desde muito cedo. O apego começa a desenvolver-se no útero materno quando os pais conversam, ouvem uma boa música e a mãe procura ter uma gravidez o mais tranquila possível.
 
O ambiente familiar estável e seguro é a base para que tudo se desenvolva da forma mais adequada, saudável e feliz.
 
Chegado o momento de receber o bebé, pode sempre seguir estas orientações com base na   teoria do apego de Ainsworth e Bowlby (1991):
 
1.Estabelecer laços emocionais desde o nascimento
 
É importante começar a ligação com o bebé desde o útero materno e, para isso, é possível recorrer aos sons agradáveis, marcar a presença de ambos os pais ao longo da gravidez, procurar que a mãe esteja tranquila, que mantenha uma boa relação com o seu companheiro e que ambos conversem com o bebé, que acariciem a barriga e que vão demonstrando o seu afeto diariamente. Será dessa forma que o bebé começa a desenvolver uma ligação emocional com os pais.
 
Após o nascimento, é fundamental promover o contacto pele a pele, já que,  essa proximidade física é muito importante nos primeiros dias, pois ajuda a estabelecer a amamentação, acalmar o recém-nascido e fortalecer o vínculo entre mãe e filho.
 
2. Oferecer amamentação ao bebé
 
O leite materno é o melhor alimento para o bebé humano, pois contém todos os nutrientes necessários para o seu bom desenvolvimento. Além disso, protege a criança contra várias doenças para as quais ainda não desenvolveu defesas. Mas um dos aspetos mais importantes da amamentação é a possibilidade de oferecer carinho, proteção e conforto ao bebé. Essa maneira natural de prolongar a conexão física que se iniciou durante a gravidez proporciona vários benefícios emocionais à saúde de ambos.
 
3. Garantir o contacto corporal
 
Contrariamente à crença popular que diz que não se deve colocar muito tempo o bebé ao colo porque isso o mima e “estraga”, Ainsworth e Bowlb defendem que o contacto físico é uma necessidade básica do bebé, principalmente nos primeiros dias de vida. Por isso, não hesite em carregar o seu filho, deixá-lo dormir no seu colo ou abraçá-lo quando chorar. O corpo da mãe continua a ser um refúgio, um lugar seguro para ele.
 
4. Dormir perto do bebé
 
Outra das práticas fundamentais da criança criada  com apego defendida por Ainsworth e Bowlby é permitir que o bebé durma o mais perto possível dos pais. Assim, o berço deve ser colocado ao lado da cama dos pais para que se mantenha a proximidade. Este facto também facilita a amamentação a meio da noite e o apoio em caso de choro.
 
Com esta prática, evita-se o medo, a angústia e o desconforto gerados pela solidão e pelo escuro.
 
Os pais não precisam de se preocupar com futuras dependências do filho porque, à medida em que vai crescendo, e tendo o seu sono regulado, o bebé estará preparado para dormir sozinho no seu próprio quarto e com a garantia de que será mais estável e seguro.
 
5. Responder às demandas do bebé
 
O choro é a única forma que o bebé tem ao seu dispor para manifestar o que está a sentir e a necessitar, por isso, não o deixe chorar. Procure ajudá-lo e saber aquilo de que precisa. Através do choro, o bebé consegue comunicar-se com os pais e mostrar-lhe que está com medo, com frio, com calor, com fome, com sono e daí por diante.
 
É importante que os progenitores tenham em conta que, quando o bebé chora, não tem qualquer intenção de manipular os pais, muito menos de desafiar-lhes  os limites, ou prejudicá-los. Chora porque precisa de alguma coisa  e porque é um ser completamente dependente dos adultos.
 
Se os pais ignoram o choro do bebé, estão a transmitir-lhe a ideia de que ele não poderá contar com eles.
 
6. Não ter medo de oferecer carinho
 
Segundo Ainsworth e Bowlby, «o afeto é um dos principais alicerces da criação com apego. Beijos e abraços, massagens e carinhos nunca são demais quando se trata de criar um bebé».
 
Com esses gestos simples, os pais fazem-no sentir-se valioso, protegido, importante e amado desde os primeiros dias de vida. E isso terá repercussões extremamente positivas na sua personalidade e quando for adulto.
 
7. Exercitar a disciplina positiva
 
Ser afetuoso e respeitoso não significa ser permissivo ou indulgente. Limites, regras e consequências são uma parte fundamental da educação de uma criança. Esses valores fornecem a orientação e a direção necessárias para alcançar a autonomia.
 
Punir, bater ou gritar são atitudes que não têm lugar nesse estilo educacional. Em vez disso, o diálogo, o respeito e a compreensão são os pilares que sustentam essa disciplina em casa. O reforço positivo e as consequências naturais são algumas técnicas para motivar o comportamento apropriado nas crianças.
 
8. Incentivar ambos os pais a cuidar do bebé
 
É importante destacar que a criação com apego se estende, de certa forma, a todo o núcleo familiar. Ambos os pais devem estar envolvidos na criação e no cuidado do bebé.
 
O afeto e o respeito devem fluir em todas as direções, uma vez que os bebés precisam de crescer num lar harmonioso, onde os relacionamentos são positivos. Além disso, os pequenos devem  sentir-se amados, respeitados e cuidados pelos pais igualmente.
 
Em suma, a criação com apego é um estilo que fomenta a proximidade entre pais e filhos desde muito cedo e que se entende que, esse modelo conduz a um desenvolvimento mais estável, saudável e feliz.
 
Assim, como já foi referido acima, cada família decide quais os pontos que quer incluir no seu modelo educativo, mas é importante que anote que, o apego dos pais se assume como muito importante para criar adultos cada vez mais seguros e de bem com a vida.
 
Fátima Fernandes