Curiosidades

Será que sofre de ecoísmo?

 
Em primeiro lugar, importa referir que, ecoísmo é o oposto de narcisismo, ou seja, são pessoas que optam por se esconder e por ter medo de aparecer em público; vivem na sombra.

 
Tendo por base uma publicação da revista A Mente é Maravilhosa, ecoísmo é um termo que se tornou popular nos últimos anos. Foi originalmente descrito em 2005 por Dean Davis, um psicanalista americano. De um modo geral,  o ecoísmo é um traço das pessoas que se caracteriza pela incapacidade de aceitar elogios, expressar as suas preferências nos relacionamentos  e até mesmo pedir ajuda aos demais.
 
A mesma revista sublinha que, os ecoístas costumam atrair-se por narcisistas, desenvolvendo um sentimento de admiração, mas quando são vítimas de maus-tratos, acabam por se sentir culpados e por viver um profundo mau-estar em silêncio pelo medo de se expressarem. Esta admiração exacerbada resulta de uma grande necessidade de ter alguém a quem adorar; admirar.
 
O ecoísmo é uma característica, não um transtorno, mas é melhor compreendido se for abordado como uma estratégia de sobrevivência: A Mente é Maravilhosa explicita que, estas pessoas dão tudo em troca de muito pouco para conseguirem manter essa relação, o que leva a que, em muitos casos, sejam usadas e abusadas pelos demais.
 
Citado pela mesma revista, o psicólogo Craig Malkin, investigador e autor de Rethinking Narcissism, adianta que,  o ecoísmo é um medo extremo de parecer narcisista de alguma maneira. Ao contrário do narcisista que atrai a atenção e deseja sentir-se especial, os ecoístas temem a atenção especial, mesmo quando positiva.
 
Malkin e os colegas descobriram que os ecoístas tendem a concordar com afirmações como “tenho medo de me tornar um fardo” ou “quando as pessoas me perguntam sobre as minhas preferências, muitas vezes sinto-me perdido”. Embora essas características possam parecer-se muito com o comportamento agradável das pessoas comuns ou até mesmo com a humildade, Malkin diz que «há uma grande diferença».
 
Na sua forma mais benigna, o ecoísmo pode produzir traços de servilidade, inibindo demasiadamente a expressão de pensamentos e desejos. Na sua forma mais extrema, pode descrever um modo de vida em que o indivíduo renuncia à sua própria voz e pode causar um completo isolamento dos demais.
 
Na base das causas está a infância e o modelo educativo pelo qual a criança passou.
 
Para os entendidos na matéria, «os ecoístas parecem ter nascido com mais sensibilidade emocional do que a maioria». Quando esse temperamento é exposto a um dos pais que os envergonha ou castiga por ter alguma necessidade, é provável que essa criança cresça com um alto grau de ecoísmo, sublinham.
 
É também de considerar que, se o indivíduo for filho de um pai narcisista que impõe a sua vontade, será difícil para essa criança ouvir ou conhecer os seus próprios pensamentos e desejos. Essa mesma experiência pode resultar num narcisista que assume os desejos dos pais em ter tido um filho especial. É repetido o mesmo comportamento do pai em questão, acreditando ser especial ou mais importante que os outros. Neste ponto, a mesma revista avança que, não está claro, nessa fase, se existe algo inato que influencie essa criança a tornar-se narcísica ou ecoísta.
 
Na vida adulta, os ecoístas costumam viver de acordo com o mantra: “Quanto menos espaço você ocupa, melhor”.
 
Ainda assim, é importante notar que nem todas as crianças com pais narcisistas se tornam ecoístas e nem todos os ecoístas têm cuidadores impulsionados pelo ego. “O ecoísmo é uma característica que existe até certo ponto em todos nós”, diz Malkin.
 
Importa ainda sublinhar que, os ecoístas não são definidos pela passividade, uma vez que podem ser bastante ativos na descoberta e na procura do que os outros precisam. Os ecoístas podem ser excelentes ouvintes, mas sentem-se menos confortáveis em falar sobre a sua privacidade com os demais, sobretudo porque têm medo de se sentir um fardo na vida dos outros.
 
A Mente é Maravilhosa realça que, devido a questões culturais e ao medo de serem considerados como fracos, os homens são quem menos recorre à ajuda especializada para tratar este problema. As mulheres acabam por ser mais corajosas, uma vez que, a sua qualidade de vida se vai complicando à medida em que consideram que dar-se mais numa relação é perigoso e acabam por sufocar de tanto oferecer e receber muito pouco em troca devido a esse medo de se exporem. Muitas vezes são aconselhadas por amigas a pedir esse apoio ou acabam por seguir o exemplo de outras pessoas nesse sentido.
 
O tratamento para o ecoísmo passa pela terapia que, apesar de ser um processo longo e complexo, pode ajudar a aliviar uma parte significativa desse sofrimento. A pessoa sente-se confortada ao compreender o que se passa consigo e ao ter a prova do psicólogo de que “não é normal” viver nessa angústia e estado de submissão perante os demais.
 
Ao compreender a sua infância e as causas que a levaram a tornar-se ecoísta, muitas pessoas encontram um novo sentido para as suas vidas e aproveitam o lado benigno dessa característica, evidenciam os entendidos.
 
Fátima Fernandes