Família

Tudo o que precisa de saber sobre uma relação aberta

 
Em primeiro lugar, importa registar que, nem todas as pessoas estão preparadas emocionalmente para iniciar uma relação aberta.

Os valores, as crenças, a forma de estar na vida, podem determinar essa preparação e até predisposição. Depois, é fundamental ter em conta que, essa deve ser uma decisão conjunta, em que ambos os parceiros devem estar de acordo e, acima de tudo, definirem como é que a relação se vai processar a partir daí.
 
Na posição dos especialistas em terapia de casal, as relações abertas só podem existir em casais muito seguros e onde existam acordos muito claros, pois caso contrário, será fácil que a relação se degrade ou mesmo termine. Ambos os elementos da parceria amorosa devem ter esse desejo de iniciar a relação aberta e ter bem definidos os seus objetivos.
 
Em linhas gerais, uma relação aberta é aquela que se desenvolve numa base de liberdade para conhecer outras pessoas ou manter uma relação de poliamor. O casal decide que quer manter o seu casamento ou união, mas incluindo outras pessoas no seio dessa parceria. Para tal, tem de existir um conjunto de requisitos tais como:
 
1.Possuir uma autoestima elevada
 
Quem aceita viver uma relação aberta, tem de sentir muita confiança em si mesmo para não cair no medo de perder o parceiro ou parceira. É preciso assumir e acreditar que se é sempre a principal escolha, pelo que, o ciúme não pode ter lugar nesta forma de estar na vida e numa relação. Basicamente, as outras pessoas não podem afetar o núcleo  do casamento, uma vez que, quem entra na relação apenas oferece estímulo sexual e emocional para que a união do casal melhore e conheça outros desafios.
 
2.Saber claramente como comunicar e respeitar as regras
 
Neste ponto importa sublinhar que, quem aceita uma relação aberta, domina as habilidades de comunicação porque sabe que, as mesmas são um fator fundamental em todos os relacionamentos, mas muito mais neste tipo de relações abertas. Para que não haja mal-entendidos ou egos feridos, cada detalhe deve ser discutido antecipadamente com absoluta liberdade. Assim, no início, são estabelecidas as regras e as condições da relação, seja para o casamento, seja para os terceiros que integram a relação aberta. Se os padrões forem cumpridos, os problemas serão muito reduzidos, pois todos aceitam as condições do jogo.
 
Da mesma forma, é importante sublinhar  que, a qualquer momento, essas regras podem ser revistas e negociadas para que a relação funcione melhor.
 
3.Não estar preso a convenções moralistas
 
Neste ponto é de realçar que, homens e mulheres que aderem a certas convenções religiosas ou culturais que defendem a monogamia dificilmente terão sucesso numa relação aberta. O mesmo acontece com os pensamentos machistas que incluem,, a posse das mulheres.
 
Nestes casos, as convicções são tão profundas e fortes que os riscos de uma separação são muito elevados. Para que uma relação aberta funcione, ambos os parceiros têm de possuir uma mente muito aberta e conhecer muito bem os seus limites e crenças para evitar entrar em choque com as regras deste tipo de relação.
 
Depois, os terapeutas de casal também alertam para a necessidade de separar com clareza o que é uma relação aberta de uma infidelidade. É um facto que, há pessoas que consideram que uma relação aberta é um tipo de infidelidade disfarçada, ainda assim, isso não corresponde à realidade, mas sim à incapacidade de um dos elementos conseguir corresponder aos desafios e exigências desse tipo de relação. Também é comum que, pessoas que não aceitam as relações abertas, que inclusive as criticam, tendem a atribuir-lhes características que não correspondem à verdade e à essência desse tipo de relacionamento.
 
Ainda de acordo com os terapeutas de casal, há uma diferença muito clara entre os dois conceitos, sendo que, a infidelidade é, basicamente, uma mentira, uma traição à confiança que o parceiro deposita na pessoa infiel. É a quebra de um compromisso estabelecido entre duas pessoas, que juram ser leais e exclusivas uma com a outra. A infidelidade é o ato pelo qual uma pessoa mantém um vínculo amoroso ou sexual com um terceiro sem o conhecimento do seu parceiro.
 
Os relacionamentos abertos também incluem vínculos com terceiros, mas a diferença é que os mesmos ocorrem com a concordância de todas as partes. Portanto, não há mentira que possa prejudicar o pilar da família e da confiança.
 
Para finalizar, os mesmos especialistas evidenciam que, a qualquer momento um dos parceiros ou ambos podem decidir terminar com uma relação aberta, sendo que, nestes casos, é necessário um bom diálogo, muita compreensão e capacidade de retomar a relação sem a participação de terceiros. Também pode acontecer que, um dos membros se apaixone por um desses terceiros e que se decidam pela monogamia, pelo que, todas as partes devem estar preparadas para um desfecho diferente daquele que foi inicialmente planeado.
 
Também é comum que a relação funcione bem e durante muito tempo, que se mudem os terceiros ou que estes igualmente se mantenham, tudo depende da qualidade dessa relação aberta e das expetativas dos seus intervenientes. Em qualquer das situações, sempre que ocorrerem problemas, o terapeuta de casal é uma preciosa ajuda!
 
Fátima Fernandes