Família

Vive relações de dependência emocional? Este artigo pode ajudá-lo/a

 
Contrariamente ao que se possa pensar, as relações de dependência emocional não se referem somente aos casais, uma vez que essa necessidade de depender de alguém acontece também nas relações familiares ou de amizade.

Trata-se pois de uma relação tóxica que acarreta muito sofrimento, muito embora a pessoa em causa acredite que viverá muito pior sem essa relação tóxica e da qual depende.
 
Este complexo estado psicológico faz com que seja impossível que a pessoa rompa com um relacionamento que lhe causa sofrimento, muito embora esteja consciente de que existe um problema e que vive uma relação difícil de suportar. Ainda assim, estas pessoas consideram-se incapazes de cortar qualquer vínculo com a outra pessoa.
 
Importa salientar que, uma relação de dependência nada tem de saudável, a começar logo pela instabilidade que provoca e pela destruição contínua da autoestima. A pessoa dependente idealiza o outro à sua medida, seja ele companheiro/a, amigo/a, mãe ou pai, sem esquecer que, tem muito medo da solidão e de uma rejeição, por isso acaba por fazer tudo para agradar e para ser aceite. Nunca é demais reforçar que se trata de uma relação desequilibrada e destrutiva; um verdadeiro vício que vai anulando, aos poucos, quem sofre dessa dependência.
 
Na posição dos especialistas, viver uma relação de dependência emocional é o mesmo que se «enterrar em vida», na medida em que se trata de «um ato de automutilação psicológica», onde o amor próprio, a autoestima e a sua essência «são oferecidas irracionalmente».
 
Depois, importa compreender como é que se vive a dependência nos vários tipos de relação, já que, só assim é possível mudar algo. No ambiente familiar a relação de dependência está presente quando um dos membros demonstra um apego excessivo pelo outro. O seu comportamento é obsessivo, sufocante e será algo “estranho”, especialmente para a pessoa que percebe essa dependência. Um exemplo comum desse tipo de relações é quando um dos pais apresenta uma enorme necessidade de controlar um dos filhos. Tal ocorre com uma necessidade de saber tudo o que o filho faz, mas há sempre a desculpa de que está preocupado para justificar essa necessidade obsessiva. Cabe ao filho em causa colocar os limites ao pai ou mãe, mas para isso terá de suportar os seus apelos, vitimização, chantagem e daí por diante.
 
Ainda no seio familiar, também temos o exemplo da criança que precisa muito da aprovação dos pais para tudo e, especialmente para se sentir segura. Segundo os especialistas, esta criança renunciará a determinados projetos ou oportunidades por medo de se afastar dos pais.
 
A principal causa desta dependência reside numa ligação afetiva desequilibrada, com muita carência afetiva e um vínculo emocional débil.
 
É de sublinhar que, ao longo das várias etapas de vida podemos deparar-nos com uma relação de dependência, mas temos de nos proteger e não permitir que a mesma avance no tempo, já que as suas consequências são desastrosas.
 
No que se refere a relações de dependência nas amizades ou no ambiente social, podemos acrescentar que, quem se encaixa neste tipo de grupo apresenta uma grande necessidade de ser reconhecido pelos outros para se sentir aceita. Talvez por isso passe muito tempo preocupado com os problemas das outras pessoas, enquanto se esquece de si mesmo e dos seus próprios problemas. Este tipo de pessoas procura a autoestima nas relações externas e não percebe que «não se encontra fora aquilo que não existe dentro de nós».
 
Estas pessoas encontram neste tipo de relação o próprio sentido da vida, o entusiasmo de se sentirem conectados com os outros, o desejo de “servir para alguma coisa” e de se sacrificarem para que os outros sejam felizes. É dessa forma que procuram ser felizes também. Como já sabemos, as pessoas dependentes deixam a sua felicidade nas mãos dos outros, o que também é uma realidade quando de emoções se trata.
 
Importa ainda evidenciar que, uma pessoa que depende dos outros tem o profundo desejo de se sentir especial para aqueles que quer ao seu lado, razão pela qual faz de tudo para agradar e para conquistar esse lugar de relevo, mas na maior parte das vezes, senão sempre, acaba por sofrer uma desilusão após a outra, por se dedicar em demasia e por não colher aquilo que pretende, por isso, o ideal é «fugir desse tipo de relação enquanto conseguimos», alertam os psicólogos.
 
Segundo os mesmos especialistas, é muito provável que, uma pessoa que é dependente emocional o seja na maior parte das relações que vive, seja com o companheiro/a, nas amizades e no meio social, tudo porque a sua educação familiar assim já o facilitou.
 
É ainda de interesse referir que, uma pessoa que depende emocionalmente de outra faz disso um modo de vida, não tem planos e objetivos pessoais, apenas vive em função de quem espera ter alguma atenção e acolhimento. Da mesma forma, estas pessoas procuram sempre “ídolos” autoritários, gente exploradora, agressores ou narcisistas. Tal acontece devido essencialmente à sua grande vulnerabilidade e também porque, uma pessoa de bem com a vida e consigo mesma, «não aceita ter um escravo em seu redor».
 
Em termos de tratamento para esta realidade tão negativa, os entendidos na matéria recomendam a psicoterapia, uma vez que, o especialista vai ajudar o paciente a se reencontrar, a construir a sua autoestima perdida muitas vezes na infância e a encontrar formas de vida viável. Com uma boa autoestima, será muito mais fácil selecionar melhor as relações e ganhar segurança e autonomia, advertem os entendidos na matéria.
 
Fátima Fernandes