Comportamentos

Vulnerabilidade: a chave para uma relação bem sucedida

 
Contrariamente ao que possa parecer, a capacidade de sermos frágeis e de permitirmos mostrar ao outro o que sentimos, é o que mais aproxima os casais.

É um facto que, a maior parte de nós tem muita dificuldade em mostrar-se ao outro tal como é, sobretudo pelo medo de ser magoado, gozado, humilhado ou minimizado, mas na posição dos especialistas, mostrarmo-nos ao outro tal como somos, é o primeiro passo para a construção da cumplicidade, do diálogo aberto, da empatia e da manutenção de uma relação duradoura.
 
Neste contexto, é fundamental reter que, a vulnerabilidade não é ser fraco, muito pelo contrário, é ter coragem para se assumir como pessoa que tem momentos melhores do que outros, que tem a sua força interior e que igualmente possui fraquezas.
 
Na posição dos entendidos em terapia de casal, para nos conseguirmos mostrar à nossa parceria amorosa tal como somos, precisamos de um treino diário, pois ao longo dos anos, foi-nos incutido precisamente o contrário. Era uma vergonha dizermos ao outro que temos medo de alguma coisa, que nos dói algo, que estamos tristes e daí por diante. Por essa razão, a maior parte das pessoas começou a utilizar uma máscara de proteção emocional de forma a evitar expressar o que sente e o que pensa.
 
Com essa forma de estar na vida, arrasta-se muito mais sofrimento e, torna-se muito difícil conviver com o outro, sobretudo quando estamos tristes ou doentes, pois como é que se consegue esconder a nossa fragilidade nesses momentos?
 
Na posição dos mesmos entendidos, a vulnerabilidade melhora os relacionamentos amorosos porque nos permite criar um vínculo mais profundo e autêntico. No entanto, nem todos são capazes de atingir esse ponto máximo de intimidade com o outro, de abertura interna para se revelar ao amado como realmente é. Contudo, é essa nudez emocional que permite que nos conheçamos melhor para construir laços felizes e duradouros.
 
Muita gente interpreta esta abertura perante o seu companheiro ou companheira, como uma oportunidade para que o outro o desorganize emocionalmente e o fira, por esse motivo, acaba por não se dar, por não se mostrar tal como é e, na maior parte dos casos, por criar um personagem para lidar com as pessoas, mesmo as mais íntimas. Essa atitude, na posição dos especialistas, afasta os parceiros amorosos e não confere à relação a intimidade necessária para que a mesma se torne saudável, duradoura e agradável.
 
Já dizia Cesare Paves que, uma pessoa só é mada quando mostra as suas fraquezas ao outro e este não se aproveita disso para lhe mostrar a sua força. Nesse sentido, importa ainda acrescentar os benefícios de mostrar a sua vulnerabilidade a quem ama:
 
•Permite que nos sintamos apoiados e compreendidos ao expressar o que precisamos.
 
•Torna-nos humanos, ou seja, permite que nos vejamos da forma como realmente somos, com defeitos e virtudes, com medos e necessidades.
 
•Potencializa a empatia no relacionamento.
 
•Permite-nos descobrir a cada dia que estamos com a pessoa que realmente amamos.
 
•Fortalece a confiança e a capacidade de comunicação.
 
•Permite-nos lidar com mal-entendidos, emoções de valência negativa, desafios e problemas.
 
•Ajuda a fortalecer o amor-próprio. Sabemos que aquilo que sentimos, pensamos e necessitamos é importante, tanto para nós mesmos quanto para o outro.
 
Importa ainda evidenciar que, antes de conseguirmos ser honestos com alguém, temos de fazer o nosso processo de autoconhecimento e de aceitação das nossas próprias fragilidades, pois só assim nos poderemos ir dando ao outro diariamente. Aceite-se tal como é e… permita-se ser frágil e forte ao mesmo tempo, pois quanto mais expressarmos essa nossa verdade interior, melhores pessoas seremos e muito mais capacidades e habilidades desenvolveremos.
 
Fátima Fernandes