Muitas vezes descurado, o Iodo é fundamental para o bom funcionamento do organismo.
A investigadora e líder do projeto 'IoGeneration' alertou há um ano, que “um terço das crianças portuguesas apresentava níveis insuficientes de iodo, podendo assim comprometer o seu desenvolvimento cognitivo”.
Em jeito de balanço, a investigadora recorda que, "um ano depois de o alerta ter sido dado, pouco ou nada se avançou em termos de políticas de saúde".
A investigadora do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (Cintesis), apresentou os resultados de um trabalho levado a cabo entre o final de 2015 e abril de 2016, no âmbito do projeto "IoGeneration" que permitiu analisar mais de 2.000 crianças portuguesas, de 83 escolas do Norte de Portugal. Os resultados preliminares revelaram-se tão preocupantes que a equipa de investigação deu o alerta logo em março de 2016”.
Adianta a mesma responsável que, "ficámos alarmados após analisarmos os dados preliminares, que já indicavam que mais de um terço das crianças teria níveis deficientes de iodo. Sabendo que a falta deste nutriente pode comprometer o coeficiente de inteligência (QI) em 15 pontos, sentimos a obrigação de alertar os decisores políticos e a sociedade o quanto antes",
Conceição Calhau, que atualmente é também professora da Nova Medical School, em Lisboa, sublinha que “os dados mostram que 29% dos rapazes e 34% das raparigas entre os 6 e os 12 anos sofrem de carência de iodo".
Os pais das crianças avaliadas pela equipa de investigação foram também envolvidos no estudo, sendo que 68% confessou não saber o que era o sal iodado. Além disso, as 83 escolas que integraram o estudo não estavam a usar sal iodado, apesar da indicação, publicada em 2013, da Direção-Geral de Educação nesse sentido.
Para que não persistam dúvidas, é fundamental ter em conta que, se pode obter iodo através de alimentos de origem marinha, mas também nos ovos, fígado e leite. Neste trabalho, ficou provado que as crianças que bebem dois ou mais copos de leite por dia se encontram mais protegidas contra o défice de iodo, por comparação às que consomem apenas um copo ou nenhum.
Na posição desta responsável, "existem outras formas de assegurar um aporte saudável de iodo, através da alimentação, mas em termos de saúde pública, a medida mais eficiente seria legislar no sentido de universalizar a iodização do sal".
A necessidade diária de iodo situa-se entre as 90 a 150 microgramas, em função da idade da criança. Este micronutriente serve para manter em equilíbrio os processos metabólicos do crescimento e desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso, desde a 15.ª semana de gestação do bebé.
Para facilitar a tarefa, existe no mercado o sal iodizado que, para além de assumir um papel importante, está em linha com as recomendações já em curso noutros países que vão ao encontro de compensar essa necessidade de consumo diário.
O iodo está igualmente presente em alimentos essenciais ao organismo e que podem ser consumidos na dieta diária.
São de destacar todos os peixes, sem descurar o atum, o salmão, a cavala, o bacalhau, o camarão, a sardinha e todos quantos existem ao nosso dispor.
Os ovos são também uma importante fonte de iodo, bem como as frutas e os legumes.
As ervas aromáticas também dão uma importante ajuda, seja na substituição da quantidade de sal, seja no enriquecimento que fornecem aos pratos para toda a família.
O fígado é amplamente conhecido pelas propriedades nutritivas que reúne, pelo que, não podia estar ausente nesta lista de alimentos ricos em iodo, a par dos lacticínios.
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