No âmbito do programa Conservação da Natureza e da Biodiversidade, promovido pelo Fundo Ambiental, a Associação Almargem viu concretizado o financiamento da sua candidatura que abrange estudos específicos relativos a várias zonas húmidas algarvias, nomeadamente as Alagoas Brancas (Lagoa), Sapais de Pêra e Lagoa dos Salgados (Silves, Albufeira), Trafal e Foz do Almargem (Loulé).
Segundo a Almargem, apesar do curto prazo de execução do projeto, vai ser possível conjugar o trabalho de vários especialistas (da SPEA, Universidade do Algarve, TAGIS, entre outros) que irão produzir relatórios técnicos acerca dos valores existentes em cada uma das áreas. O objetivo é elaborar uma proposta fundamentada que possa ser apresentada às respetivas autarquias, no sentido de desencadear um processo de classificação das zonas húmidas como Áreas Protegidas de Âmbito Local.
Para a Associação Almargem, no caso das Alagoas Brancas, "esta possibilidade torna-se particularmente relevante dada a ausência de iniciativas adequadas por parte do Município de Lagoa e de departamentos governamentais com vista a comprovar a importância conservacionista desta pequena zona húmida, ameaçada por um inadmissível plano de loteamento industrial num espaço sujeito a inundações periódicas".
Em comunicado a Almargem recorda que os Sapais de Pêra e Lagoa dos Salgados encontram-se ameaçados por um plano municipal de urbanização que abrange 148 hectares onde seriam instalados um campo de golfe, hotéis e apartamentos, num total de 4 mil camas. A aprovação do estudo atual vem reconhecer que as áreas em questão possuem grande potencial em termos ambientais e conservacionistas, pelo que a associação estranha que ainda se continue a pretender avançar com o empreendimento da Praia Grande, "totalmente incompatível" com a proteção dos valores patrimoniais existentes, com os compromissos europeus e com o desenvolvimento sustentável da região.
Quanto ao Trafal e Foz do Almargem, pretende-se consolidar ideias que "ao longo de, pelo menos, três décadas, foram sendo apresentadas com vista a proteger este pequeno troço do litoral algarvio, constantemente alvo de intervenções inadequadas, uso indevido do território e especulação imobiliária, esperando-se que, de uma vez por todas, o Município de Loulé possa cumprir o seu indispensável dever de preservação do património natural".