Sociedade

Portimão: Quando uma aula de surf adaptado se torna numa lição de vida (C/Vídeo)

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Na passada quarta-feira, decorreu na Praia da Rocha, uma aula de surf adaptado da Future Eco Surf School aos utentes da ACAPO - Algarve (Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal).

O Algarve Primeiro falou com Ricardo Martins, presidente da instituição, e Ricardo Gonçalves, responsável da escola de surf, que partilharam como foi a experiência, para ambas as partes.
 
A ACAPO sempre procurou proporcionar aos seus associados este tipo de experiências, de acordo com o seu presidente, incluindo esta iniciativa que já estava pensada, mas que não aconteceu o ano passado devido à pandemia. “Nós não quisemos de deixar de promover iniciativas relacionadas com desporto adaptado aos nossos associados e, dentro do que é possível, tentámos minimizar os efeitos desta pandemia e, com a Future ECO Surf School, fizemos a parceria e acabámos por conseguir esta atividade que se revelou um êxito”.
 
Sobre a experiência em si, “a atividade proporcionou a muita gente um contacto direto com o surf, um desporto que à partida se pensa que não é acessível a pessoas com deficiência… É! Tanto para deficientes visuais, como com outro tipo de deficiência”.
 
Para a escola de surf, foi “muito gratificante”, relatou Ricardo Gonçalves. “Foi muito bonito, juntámos um grupo e conseguimos fazer transcender um pouco os seus ‘limites’, que nós às vezes também temos enquanto instrutores, obriga-nos a ser um pouco mais criativos e a encontrar soluções onde aparentemente se vêm obstáculos. No fim, o sorriso e o calor humano que eles nos dão de volta é muito gratificante. Neste contexto de surf adaptado, nunca saímos desiludidos, é sempre uma vitória. É sempre um dia bem passado”.
 
Mais do que uma adaptação para os instrutores, é “uma grande lição de vida”, salientou. “Às vezes queixamo-nos de coisas tão menores e que temos uma vida tão condicionada, e vemos pessoas que conseguem fazer verdadeiros milagres em contextos aparentemente adversos. A própria comunidade ganha ao perceber que as limitações que nós vemos no nosso dia a dia, muitas delas são porque permitimos que sejam. Podemos ter um conjunto de soluções que podem estar à altura, haja vontade civil e até política para que sejam ultrapassadas. Os limites existem quando nós também permitimos que eles existam, não têm de ser totalmente bloqueadores de uma vida saudável e feliz”, acrescentou.
 
Sem medos, os participantes demonstraram vontade em querer aprender, inclusive até superaram as etapas inicialmente pensadas. “Nós tínhamos um primeiro objetivo que era apanhar e ‘cortar’ as ondas, é apanhar antes de rebentar e conduzi-los na onda propriamente dita, para a esquerda ou para a direita. Íamos em conjunto, em boleia, mas eles quiseram passar para o segundo objetivo, tentarem-se pôr em pé. Todos os elementos tiveram essa motivação e iniciativa própria, para eles não foi de todo uma situação de perigo. E até estavam ondas razoáveis. Fiquei muito surpreso”, disse o responsável da escola.
 
Ambos deixaram clara a vontade de estabelecer uma parceria entre as entidades, para tornar regular o surf adaptado para os membros da ACAPO. “Lançámos as bases para aquilo que poderá ser uma parceria futura com a Future Eco Surf School, uma parceria direta com atividades regulares. Não posso adiantar para já a periodicidade dessa iniciativa, porque estamos ainda a perceber até que ponto podemos levar por diante”, disse Ricardo Martins.
 
Veja aqui um resumo da aula de surf adaptado: