Comportamentos

Como detetar a ansiedade nas crianças?

 
Segundo os profissionais de psicologia, a ansiedade define-se, em linhas gerais, por «um estado de tensão interna, inquietação e perturbação do humor». Também implica angústia e sensação de perda de controle.

Tal como os adultos e os idosos, também as crianças sofrem de ansiedade e requerem uma atenção especial nesse sentido, por isso e, recorrendo a uma publicação da revista A Mente é Maravilhosa, apresentamos os principais sintomas de ansiedade para que os pais e cuidadores possam reagir e ajudar quem por algum motivo, está a atravessar um momento de maior instabilidade.
 
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, quando as crianças não superam os medos e preocupações típicos da sua idade, podemos deparar-nos com um transtorno de ansiedade. Isso também ocorre quando esses medos e preocupações interferem nas suas atividades diárias ou bem-estar.
 
No entanto, os especialistas da mesma revista alertam que, «ter um transtorno de ansiedade não é o mesmo que ter sintomas de ansiedade ou ansiedade em geral». No primeiro caso, falamos de um conjunto de sintomas pré-determinados, que seguem um padrão e causam um desconforto significativo. Além disso, os transtornos têm critérios de duração e requerem uma intervenção específica.
 
Já no que se refere à ansiedade, os mesmos entendidos explicam que se trata de um termo mais genérico «que pode ter a sua origem numa causa específica, em circunstâncias específicas ou em elementos normativos característicos de uma determinada fase da vida (no caso das crianças, um exemplo pode ser o início da vida escolar)». Ter um transtorno de ansiedade geralmente é mais sério do que sofrer de ansiedade em geral, completam os mesmos entendidos.
 
Relativamente aos sintomas de ansiedade nas crianças, é preciso estar atento ao facto de, os mesmos serem muito semelhantes aos dos adultos; o que pode variar é a forma como os mais novos os vivenciam, bem como as suas manifestações.
 
Por exemplo, a ansiedade pode traduzir-se em choro descontrolado porque as crianças não sabem como lidar com isso, pode causar retrocessos no desenvolvimento, diminuição do rendimento escolar, “novos” medos e assim por diante.
 
Na posição dos entendidos na área da psicologia, a ansiedade nas crianças manifesta-se através dos seguintes sintomas:
 
a) Dificuldade em respirar
 
A criança pode exibir dificuldades em respirar, não conseguindo fazê-lo de forma lenta e pausada.
 
b) Dor de estômago
 
O estômago é o recetor de um número significativo de terminações nervosas pelo que, se sofrermos de nervosismo, este órgão pode ressentir-se.
 
c) Dificuldades de concentração
 
d) Excesso de preocupação
 
Esta preocupação surge, principalmente, em crianças que são muito exigentes consigo mesmas, muito perfecionistas.
 
e) Alterações na autoestima
 
Devido à ansiedade, ou melhor, à sua má gestão, também podem surgir alterações na autoestima. Por exemplo, uma criança que sofre de ataques de pânico e não entende a razão, pode sentir-se diferente, por não conseguir entender o que se está a passar consigo. A comparação com os outros e a sensação de que é distinta dos demais, também implica na forma como olha para si mesma.
 
f) Tensão muscular
 
Os músculos contraem-se e ficam tensos.
 
g) Tonturas
 
Por não conseguir respirar corretamente, o cérebro da criança sofre um déficit de oxigénio, o que lhe provoca tonturas.
 
h) Sensibilidade ou irritabilidade
 
O aumento da sensibilidade (que pode levar à irritabilidade) também pode ser outro sintoma de ansiedade comum em crianças. Os mais novos podem ficar com raiva ou chorar por qualquer coisa, sem o controle das suas emoções.
 
No que se refere às causas, da ansiedade nas crianças, os entendidos na matéria destacam os seguintes pontos:
 
Início da escolarização.
 
Bullying.
 
Tipo de personalidade ou temperamento.
 
Situações de violência em casa.
 
Sofrer abusos.
 
Divórcio dos pais.
 
Perdas significativas (por exemplo, a morte de um animal de estimação, um ente querido, entre outros)
 
Mudança de cidade ou de escola.
 
Perante esta realidade a que os pais devem estar atentos, é fundamental que, os adultos que rodeiam a criança permitam que a mesma se expresse livremente, que diga o que está a pensar e a sentir e que, em conjunto, peçam ajuda a um psicólogo. Nas sessões, este profissional habilitado para o efeito, fornecerá técnicas que vão ajudar os mais novos a melhor lidarem com as situações e consequentemente, a aprenderem a gerir a ansiedade. Em casos mais leves, também os pais podem ajudar permitindo a tal liberdade de expressão e oferecendo muito amor e compreensão.
 
Fátima Fernandes