Família

Como reagir quando o seu filho é agredido na escola

 
Muito mais comum do que se pensa, as agressões estão a fazer parte das relações entre as crianças, seja na escola, no parque infantil ou nas atividades em que os mais novos participam.

Certamente que muitos pais não sabem o que fazer perante tantos relatos dos filhos, mas desde já, é preciso ter em conta que não se deve incentivar, de forma alguma, a agressão.
 
Na posição dos especialistas, as crianças desenvolvem a agressividade porque crescem num ambiente agressivo. «É dentro de casa que se aprende a agressão seja entre os pais, seja com os irmãos, por isso, é preciso que esse comportamento também seja alterado naquelas que são as figuras de autoridade e referência dos filhos».
 
Para muitos pais é fácil dizer aos mais novos, “bate-lhe também”, “se te chamou nomes, chama-lhe igualmente, defende-te”, mas será essa a melhor forma de ensinar a travar a agressividade?
 
Na realidade, devemos incentivar os nossos filhos a desenvolver o poder da palavra para se poderem defender dessas agressões, já que comportamento gera comportamento e, aos poucos é possível que as relações melhorem.
 
Assim, os adultos devem ouvir os relatos dos filhos e fazê-los pensar acerca das situações para que as possam resolver sem recurso à violência. Os progenitores devem orientar os filhos para o diálogo, para o encontro de soluções e, quando não conseguem dar resposta, pedir ajuda a um adulto.
 
De acordo com os especialistas da revista Sou Mamãe, os pais devem seguir estes conselhos para não criarem um filho violento:
 
• Devem ensinar com o exemplo; pois as crianças agem conforme o que veem em casa. Deve-se evitar castigar fisicamente, já que isso vai desencadear comportamentos agressivos com os demais, uma vez que, as crianças passam a encarar a agressão como um recurso de sobrevivência.
 
• Mostre ao seu filho o quanto a agressão magoa o outro. Diga-lhe frontalmente que certamente também não gostaria que os outros lhe batessem e mostre-se aborrecido quando tal acontece.
 
• Quando as outras crianças batem no seu filho para tentar obter algo que lhe pertence, como por exemplo, um brinquedo, uma bola, ou outro, não ceda. Seja firme e mostre-lhes que não é na base da violência que vão conseguir obter esse objeto. Ensine-as a pedir emprestado e a pedir desculpa pelo sucedido. Este exemplo também é muito importante para o seu filho que saberá lidar da mesma forma com os outros.
 
• Nunca aconselhe a criança a reagir com violência. Não permita a lei do mais forte.
 
• Após o momento de violência, obrigue a que ambas as crianças se separem, que deem um tempo e que fiquem somente a pensar sobre o que aconteceu. Na posição dos entendidos, esta técnica ajuda a minimizar os comportamentos negativos, na medida em que as crianças param para refletir sobre os seus atos e percebem que a consequência é terem de parar a brincadeira.
 
• Ensine o seu filho a pedir desculpa quando agride um colega de forma acidental ou intencional.
 
O leitor ensina o seu filho a não ser violento, no entanto, as outras crianças são agressivas e batem-lhe, como reagir?
 
• Antes de  ficar muito irritado com o sucedido, ouça atentamente os relatos do seu filho, já que isso o poderá ajudar a reagir mais tarde. Tente perceber quem agride, se são sempre os mesmos colegas, em que locais é que as discussões costumam acontecer e quem dá o primeiro passo para esse cenário de violência. Verifique se é uma situação pessoal entre um grupo de crianças ou se se trata de um ambiente de bullying no qual o agressor e o seu público intimidam a mesma vítima.
 
• Não procure culpados nem faça um interrogatório. Tente saber o contexto e o ambiente do seu filho para entender a razão pela qual as outras crianças discutem com ele.
 
• Estabeleça limites com a sua presença. Ajude o seu filho a comunicar para que seja ele a mediar e a resolver o conflito. Mas atue com imparcialidade, procurando soluções justas e dando a razão a quem a tiver. Evite humilhar ou culpabilizar o outro.
 
• Ensine o seu filho a expressar-se da melhor maneira possível para que, não só possa contar o que aconteceu com verdade e firmeza, como ao mesmo tempo, aprender a ser assertivo. Ajude-o a identificar o problema e a compreender o que deve fazer em cada situação. É também importante que aprenda a distinguir o certo do errado para que seja mais justo.
 
• Converse com o seu filho e procurem encontrar uma solução para o problema. Motive-o para ser ele a pensar nas alternativas e, para tal, ajude-o a pensar: “como achas que podes mudar a situação?”, “ o que podes fazer para acabar com essa troca de nomes e palavrões?”, “em tua opinião, o que podes fazer para melhorar a tua relação com os teus colegas?”, “em que te posso ajudar, queres que fale com eles ou tu fazes isso?”. Com esta postura, os pais vão certamente surpreender-se com a capacidade dos filhos para se protegerem e usar as melhores soluções.
 
• Sem recurso à violência, os pais também devem apresentar algumas ideias para ajudar a resolver o problema. Por exemplo, brincar com outros colegas até que a situação melhore, dizer ao colega o que o está a incomodar, mostrar-lhe que os seus atos não estão corretos, pedir ajuda a um adulto quando as agressões sobem de tom, entre outras alternativas, mas sempre com recurso á comunicação verbal.
 
• Perante uma luta, separe as crianças imediatamente. Acabe com essa situação com firmeza e determinação, mas sem agressividade. Evite gritos e humilhações.
 
• Confie no seu filho. É importante para a criança que sinta que os pais confiam nele e que estão ali não só para o ouvir, como para o ajudar em caso de necessidade. Diga-lhe que ele saberá resolver o problema e que confia nas suas qualidades e habilidades para conversar com os demais, já que essa confiança vai torná-lo mais forte.
 
Por fim, é importante que os pais expressem o seu apoio aos filhos, mas que saibam qual é o melhor momento para intervir, pois é essencial que os filhos aprendam a proteger-se sozinhos e a pedir ajuda quando isso está acima das suas capacidades. Com amor, carinho, diálogo e muita compreensão, será muito mais próxima e saudável a relação entre pais e filhos e, consequentemente a capacidade de resolver este e outros problemas.
 
Fátima Fernandes