Curiosidades

Como saber se uma pessoa volta a ser infiel?

 
Esta é uma das principais questões que muitos parceiros se colocam após ter vivido uma situação de traição no namoro ou no casamento.

Em muitos casos existe amor, mas paira a dúvida que dificulta a tarefa de perdoar com medo que a infidelidade se volte a repetir.
 
Na posição dos especialistas em terapia de casal, não é de todo fácil aferir se uma pessoa volta a trair o seu parceiro ou parceira, no entanto, há pontos que ajudam a desvendar esse mistério, entre outros, compreender as causas que deram lugar à infidelidade e tentar perceber como ficou a pessoa que traiu no meio de todo esse processo.
 
Tem vindo a ser amplamente defendido pelo senso comum que, «uma pessoa que trai uma vez, trai sempre», o que leva a que muitas pessoas não acreditem numa mudança no outro e que partam imediatamente para a separação, no entanto, os especialistas afirmam que pode não ser sempre assim, «pois tudo depende dos motivos que levaram o parceiro a trair naquele determinado contexto».
 
Desde logo, é importante saber que, entre as causas mais comuns que levam à infidelidade estão:
 
• Pouco compromisso com o relacionamento. Isso pode traduzir-se em falta de amor, ou pouco interesse em continuar com essa relação.
 
• Transtorno de apego. São personalidades que têm expectativas muito altas em relação ao que devem receber  do parceiro, pelo que, nada lhes é suficiente.
 
• Diminuição da atração sexual. Pode acontecer que uma pessoa já não se sinta atraída pelo seu parceiro e comece a procurar alguém.
 
• Diferenças nas prioridades dos casais. A falta de concordância no tempo dedicado ao relacionamento e a frequência sexual, são motivo de muitas infidelidades.
 
• Perda do diálogo. Quando se perde o hábito de conversar, a conexão entre o casal começa a deteriorar-se, o que fará com que se sintam dois estranhos.
 
• Egocentrismo extremo. Pessoas com alto egocentrismo que precisam de se sentir sempre admiradas e desejadas pelos outros, têm uma alta propensão a serem infiéis.
 
É um facto que, muitas pessoas deixam de se sentir atraídas pelo seu companheiro, que sentem que o amor terminou e, mesmo assim, não dão o primeiro passo para terminar a relação, nem tentam conversar com o outro para chegarem a um grau de entendimento. Com este tipo de personalidade, torna-se muito difícil a tarefa de aceitar uma traição, pois seguramente que a mesma se irá repetir mais cedo ou mais tarde. No entanto, há casos em que a infidelidade surgiu e pode não se repetir, apesar de nada ser definitivo na essência humana. Segundo os entendidos nesta matéria, conhecendo as causas que levaram à traição, conversando com a pessoa em causa, torna-se mais fácil a tarefa de decidir dar ou não uma segunda oportunidade, para isso é importante:
 
- Perceber que, a infidelidade tem uma relação muito próxima da mentira, pelo que, ao comprovarmos que o outro está a mentir e a omitir os factos quando deveria ser honesto e sincero, nem vale a pena prosseguir o assunto nem a relação.
 
- Depois, é também preciso analisar o grau de culpa que sentem por terem praticado a traição. Aqui podem acontecer duas situações: uma em que a pessoa se sente tão mal pelo que fez que não quer voltar a repetir o ato e outro caso em que, a pessoa se sente mal, mas dentro de si sente que, quanto mais traições cometer, menos culpa irá sentir. Naturalmente que a parte afetada terá de ser perspicaz ao ponto de perceber em que lugar se coloca a pessoa que o/a traiu.
 
- Há pessoas para quem a infidelidade é normal, pelo que não há qualquer tipo de sentimento de culpa ou remorso e ainda menos consideração pela dor da pessoa traída. Neste caso, também não vale a pena pensar em segundas ou terceiras oportunidades, uma vez que, a educação e os valores da pessoa a tornam naturalmente infiel.
 
- Quando a pessoa é capaz de assumir a sua responsabilidade, estará a dar um sinal de que, provavelmente teve os seus motivos para trair, não gostou do cenário que viveu e não quer repetir o ato. Ser capaz de reconhecer a sua responsabilidade, estende-se também à maior capacidade de viver o relacionamento com mais maturidade, o que naturalmente o afastará de traições. Neste caso, pode ser ponderada uma segunda oportunidade se ambos estiverem de acordo e se conseguirem ultrapassar a dor.
 
- Quando a pessoa se foca nas falhas do parceiro e justifica assim a sua infidelidade, não vale a pena confiar porque, mais cedo ou mais tarde, a traição irá repetir-se.
 
- Quando a pessoa tem a capacidade de se colocar no lugar do outro e reconhecer que lhe causou muito sofrimento com a traição, estará a dar pistas para ser mais responsável e conscienciosa, o que pode indicar que merece uma segunda oportunidade, sobretudo se assumir que provocou um “duro golpe” na relação, que fez sofrer e que está arrependida. Em muitos casos, estas pessoas renovam o valor da lealdade, afirmam uma nova postura, passam a valorizar a pessoa que têm ao seu lado e tornam-se bons parceiros sem traições no horizonte. Aqui é fundamental que ambos acreditem nessa mudança e que se respeitem mutuamente.
 
- Disponibilidade para responder às perguntas do outro é um sinal de abertura que demonstra vontade de ultrapassar o episódio negativo, querer esclarecer tudo o mais possível e, acima de tudo, compreender e aceitar que é normal que o parceiro traído e ferido queira saber mais sobre o sucedido.
 
- Quando se consegue abrir o coração para um diálogo profundo, é um sinal de que ambos estão no bom caminho para iniciarem uma nova etapa de vida, com capacidade para ultrapassar o passado infiel e tentar novamente. Neste espaço de diálogo, em muitos casos, descobrem-se qualidades de ambos, encontram-se ainda mais pontos em comum e desvendam-se valores e sentimentos genuínos que dão lugar a laços fortes no casamento. Nessas condições, também é de considerar uma segunda oportunidade e arriscar viver o mais possível essa relação que se prepara para ganhar novos contornos. Também é importante que ambos assumam que, quando algo estiver menos bem que falam com o outro para evitar tentações de voltar a trair.
 
Para finalizar, os terapeutas de casal afirmam que, não há fórmulas mágicas para recuperar relacionamentos e para assegurar que uma traição não se repete, no entanto, a vida é um risco e quando a pessoa passa por uma série de provas e nos faz acreditar, vale a pena avançar.
 
As pessoas surpreendem-nos, tal como nós conseguimos evoluir e conhecer-nos cada vez mais e melhor, por isso, também é importante confiar na sua intuição e no que sente, mas lembre-se de que, muito mais do que ser emocional, o amor também tem de ser racional. É importante pensar muito bem no que se quer para que os resultados sejam mais positivos e duradouros. Em muitos casos, o parceiro dá a segunda oportunidade, mas é ele que não é capaz de viver com a memória da traição e, a relação termina na mesma. Também há situações em que é o outro que, por vingança, acaba por trair… pelo que é fundamental agir de forma madura, consciente e responsável para que ambos se respeitem, amem e prossigam a relação o melhor possível.
 
Fátima Fernandes