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Marcas que os pais manipuladores deixam nos filhos

Marcas que os pais manipuladores deixam nos filhos
Marcas que os pais manipuladores deixam nos filhos  
Foto Freepik
É tão intensa e negativa a influência dos pais manipuladores que, adultos com 40 ou 50 anos ainda a guardam.

Os filhos recebem tudo o que os pais lhes fazem, seja de positivo ou de negativo e, se não existem nem pais nem filhos perfeitos, também é verdade que provoca muito sofrimento e danos na saúde mental termos convivido com progenitores possessivos, autoritários, que não deixam pensar, agir e sentir.
 
Na posição dos especialistas na área do comportamento humano, mesmo passadas décadas após a convivência tóxica, é recorrente que, esses adultos manifestem grandes problemas de saúde mental provocados pela limitação da liberdade de ação. Ansiedade, transtornos de humor, depressão, comportamentos desviantes, baixa autoestima e um sentimento permanente de raiva que se expressa com muita agressividade, são alguns exemplos dessa relação negativa.
 
Ao longo dos anos, não se tem dado muito relevo a estas consequências porque acreditou-se que, com o passar do tempo, os adultos acabariam por esquecer-se do que presenciaram e sentiram na tenra idade, mas hoje sabe-se que isso não é assim e que, essas marcas permanecem se não forem devidamente tratadas.
 
A ciência também afirma que, não só os filhos não se esquecem desses maus-tratos, como vão sentir muitas dificuldades em relacionar-se com estes pais e com figuras que lhes apresentem o mesmo modelo comportamental ou que, por outro lado, acabam por aceitar tudo o que lhes é imposto e não conseguem reagir. Como alternativa, é essencial pedir ajuda psicológica e, em muitos casos, psiquiátrica, para poder minimizar a dor e o impacto negativo que estas marcas deixam nos filhos.
 
É comum que estes adultos sintam muitas limitações na tomada de decisão, nas escolhas, nos planos pessoais e profissionais e que inclusive, demonstrem pouca capacidade para construir uma vida afetiva com alguém, sem esquecer que, as relações de amizade também não são facilitadas.
 
A parentalidade deve basear-se no afeto, na proteção e na capacidade de dar ao mundo pessoas independentes, felizes e maduras. Os pais manipuladores não educam para a felicidade, mas com base na coerção e na repressão que, segundo a revista Frontiers in Psychology, «um dos grandes exemplos de pais manipuladores são os helicópteros que controlam tudo, que se dizem carregados de boas intenções, mas que, exigem muito mais e cobram como ninguém tudo o que os mais novos fazem». Aparentemente, estes pais querem o melhor para os filhos e dizem protegê-los, mas acabam por limitar-lhes a ação, os sentimentos e a própria liberdade com tanta posse, exigência, cobrança e supervisão.
 
A Liverpool John Moores University, destaca que, é comum encontrarmos atitudes de manipulação em pais narcisistas e que, as consequências dessas dinâmicas familiares afetam significativamente a idade adulta, acabando por prejudicar todas e quaisquer relações que as pessoas estabeleçam reduzindo-lhes a saúde mental e a qualidade de vida em vários âmbitos.
 

Veja se foi criado por pais manipuladores:

1. Sente dificuldade em tomar decisões, não sabe muito bem o que quer e nunca se sente seguro com as suas escolhas porque os seus pais o habituaram a fazê-lo por si e criticavam-no, mostrando que estava sempre errado até nas opiniões mais simples. Não se dá com facilidade e tem medo de arriscar porque se sente sempre inseguro, receoso e instável.
 
2. Compara-se demasiado com as outras pessoas porque os seus pais o faziam com regularidade mostrando preferir sempre os comportamentos, escolhas e vida dos demais.
 
3. Não se sente digno de ser amado, na medida em que, os pais manipuladores imprimem a ideia de que nunca somos suficientes para os outros, que não temos o direito de ser amados porque não merecemos, que não podemos ser felizes e que só os pais conseguem ser as melhores pessoas do mundo, mesmo sem conseguirem amar-nos porque, nem deles merecemos essa atenção e carinho.
 
4. Constante necessidade de aprovação, uma vez que, ao longo das várias etapas em que conviveu com os seus pais manipuladores acabou por sentir que não tem valor, que não é importante e que até é desprezível. Assim, mesmo enquanto adultas, estas pessoas necessitam muito de perguntar se estão bem, se fizeram algo da melhor forma e, erram e arriscam pouco para não serem criticadas.
 
5. Sente necessidade de controlar os outros para que possa estar minimamente tranquilo porque passou pelo mesmo e acredita que, ao saber tudo dos demais, estará a evitar ser enganado ou traído, o que acaba por esgotar os outros e por sufocá-lo de tal forma que sofre muito e não consegue viver uma relação saudável.
 
6. Não consegue expressar o que sente porque, ao longo do seu percurso, os seus sentimentos foram desprezados e desvalorizados. Ao assumir uma emoção, teme ser criticado e ridicularizado pelos demais, o que leva a que se isole e feche demasiado nos seus pensamentos.
 
7. É uma pessoa muito inconstante porque nunca se sente seguro, não sabe o que quer, em quem confiar e acaba por estar “nas nuvens e debaixo do chão” em pouco tempo. Uns dias sente uma força e coragem para prosseguir, noutros desiste e entra em depressão, apatia e sem capacidade de luta.
 
A ciência afirma que é possível tratar estas marcas, mas «é um processo que demora algum tempo e que requer o apoio de um profissional empenhado e capacitado para o seu caso em concreto».
 
Uma publicação na revista Personality and Individual Differences comenta que, de alguma forma, todos nós usamos técnicas manipulativas. No entanto, há quem as pratique de forma nociva e com táticas muito sofisticadas, pelo que, há casos em que é possível manter a relação com os progenitores mesmo depois da idade adulta e de se tomar consciência do que se passou, mas também há muitas situações em que o distanciamento parece ser a única possibilidade.
 
Eis algumas dicas que o podem ajudar a curar as marcas dessa negatividade:
- Melhorar a assertividade.
- Trabalhar a autoestima.
- Treinar a inteligência emocional.
- Praticar a autocompaixão e o autocuidado.
- Criar um círculo social com pessoas da sua confiança, desabafar com a pessoa amada e estabelecer relações e rotinas saudáveis;
- Desenvolver estratégias que melhorem a autoconfiança.
- Aprender técnicas para resolver problemas e tomar decisões.
- Estabelecer limites saudáveis com os seus pais. Decida se deseja continuar a vê-los e em que circunstâncias.
- Praticar a terapia de aceitação e compromisso ou terapia EMDR que lhe permitirá abordar possíveis traumas.
- Dar espaço às suas emoções e aceitá-las. A raiva, tristeza, vergonha e angústia que sente por causa do que viveu são aceitáveis.
 
Agora que tomou consciência de si mesmo e daquilo que o pode impedir de ser feliz, arrisque pedir apoio.