Sociedade

Olhanenses manifestaram-se contra encerramento de passagem pedonal

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teve lugar este sábado em Olhão, uma manifestação em prol da abertura da passagem pedonal encerrada pela Refer.

 
A manifestação foi organizada pela autarquia de Olhão e pela junta de freguesia que, ao lado da população, se uniram em protesto contra o encerramento de uma passagem pedonal situada na zona central da cidade.
 
Convicto de que, este encerramento está a prejudicar a passagem de peões e, sobretudo pessoas com mobilidade reduzida, o Presidente da Câmara Municipal de Olhão, António Pina, disse ao Algarve Primeiro, «pelo menos há quatro anos que a Refer tem manifestado interesse em encerrar este acesso, justificando que a passagem desnivelada é uma alternativa para evitar a travessia ao nível da linha. A autarquia não concordou com esta posição e, ainda durante as negociações, a Refer optou por criar este muro, que não sendo o da vergonha, é uma ofensa para a população olhanense».
 
Nas mesmas declarações, o edil de Olhão, salientou, «estamos ao lado da população, sobretudo quando a razão está do nosso lado. Toda a gente sabe que, a passagem desnivelada não é uma alternativa devido à inclinação e ao problema desta infraestrutura encher no Inverno em dias de maiores chuvas. É por isso que nós nunca aceitamos a proposta da Refer. Não precisa inventar mais nada. Basta criar uma solução com sinais luminosos e uma cancela que impeça a passagem das pessoas aquando se avista o comboio, à semelhança do que existe nas restantes passagens de nível».
 
Recordando que este problema se coloca não só noutras passagens de nível em Olhão, como também em várias localidades do Algarve, António Pina diz não poder concordar com «esta forma vergonhosa de silenciar as pessoas e de esquecer as dificuldades dos idosos, de pessoas com mobilidade reduzida e dos que precisem de fazer esta travessia imensa com carrinhos de bebé. Os responsáveis pela Refer não conhecem esta realidade, muitos menos o que é para a população, aceitar a alternativa proposta. Eu já chamei por diversas vezes a atenção dos responsáveis e, continuarei a fazê-lo com o apoio do Presidente da Junta e os populares. Não é possível proceder a este encerramento sem vir ao local fazer uma avaliação do que se passa e, tentar colocar-se ao lado dos utilizadores. Não é nos gabinetes que se resolve a vida das pessoas, é no terreno, é apurando as suas dificuldades para depois pensar em soluções conjuntas».
 
Recorde-se que, a Refer procedeu ao encerramento da passagem pedonal, sem aviso prévio e com a colocação de uma rede. Horas antes da manifestação, a rede foi cortada e, a passagem «reaberta», agora com menos condições, já que foram retirados os acessos em cimento que facilitavam o atravessamento da linha.
 
Perante este corte da rede, António Pina adiantou, «não fiquei surpreendido quando cá cheguei de manhã e me deparei com esta situação e, estou certo de que, todas as vezes que esta passagem seja impedida, que será essa a reação da população, pois só quem vive em Olhão e precisa de se deslocar a pé, é que sabe a dificuldade que é ter de procurar outros acessos que não este. A cidade ficou dividida ao meio com uma posição que não se entende por parte dos responsáveis da Refer e, o mais grave, é que nos batemos com este problema há pelo menos quatro anos e, a melhor solução encontrada por quem manda e, está longe desta realidade, foi mesmo a colocação deste muro de separação».
 
O presidente da junta de freguesia, Luciano de Jesus, acrescentou ao Algarve Primeiro, «estou ao lado da autarquia e da população para lutar até onde for necessário pela reposição desta passagem».
 
Ambos os autarcas, deixaram bem claro que a solução passa «por nos sentarmos à mesa e discutirmos o problema de forma realista, sabendo que, a alternativa é mesmo manter a passagem pela linha, com a devida segurança e de forma moderna, onde seja totalmente impedido o acesso de pessoas aquando da passagem do comboio e, isso é possível estudando alternativas tecnologicamente avançadas e não muito dispendiosas».
 
Também no local da manifestação, junto à Biblioteca Municipal de Olhão, António Pina, antigo director regional de educação, disse ao Algarve Primeiro que, esta opção da Refer «é inadequada e baseada no poder burro e prepotente». O antigo director regional da educação revelou que «nasci e vivo em Olhão há 69 anos e, não me admiro com esta revolta popular, pois já é tradição nesta cidade que o povo faça valer os seus direitos; está na massa do sangue desde o início da história destas gentes. Se acredito que a revolta se vai manter, estou certo disso. Sei que a população só se vai acalmar quando vir que é encontrada uma solução aceitável».
 
Na sua breve declaração, o antigo responsável pela educação no Algarve clarificou, «estou à vontade para dizer que, a Refer tomou esta posição à revelia das negociações que estavam a decorrer, colocando este muro de separação que divide a cidade ao meio sem qualquer fundamento. Não digo que a passagem desnivelada não possa constituir uma alternativa se for colocado um tapete rolante, por exemplo, pois dessa forma pode-se garantir que todas as pessoas têm acessibilidade garantida. No entanto, existem soluções muito mais modernas e fáceis de concretizar como sendo a implementação de sinalização adequada, como existe noutros locais».
 
Sublinhando que, «não é desta forma que se resolvem as situações; não é colocando grades e arame farpado que se ultrapassa um problema com esta particularidade», o antigo director regional de educação defende que, «a linha do Algarve deve ser eletrificada, isso ninguém contesta, a segurança das pessoas tem de ser salvaguardada, ninguém contesta, mas que não é desta forma que se resolve a situação, isso também é incontestável».
 
Na manifestação que começou por volta das 10h00, estiveram presentes algumas centenas de populares, bem como os responsáveis pela autarquia e pela junta de freguesia de Olhão.