Família

Vai viver com outra pessoa? Responda a estas três perguntas

 
Contrariamente ao que se defendia no passado que “se juntam os trapinhos” e temos uma relação “até que a morte nos separe”, sabe-se hoje que é fundamental que a decisão de morar com outra pessoa é um passo sério que pode ser bem ou mal sucedido, tudo depende do planeamento que se faz dessa realidade e dos sentimentos que ambos nutrem um pelo outro.

 
Para os terapeutas de casal, ir morar com outra pessoa é o passo seguinte da relação e, em muitos casos decisivo para o bem-estar de ambos, no entanto, para que a relação perdure e corresponda ao desejado, os parceiros devem encarar esse momento como algo sério, como uma decisão que não sendo definitiva, pois a qualquer momento se pode voltar a atrás, requer uma tomada de consciência e uma atitude responsável, já que implica muitos dissabores quando a relação não corre bem e pode ser muito interessante quando esse planeamento é feito com algum detalhe.
 
Assim, na posição dos mesmos especialistas, é importante que os membros da parceria amorosa saibam responder a estas três questões antes de darem o primeiro passo para irem viver um com o outro:
 
1. Qual é a tua posição em relação à fidelidade? Esta é a primeira pergunta que ambos devem fazer um ao outro, pois apesar de se sentir quando o outro defende esse valor imperioso para o decurso de uma relação, faz todo o sentido falar claramente sobre o assunto. Se ambos forem capazes de assumir que defendem que, apesar dos problemas que vão ter de enfrentar em conjunto, descartam a hipótese de procurar uma relação extraconjugal para os resolver, a base está formada, pois se pensarem numa nova relação, ambos serão capazes de abordar o assunto com a pessoa e só o farão em caso limite, quando se percebe que aquele relacionamento não os preenche e não terá futuro.
 
Refira-se que, esta questão surge logo em primeiro lugar precisamente porque é o assunto menos abordado entre os parceiros e o que normalmente causa mais deceções e dissabores. Ter uma posição clara acerca deste ponto é um passo em frente para a confiança, para a liberdade e para o bem-estar de ambos, por isso, conversem abertamente sobre o tema e, se tiverem posições divergentes, talvez não seja uma boa ideia avançar com a relação.
 
2. Há convergência nos planos futuros?
 
Se decidiram morar juntos, é porque partilham pelo menos esse projeto em comum – e tudo o que isso implica. Quando um dos elementos do casal tem planos para fazer mudanças significativas na vida, talvez traçar um plano partilhado por ambos antes de iniciar uma convivência diária seja interessante.
 
O que cada um espera e deseja alcançar com a relação, deve coincidir em grande parte, pois caso contrário, é possível que o próprio desenvolvimento dos projetos de vida individuais acabe por criar um distanciamento entre os dois. Se um quiser comprar um apartamento, enquanto que o outro sonha em dar a volta ao mundo, o mais provável é que o relacionamento acabe, uma vez que a incompatibilidade vai soar mais alto no seio da relação. O mesmo se passa com os filhos, com o assumir de determinadas responsabilidades e daí por diante.
 
Antes de iniciar uma vida a dois, é fundamental que estes pontos sejam abordados e que ambos concordem com eles, pois caso contrário, vão sempre a tempo de encetar uma nova relação com pessoas mais compatíveis.
 
Lembrem-se de que, uma relação não é um sacrifício, uma imposição ou uma obrigação, mas sim um passo adiante que se dá ao namoro e ao amor que existe entre ambos. Com pessoas compatíveis e projetos de vida semelhantes, uma relação amorosa é um prazer que sobrevive às dificuldades, sem esse alicerce, facilmente o amor termina e é colocado um ponto final nesse projeto de vida a dois. Um conselho dos especialistas é que não se deve casar ou juntar à espera que o outro mude porque dificilmente isso vai acontecer e, ainda menos como se pretende. O ideal é definir o essencial antes, naqueles momentos a dois em que a conversa deve fluir com naturalidade e sinceridade.
 
3. Sentem-se livres para tomar essa decisão?
 
A decisão de morar com alguém deve ser totalmente livre. Às vezes há pressões nesse sentido, pelo que, esta decisão não recebe a importância que merece e,  com o tempo, essas pressões são um preço elevado a pagar. Muitas pessoas casam-se por exemplo pela idade, pela pressão de familiares e amigos, porque as amigas ou amigos casaram-se, porque se acha que está na altura certa, mas em muitos casos não se pára para refletir se estamos preparados para dar esse passo em consciência. Não é por acaso que há tantos divórcios, é porque existe muita falta de planeamento da vida a dois e também porque as pessoas não se conhecem o suficiente e ainda porque não se sentem livres para tomar essa decisão.
 
Na posição dos terapeutas de casal, é fundamental que o sujeito olhe para dentro de si e que se sinta liberto o suficiente para arriscar ir viver com outra pessoa. Quando ambos estão de acordo, tudo flui muito melhor.
 
Respondidas as questões de base, é tempo de arriscar com uma confiança muito maior. Aproveite a abertura para falar nestes assuntos para definir com a outra pessoa uma boa base de diálogo para o vosso relacionamento já que, essa é outra chave importante para ter uma relação estável, rica e interessante no tempo!
 
Fátima Fernandes